O
presidente da República decidiu exonerar do cargo de secretário de Economia e
Finanças do Comando do Exército o general que tem sido crítico a algumas de
suas medidas, como no último caso, em que o militar teria afirmado que o
peemedebista governava com um “balcão de
negócios”, naturalmente em alusão à compra de parlamentares para votar
contra as denúncias formuladas pela Procuradoria Geral da República.
O
general disse que suas declarações são mal interpretadas, tendo negado ter
insinuado, por ocasião de palestra que deu no grupo Terrorismo Nunca Mais, em
Brasília, que o presidente do país teria praticado crimes.
Na
realidade, o general apenas afirmou que o presidente do país governava com um “balcão de negócios”.
Na
ocasião, ele elogiou a pré-candidatura presidencial do deputado fluminense do PSC
e voltou a sugerir possibilidades de as Forças Armadas intervirem no governo.
O
oficial disse que a sua exoneração “É uma
movimentação normal dentro do Exército. Meu comandante não me falou nada (sobre
a palestra). Eu não fiz comentário a
respeito do presidente. Eu apenas retratei cenários que estão sendo colocados
hoje. Não chamei o presidente de corrupto, de ladrão nem de incompetente”.
O
general entende que suas colocações estão sendo interpretadas de maneira
exagerada, porque “Cada um interpreta da
forma que melhor lhe provém. Há muito tempo, qualquer coisa que eu falo é
colocada como se fosse algo que vá derrubar o castelo de cartas no país”.
O
militar explicou que, quando citou o “balcão
de negócios para chegar ao fim do mandato”, tinha se referido à negociação
política no Congresso Nacional, mas não às duas denúncias criminais contra o
peemedebista no caso JBS, que os deputados barraram depois da liberação de
emendas parlamentares e cargos.
Segundo
o general, o balcão de negócios é citado na imprensa diariamente e explica: “É uma negociação política. Isso é o balcão
de negócios. Eu falei que ele tem tentando aprovar em termos de emenda, de
novas legislações, que ele tem que negociar dentro do Congresso. E obviamente
que essas negociações às vezes são feitas de forma, digamos assim, mais
explícita, e outras buscando administrar o que ele tem condições de administrar.”.
Essas
negociatas promovidas entre o Palácio do Planalto e os congressistas, em
escrachado "balcão de negócios", não deveriam constrangedor
absolutamente ninguém, muito menos o presidente do país, porque os fatos foram
explorados intensamente pela imprensa, dando os detalhes sobre a liberação de
emendas parlamentares nunca antes acontecido, com tamanha volúpia, a ponto de
chegar a zerar o valor total prevista em termos orçamentários, antes mesmo do
término da execução anual do Orçamento da União.
Os
fatos mostram também que o governo se houve bastante generoso na nomeação nas
Esplanada dos Ministérios e nas empresas estatais, no sentido de atender aos
pedidos de nomeações justamente dos parlamentares que estivessem alinhados com
o Palácio do Planalto, quanto ao voto garantindo a rejeição das denúncias
feitas pela Procuradoria Geral da República, envolvendo o presidente do país,
que se pretendia a investigação contra ele, sob suspeita da prática, pasmem, de
crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça.
Além
de outras concessões feitas de maneira absolutamente suspeitas, com a exclusão
de privatização de aeroportos, regulamentações do Funrural e outras envolvendo
renúncia fiscal, tudo em prejuízo do interesse público, mas em nome da salvação
do cargo de presidente da República, fazendo uso de recursos públicos para
beneficiar exclusivamente interesse pessoal do peemedebista.
É
evidente que não fossem as concessões negociadas no vergonhoso e espúrio balcão
de negócios montado no espaço entre o Palácio do Planalto e o Congresso
Nacional, em verdadeira compra da consciência de parlamentares, certamente que
o presidente não teria conseguido obter os votos necessários à sua permanência
no cargo.
Trata-se
de realidade insofismável, que foi denunciada às claras pelos meios de
comunicação e sob o inteiro domínio da opinião pública, que tem pleno direito
de opinar sobre fato político bastante comprometedor, digno do repúdio da
sociedade, civil ou militar, considerando que o episódio em comento se
caracteriza como crime de responsabilidade, diante do desvio de finalidade
quanto ao emprego de recursos públicos para o atendimento de interesse pessoal
do presidente do país, em cristalina afronta aos comezinhos princípios
político, administrativo, republicano e democrático.
A
sociedade precisa, no âmbito dos princípios da liberdade e da individualidade,
à luz dos direitos humanos e dos melhores conceitos democráticos, repudiar essa
insustentável atitude palaciana de censurar quem quer que expresse a verdade
sobre os abusos praticados contra a República e os brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de dezembro de 2017
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