domingo, 10 de dezembro de 2017

Repúdio à censura

O presidente da República decidiu exonerar do cargo de secretário de Economia e Finanças do Comando do Exército o general que tem sido crítico a algumas de suas medidas, como no último caso, em que o militar teria afirmado que o peemedebista governava com um “balcão de negócios”, naturalmente em alusão à compra de parlamentares para votar contra as denúncias formuladas pela Procuradoria Geral da República.
O general disse que suas declarações são mal interpretadas, tendo negado ter insinuado, por ocasião de palestra que deu no grupo Terrorismo Nunca Mais, em Brasília, que o presidente do país teria praticado crimes.
Na realidade, o general apenas afirmou que o presidente do país governava com um “balcão de negócios”.
Na ocasião, ele elogiou a pré-candidatura presidencial do deputado fluminense do PSC e voltou a sugerir possibilidades de as Forças Armadas intervirem no governo.
O oficial disse que a sua exoneração “É uma movimentação normal dentro do Exército. Meu comandante não me falou nada (sobre a palestra). Eu não fiz comentário a respeito do presidente. Eu apenas retratei cenários que estão sendo colocados hoje. Não chamei o presidente de corrupto, de ladrão nem de incompetente”.
O general entende que suas colocações estão sendo interpretadas de maneira exagerada, porque “Cada um interpreta da forma que melhor lhe provém. Há muito tempo, qualquer coisa que eu falo é colocada como se fosse algo que vá derrubar o castelo de cartas no país”.
O militar explicou que, quando citou o “balcão de negócios para chegar ao fim do mandato”, tinha se referido à negociação política no Congresso Nacional, mas não às duas denúncias criminais contra o peemedebista no caso JBS, que os deputados barraram depois da liberação de emendas parlamentares e cargos.
Segundo o general, o balcão de negócios é citado na imprensa diariamente e explica: “É uma negociação política. Isso é o balcão de negócios. Eu falei que ele tem tentando aprovar em termos de emenda, de novas legislações, que ele tem que negociar dentro do Congresso. E obviamente que essas negociações às vezes são feitas de forma, digamos assim, mais explícita, e outras buscando administrar o que ele tem condições de administrar.”.
Essas negociatas promovidas entre o Palácio do Planalto e os congressistas, em escrachado "balcão de negócios", não deveriam constrangedor absolutamente ninguém, muito menos o presidente do país, porque os fatos foram explorados intensamente pela imprensa, dando os detalhes sobre a liberação de emendas parlamentares nunca antes acontecido, com tamanha volúpia, a ponto de chegar a zerar o valor total prevista em termos orçamentários, antes mesmo do término da execução anual do Orçamento da União.
Os fatos mostram também que o governo se houve bastante generoso na nomeação nas Esplanada dos Ministérios e nas empresas estatais, no sentido de atender aos pedidos de nomeações justamente dos parlamentares que estivessem alinhados com o Palácio do Planalto, quanto ao voto garantindo a rejeição das denúncias feitas pela Procuradoria Geral da República, envolvendo o presidente do país, que se pretendia a investigação contra ele, sob suspeita da prática, pasmem, de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça.
Além de outras concessões feitas de maneira absolutamente suspeitas, com a exclusão de privatização de aeroportos, regulamentações do Funrural e outras envolvendo renúncia fiscal, tudo em prejuízo do interesse público, mas em nome da salvação do cargo de presidente da República, fazendo uso de recursos públicos para beneficiar exclusivamente interesse pessoal do peemedebista.
É evidente que não fossem as concessões negociadas no vergonhoso e espúrio balcão de negócios montado no espaço entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, em verdadeira compra da consciência de parlamentares, certamente que o presidente não teria conseguido obter os votos necessários à sua permanência no cargo.
Trata-se de realidade insofismável, que foi denunciada às claras pelos meios de comunicação e sob o inteiro domínio da opinião pública, que tem pleno direito de opinar sobre fato político bastante comprometedor, digno do repúdio da sociedade, civil ou militar, considerando que o episódio em comento se caracteriza como crime de responsabilidade, diante do desvio de finalidade quanto ao emprego de recursos públicos para o atendimento de interesse pessoal do presidente do país, em cristalina afronta aos comezinhos princípios político, administrativo, republicano e democrático.
A sociedade precisa, no âmbito dos princípios da liberdade e da individualidade, à luz dos direitos humanos e dos melhores conceitos democráticos, repudiar essa insustentável atitude palaciana de censurar quem quer que expresse a verdade sobre os abusos praticados contra a República e os brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 10 de dezembro de 2017

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