quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Em respeito ao povo

O ex-presidente da República petista disse que não vai se esconder atrás de candidatura e que brigará "até as últimas consequências" para disputar o principal trono do Palácio do Planalto, no próximo ano.
O discurso do petista, durante reunião com as bancadas do PT na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em Brasília, foi sua primeira reação pública à decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região de marcar o julgamento do caso referente ao tríplex, para 24 de janeiro vindouro.
O político disse ainda que não quer ser candidato se for culpado e que seria uma "leviandade" disputar a Presidência da República no ano que vem se houvesse "alguma prova contra ele.”.
Ele declarou que "Não quero ser candidato por ser candidato. Não quero ser candidato se for culpado. Seria leviandade. Quero brigar para provar minha inocência. Eles que apresentem uma única prova de culpa contra mim. A única coisa que não quero é ser condenado (sendo) inocente. Por isso vou brigar até as últimas consequências. A tentativa é para evitar que o PT volte ao poder. No Brasil ainda estamos meio anestesiados".
No discurso, ele adotou tom de combatividade, tendo imprimido, na sua fala, a estratégia de disputa política que será a bandeira de sua eventual campanha, ao pedir que o PT "erga a cabeça" e enfrente os críticos e adversários.
O ex-presidente procura entoar a tese de que a Justiça pretende agilizar o processo para que ele fique fora das próximas eleições.
Se o político for condenado pelo TRF-4, ele ficará inelegível, por força do já consagrado entendimento da Lei da Ficha Limpa, salvo a possibilidade da disputa eleitoral com respaldo em recursos junto aos tribunais.
A data do julgamento surpreendeu o ex-presidente e simpatizantes dele, que esperavam o agendamento para março, o que permitiria à defesa postergar a decisão com recursos até o prazo para a inscrição dos candidatos, em agosto de 2018.
Para o público, o político houve por bem afirmar que evitaria criticar a "pressa" da Justiça, que sempre a acusou de demorada.
O político declarou que "Não posso falar muito sobre a data. Sempre critiquei a Justiça morosa. Agora que eles apressaram, eu não vou criticar. Eu não faço um monte de coisa que eu queria. Se eu pudesse, marcaria a data para depois das eleições. Eles façam o que quiserem. Só quero que eles leiam o processo".
Um petista disse que a rapidez com que o julgamento do ex-presidente foi marcado, na segunda instância, evidencia que o relator do caso "não está com boa intenção" e que os petistas precisam "manter a serenidade" e "expressar isso para a mídia. Acredito que tem muita água para passar por debaixo dessa ponte".
O ex-presidente foi condenado pelo juiz da Lava-Jato a nove anos e seis meses de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com relação ao caso do tríplex reformado pela OAS, por ter sido acusado de ter recebido o valor de R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira, em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras.
O valor, segundo procuradores, se refere à cessão pela OAS do apartamento, às reformas feitas pela construtora nesse imóvel e ao transporte e armazenamento de seu acervo presidencial.
A defesa do político afirma que agora também é preciso debater o caso "sob a perspectiva da violação da isonomia de tratamento, que é uma garantia fundamental de qualquer cidadão".
A defesa nega que o petista tenha cometido crimes, não tendo se beneficiado das ditas propinas.
Enfim, parece que o ex-presidente começa a pensar com bom senso e racionalidade, ao afirmar que não será candidato se for condenado, porque faz todo sentido que alguém resolva não se candidatar se estiver condenado à prisão pela Justiça, uma vez que, não somente a condenação em si, mas a própria denúncia aceita por ela já são motivos mais do que suficientes para tornar qualquer candidatura sem respaldo legal e moral, porquanto somente o fato de haver suspeitas sobre a prática de atos irregulares já constitui fato muito forte e capaz de mostrar que o homem público perca a credibilidade, que somente será restabelecida depois de provada a sua inocência, a sua inculpabilidade, nas denúncias, na melhor forma do que dispõe o ordenamento jurídico do país.
Pelo menos nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos, jurídicos e democraticamente, nenhum homem público se apresenta como candidato a cargo público eletivo, tendo em vista a compreensão no sentido de que o seu envolvimento em suspeita da prática de atos de corrupção já se torna inviável a candidatura a cargo público eletivo, uma vez que esse fato é capaz de macular o decoro que se exige de todos os políticos, que precisam comprovar idoneidade e conduta moral irretocáveis.
Não somente nos países evoluídos democraticamente, mas em qualquer nação com o mínimo de civilidade, os primados da moralidade e da dignidade são condições preponderantes para que o homem público adquira credibilidade para disputar e assumir cargo público, em respeito não somente aos princípios republicano e democrático, mas, em especial, ao povo que merece ter seu representante político absolutamente Ficha Limpa, como forma de apego aos consagrados conceitos de licitude, pureza e legitimidade na vida pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 27 de dezembro de 2017

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