O juiz federal responsável pela Operação Lava-Jato,
na primeira instância, foi o principal e grande homenageado na entrega do
prêmio “Brasileiros do Ano”, promovido pela revista IstoÉ, em São Paulo.
Alguns
políticos que foram alvo do trabalho do mencionado juiz, objeto das
investigações da força-tarefa da Lava-Jato, também compareceram à aludida
solenidade, incluídos o presidente da República, o ministro da Secretaria Geral
da Presidência e o presidente do Senado Federal, que, por algum momento, chegaram
a dividir o palco com o magistrado.
Não
obstante, no momento em que o juiz foi chamado a receber o título de brasileiro
de 2017, tanto o presidente do país quanto seus auxiliares se recusaram a
levantar para aplaudi-lo, segundo informações do portal Uol, fato que teria
causado constrangimento entre os presentes.
Comenta-se
que, durante a solenidade, o magistrado evitou aproximação com políticos, diferentemente
do que aconteceu no ano passado, quando também esteve na premiação e foi
fotografado em conversa amistosa com o senador tucano mineiro, que tempos depois
seria envolvido nos principais alvos da delação do grupo JBS, por sua
participação em atos de corrupção, conforme mostraram gravações feitas por um
dos proprietários desse grupo, inclusive a exposição de vídeo, mostrando mala
de dinheiro.
Alheio
às polêmicas, o juiz da Lava-Jato fez apelo ao presidente do país, em defesa da
prisão em segunda instância, nestes termos: "Eu diria que mais que uma questão de justiça, é questão de política de
Estado. Eu queria dizer para o presidente Temer utilizar o seu poder para
influenciar que esse precedente jurídico não seja alterado".
Deve
ter sido verdadeira noite de terror para a nata de corruptos reunidos em
pequena concentração na solenidade de láureas, só em imaginar que, a qualquer
vacilo do foro privilegiado, eles poderiam ser abraçados pela implacável sede
de justiça intrínseca do juiz da Lava-Jato, que já demonstrou pouca tolerância
e amabilidade para com os políticos de índole perversa e maléfica contra o
patrimônio público, como aqueles que não tiveram a devida reverência ao
magistrado que vem mostrando para o Brasil como deve ser tratado, com amor e
respeito, o dinheiro público.
É
evidente que a presença de corruptos na premiação em tela não poderia deixar de
acontecer episódio triste e constrangedor como esse de se negar reconhecimento
ao homenageado, por parte do principal servidor público do país, que teria
obrigação modelar de ser o primeiro a ovacionar o juiz que luta de forma
intransigente e corajosa contra a dilapidação do patrimônio dos brasileiros e
seria mais do que justo que o presidente do país o aplaudisse de pé e seu
exemplo deveria ter sido seguido por seus assessores, que, ao contrário,
igualmente apenas seguiram seu péssimo gesto de indolência absolutamente
indigna, nas circunstâncias.
À
toda evidência, teria sido muito mais elegante se o presidente do país tivesse
declinado do convite - por haver mais do que razão para tanto - para comparecer
à solenidade, porque assim teria evitado o terrível constrangimento de ser
obrigado a ficar ao lado de quem teve o mérito de ser aplaudido de pé pelos
demais presentes, que tiveram a dignidade de reconhecer a importância do
trabalho do juiz para a moralização da administração do país.
Não
há a menor dúvida de que o ato serviu de lição para o presidente brasileiro e
seus auxiliares, no sentido de mostrar, com expressivos gestos de solidariedade
dos demais presentes, que quem trabalho para o bem do Brasil merece respeitosos
aplausos e, diferentemente disso, quem contribui para dilapidar o patrimônio
dos brasileiros precisa apenas ser desprezo, com as devidas desconsideração e
prisão, porque é exatamente para isso que existe o Poder Judiciário,
constituído por juízes que precisam seguir os bons exemplos do magistrado da
Justiça Federal de Curitiba.
Convém
que o juiz da Operação Lava-Jato continue trilhando a sua majestosa trajetória
de sucesso seguida até o momento, mesmo diante da evidente demonstração de
rejeição por parte das autoridades alvo das investigações, o que não poderia
ser diferente, porque o que importa mesmo é o resultado obtido do seu exitoso
trabalho, que tem sido reconhecido pelos brasileiros honrados, meios de comunicação e por todos que anseiam pela
efetividade da moralização da administração pública, por meio do destemido e implacável combate à
corrupção e à impunidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de dezembro de 2017
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