sexta-feira, 29 de julho de 2022

Maus-tratos?

 

Circula nas redes sociais notícia segundo a qual uma juíza proibiu a realização de vaquejada, na Paraíba, sem a autorização de associação e também diante da falta de protocolos contra maus-tratos.

Que não seja por falta de autorização de entidade tal ou de protocolo contra maus-tratos, porque a tradicional vaquejada nordestina, na atualidade, não mais faz o menor sentido, em especial diante dos riscos contra os animais, inclusive as pessoas, à vista de eventuais acidentes, que podem causar ferimentos graves aos bichinhos.

Com absoluta certeza, não se trata somente de simples promoção cultural, como os apaixonados pelo evento costumam argumentar, em defesa da vaquejada, mas sim com vistas a fins econômicos com a sua realização.

Seria bastante interessante ver alguém realizar vaquejada, por conta e risco, sem a cobrança dos ingressos, nem das barracas de comidas regionais e bebidas e outras atrações para as quais são cobrados para participarem dos eventos, e que tudo isso seja feito somente por mera recreação, sem cobrança de nada, como forma apenas de satisfação de cunho cultural.

Com protocolo ou sem ele, os organizadores não estão nenhum pouco preocupados se o boi fica sem o rabo e ou se ele sai do evento com a perna quebrada, porque ele está de olho e muito bem interessado mesmo é no lucro fácil dos rendimentos vindos dos ingressos e dos aluguéis dos barracos.

Tem que acabar, com urgência, com essa hipocrisia de se alegar tradição cultural nordestina para a realização da vaquejada, porque, no avanço da modernidade, existem muitas e maravilhosas diversões que podem muito bem substituir a vaquejada, sem nenhum risco para ninguém e certamente com a qualidade satisfatória para alegrar a todos, fazendo esquecer diversão que somente traz complicação com os animais e, às vezes, também com as pessoas.

Na verdade, é preciso que o homem se conscientize de que, mesmo sendo irracionais, os animais sofrem muito com os abusos, quando há violência que resulte em machucamentos, ferimentos, fraturas, enfim, em decorrência de maus-tratos, que são realidade que nada possa afastar das vaquejadas, nem mesmo os protocolos, que são apenas exigências proforma, para se permitir a realização oficial da judiação dos indefesos animais.

No dia que ninguém mais comparecer às vaquejadas, por conscientização sobre a judiação com os animais, não vai aparecer ninguém interessado em promover eventos de graça e em simples nome da tradição cultural do Nordeste.

Espero que os nordestinos se conscientizem sobre a imperiosa necessidade de realmente eleger a vaquejada como evento imaterial e cultural do Nordeste, somente para ficar na lembrança, como algo que já foi muito importante quando não tinha outra forma de diversão, naquela região.   

Brasília, em 28 de julho de 2022

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