A
campanha eleitoral nem começou para valer, mas a violência já disparou com a
rivalidade entre os chamados bolsonaristas e petistas, com o triste saldo de
uma vítima fatal, que é fruto da tresloucada intolerância prevalente entre os
apaixonados defensores de malditas ideologias alimentadas por lideranças despudoradas
e desequilibradas, que nutrem sentimentos vazios de civilidade e democracia.
Diante do
assassinato de militante petista, o presidente da República, ao invés de
condenar e repudiar a animalesca violência de que se trata, apenas houve por
bem cobrar investigação sobre a morte havida, por decorrência de desavença
iniciada, em princípio, por declarado seu seguidor político, tendo ainda
responsabilizado a esquerda por episódios de violência no país.
O
presidente do país afirmou, diante do triste episódio, que “Dispensamos
qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo
de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula
um histórico inegável de episódios violentos. É o lado de lá que dá
facada, que cospe, que destrói patrimônio, que solta rojão em cinegrafista, que
protege terroristas internacionais, que desumaniza pessoas com rótulos e pede
fogo nelas, que invade fazendas e mata animais, que empurra um senhor num
caminhão em movimento”.
Por seu
turno, o principal líder da oposição, que é pré-candidato à Presidência da República,
afirmou que o lamentável “episódio foi fruto de discurso de ódio estimulado
por um presidente irresponsável”.
Incontinenti,
o presidente do país rebateu as alegações de que a morte em causa teria sido provocada
por seu discurso, tendo afirmado que “Nem a pior, nem a mais mal utilizada
força de expressão, será mais grave do que fatos concretos e recorrentes. Que
as autoridades apurem seriamente o ocorrido e tomem todas as providências
cabíveis, assim como contra caluniadores que agem como urubus para tentar nos
prejudicar 24 horas por dia.”
A verdade
é que o momento político é o pior possível, havendo queixas de que o presidente
brasileiro é criticado, com frequência, por estimular o clima de confronto no país,
seja, em especial, por duras críticas às urnas eletrônicas e a instituições da
República, a exemplo do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior
Eleitoral, além de injustificadas declarações de hostilidade aos adversários
políticos, pelas maldades que contribuíram para a construção das crises que
grassam até o momento.
Como
assertiva disso, no último sábado, o presidente do país disse, por exemplo, que a campanha eleitoral poderá ser
“guerra do bem contra o mal”, enquanto em 2018, em plena campanha
eleitoral, ele teve a malsinada ideia de a convocar os seus apoiadores a “fuzilarem
a petralhada do Acre”.
Enquanto esta
crônica estava sendo escrita, surgiu vídeo nas redes sociais que mostra o militante
petista, assassinado depois, jogando pedras contra o carro do bolsonarista, que,
por sua vez, por certo, o havia provocado antes disso com palavras ofensivas, já
que a festa fazia alusão à pessoa do líder da oposição.
O certo é
que as discussões sobre política tendem normalmente se evoluir ao limite da
intolerância e da irracionalidade, quando o seu final tem sido sempre desastroso,
como nesse terrível caso, em que ficou a marca da extrema violência, que é absolutamente
condenável e inaceitável, à vista da evolução da humanidade.
Diante de
fato extremamente comovente e sensibilizador, esperava-se que as principais autoridades
e as lideranças políticas tivessem o mínimo de sensatez para entenderem que
houve a extrapolação da irracionalidade, significando, com isso, o real estado de
latente sentimento de violência uns contra os outros, em verdadeira disputa
brutal que não leva senão à incontrolável tragédia, como visto no caso em discussão,
que poderia ter sido evitado, caso tivesse havido respeito mútuo, como deve ser
assim o relacionamento de pessoas civilizadas.
Ao
contrário, recrudesce os amargos sentimentos de lado a lado, em forma de acusações
destrutivas, com indicativos de que a culpa é de quem incentiva o ódio e também
de quem calunia seus opositores, em que ambos procuraram motivos vazios e
fúteis ainda piores para se distanciarem do cerne das graves questões de reiteradas
e cruentas desavenças, de puros ódio e intolerância.
Diante do
indiscutível relacionamento de atrocidade e intolerância entre as facções de
defensores de lideranças políticas, seria razoável que houvesse urgente
interesse, de parte a parte, com vistas à mediação de medidas com vistas ao
diálogo capaz de levar ao entendimento, especialmente no sentido de mostrar que
a verdadeira finalidade da disputa político-partidária é exatamente a construção
da paz, a disseminação da harmonia e o bem-estar da sociedade, com o progresso
da nação.
É
evidente que, em país que conseguiu aderir ao pior clima de polarização entre as
ideologias da direita e da esquerda, onde há verdadeiro sentimento de disputa
extremada de interesses, conforme mostram os fatos, as próprias lideranças
também são contaminadas com a idiotice da aceitação da violência como forma de se
ganhar posição no jogo político, em que o perdedor termina sendo o eleitor, que
não tem alternativa para votar em bons candidatos, que tivessem verdadeiro propósito
de autênticos defensores exclusivamente das causas da sociedade, como são
procedidos nas nações evoluídas e imbuídas da satisfatoriedade somente do
interesse público.
Apelam-se
para que os brasileiros, que verdadeiramente amam o Brasil, somente apoiem os
candidatos que demonstrem sentimentos de bom senso, sensibilidade e
racionalidade, como princípios capazes de compreenderem que os valores humanos
estão muito além de seus interesses pessoais, que somente conseguem enxergar a
manutenção ou a conquista do poder, como fim e meio de seus projetos políticos.
Brasília,
em 11 de julho de 2022
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