sexta-feira, 22 de julho de 2022

Inutilidade?

Sem ter obtido sucesso com os frequentes ataques e acusações, dentro do Brasil, ao funcionamento das urnas eletrônicas, ao sistema eleitoral, no seu conjunto, e a ministros do Supremo Tribunal Federal, o presidente da República houve por bem ultrapassar as fronteiras brasileiras, para mostrar a sua insatisfação para o mundo, por meio de recados desesperadores aos embaixadores de países amigos.

Para tanto, o presidente usou fatos investigados em inquérito da Polícia Federal, ainda inconcluso sobre indícios de fraude nas urnas, que não provam nada de substancial, para se comunicar, de maneira atabalhoada, com os embaixadores estrangeiros.

Com auxílio de slides, o presidente do país fez uso de cerca de 45 minutos para mostrar as abobrinhas infrutíferas de sempre, algo sem nenhuma serventia para a avaliação da seleta plateia certamente ávida por novidades sobre as anunciadas precariedades do sistema eleitoral brasileiro.

O certo é que o presidente do país aproveitou o ensejo para acusar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e dois ministros do Supremo Tribunal Federal de terem o objetivo de tentar desestabilizar o país, quando isso parte da imaginação dele, por não ter como comprovar a sua as suas afirmações, cujo resultado foi verdadeiro fiasco, à vista da infantilidade demonstrada com espetáculo ridículo e sem sentido nenhum de tentar expor possíveis deficiências do sistema eleitoral brasileiro.

Possivelmente temeroso pelo insucesso nas urnas, o presidente quis se antecipar aos fatos para eleger o culpado pela injustificada derrapada, no caso de ser derrotado por político que é símbolo da desonestidade, uma vez que até já foi condenado à prisão por autoria de fatos irregulares que não foram desconstituídos dos autos, tendo as urnas eletrônicas como algozes e ainda, como mau perdedor, ele já insere no mesmo pacote acusatório outros coadjuvantes pelo temeroso tropeço, que são ministros do Supremo que estiveram ou estão à frente do processo eleitoral.

Na verdade, o encontro em apreço foi considerado verdadeira tragédia, exatamente pelas imaturidade e precariedade dos recursos disponíveis como serventia para convencimento, que, ao contrário, alguns embaixadores, depois da reunião, disseram que confiam plenamente nas eleições brasileiras, que as consideram exemplos para o mundo, não tendo recebido nenhuma adesão de apoio a esse projeto kamikaze.

          Em que pese o vexame presidencial, nada que foi falado na reunião surtiu o efeito desejado pelo mandatário, porque nenhum governo estrangeiro repercutiu favoravelmente às pretensões do presidente, que mereceu críticas da imprensa internacional, mostrando o desespero de quem não sabe o que fazer para deixar de se incomodar inutilmente.

Mesmo diante do visível fracasso, o presidente do país está disposto a dar novo tropeção nas suas trapalhadas, diante de novo show de horrores, por ocasião das comemorações de Sete de Setembro, onde se espera a incidência de novos estropícios de insensatez e  incompetência, com a incidência de novos ataques às urnas, na tentativa de desmoralização das urnas e das instituições eleitorais, na certeza de que nada disso tem o condão de contribuir para mudar a mudança do status quo, à vista de que a Justiça eleitoral, que tem competência constitucional para fazê-la, considera perfeitamente normal o funcionamento do sistema criticado, por motivação sem fundamento.  

O certo é que as estratégias pró-golpistas do presidente do país ainda têm sido incapazes de sensibilização por apoio à importante causa que poderia ter sido resolvida normalmente por meio de medidas legislativas apropriadas e no seu devido tempo, com a aprovação de projeto cuidando de estabelecer precisos parâmetros de como devem funcionar a urna eletrônica e a apuração das eleições, de modo que seria impossível qualquer resistência, por parte da Justiça eleitoral, sobre o aperfeiçoamento desejável para as urnas eletrônicas e todo o sistema de votação.

À toda evidência, o estrebucho do presidente do país não faz o menor sentido, na altura do jogo político, no estado democrático de direito, porque a Justiça eleitoral vem conduzindo o processo das eleições em harmonia com a legislação vigente, cujas medidas que são adotadas, nas votações, estão em absoluta conformidade com os parâmetros das eleições anteriores, em que não se conseguiu provar fraude alguma, a se permitir tamanha desconfiança.

É evidente que não se pode olvidar que o sistema de apuração dos votos é sim passível de manipulação de difícil comprovação, mas isso, por si só, não pode ensejar o absurdo que vem promovendo o mandatário do país, justamente por falta de provas a ensejarem inútil tentativa de mobilização da sociedade, que só consegue o convencimento de fanáticos apoiadores dele.

A verdade é que o fiasco dessa reunião mostra, de forma definitiva, que a guerra bravamente travada pelo presidente do país só tem perdedores, diante da falta de resultados e da absoluta certeza de que nada se muda na base da estupidez, do grito ou da bala, eis que o caminho civilizado aconselhável é pela via do diálogo, do entendimento e principalmente da constitucionalidade, em que a norma jurídica oferece o balizamento para as medidas necessárias ao equacionamento dos problemas nacionais.

Apelam-se para que o presidente da República se conscientize, em definitivo, de que o método utilizado para o convencimento das suas ideias estapafúrdias, por ter como base múltiplas desinformações e imprecisões, com conteúdo de visível inconsistência, é absolutamente incapaz para gerar qualquer mudança do status quo do processo eleitoral, mesmo que o sistema em si não ofereça a garantia de credibilidade e segurança, que são afiançáveis apenas por meio de palavras da operadora do sistema, sem adicionar nada sólido cuja robusteza fosse visível e palpável, para a refutação das desconfianças, que são monstruosas e inquietantes.

         Brasília, em 22 de julho de 2022 

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