sábado, 23 de julho de 2022

A ridicularização da democracia

 

Um político de Brasília, que foi filmado recebendo maços de dinheiro desviado de cobre público, foi preso e ainda não condenado, porque não foi julgado devido à morosidade da Justiça, decidiu se candidatar ao cargo de deputado federal pelo Distrito Federal, depois que lei libera corruptos para puderem representar o povo, inclusive o contribuinte que pagou o tributo surrupiado por ele.

Todo feliz da vida, o mencionado político aparece, em imagem fotográfica estampada em todos os jornais do país, pasmem, ao lado logo do presidente da República, com largo ar de alegria no rosto, para contar-lhe a importante notícia da sua candidatura, como se isso fosse algo espetacular.

Na verdade, isso é realmente extraordinário, por se permitir que famoso corrupto respondendo a processo na Justiça, por ato de improbidade administrativa, possa voltar à vida pública, com a devida autorização legal, mesmo sem ter sido ainda condenado à prisão e, mais grave ainda, sem precisar devolver o produto do roubo ao local de origem, no caso, ao Tesouro do Distrito Federal, a quem, por certo, logo em breve, será um de seus lídimos representantes no “honrado e digno” Congresso Nacional, pessoas do “quilate” fazem visita semanal.

Diante dessa notícia, é preciso sim parabenizar o presidente da República, evidentemente de forma irônica, porque ele passa a contar com mais um respeitável corrupto de peso ao lado, como fortíssimo aliado, entre muitos outros já existentes no seu palanque à reeleição, à vista da espúria aliança dele com o nefando Centrão, que é símbolo do fisiologismo e legítimo representante do consagrado sistema do toma lá, dá cá.

Esse fato tem o condão de mostrar a força eleitoral do presidente do país entre a comunidade de políticos sem caráter e em plena decadência moral, que desonram a democracia brasileira, por meio de seus atos desonestos e indignos, embora eles ainda mereçam o beneplácito da maior autoridade do país, que os acolhe com o carinho todo especial de bons amigos de jornada política, embora os quais somente envergonham os homens de bem. 

Sem dúvida alguma, este momento é de muita tristeza para a política brasileira, em especial para Brasília, em que o presidente da República se torna importante líder de plêiade de homens públicos completamente envernizados com a seiva podre da corrupção, que têm o condão de deslustrar a dignidade e a honradez não só do governo, mas em especial do Brasil, que certamente não merece tamanha esculhambação disseminada país afora, como se a imundície moral fosse prática normal na vida pública.

Essa forma desleixada de atividade política, em que corruptos podem se candidatar, mesmo não tendo as necessárias condições de moralidade e higidez pública, em termos de conduta imaculada na vida pública, não deve acontecer nem nas piores republiquetas, que devem se envergonhar terrivelmente da desmoralização que isso representa para a sociedade honrada e digna.

Essa situação de nítida deprimência moral, em que o presidente do país convive abraçado com parte podre da política brasileira, só demonstra que não há a menor preocupação de ninguém com a moralização da administração pública, que tem por exigência legal a precisa necessidade de ser respeitada por quem estiver no poder, em especial pelo presidente da República, que precisa ser modelo de decência moral e respeito aos princípios republicanos, de modo que a sua postura possa inspirar somente zelo e confiança às causas da integridade, da moralidade, da honestidade, da dignidade, entre tantos outros bons ensinamentos de pureza quanto à valorização de civilidade e cidadania.

A imagem fotográfica do presidente da República, em acolhimento, no Palácio da Alvorada, sede oficial da principal autoridade do país, só confirma a sua cumplicidade com a pior classe de homens públicos do país, que é composta, sem o menor escrúpulo por integrantes do degenerado Centrão, que jamais deveria ser aceito como grupo político em atividade, porque ele é a marca da decadência moral do Parlamento e isso já foi, no passado, recriminado pelo então candidato à Presidência da República, que o classificou como a velha política, justamente por ser formado por políticos inescrupulosos.

A propósito, recorrendo ao dicionário, verifica-se que cúmplice significa, ao pé da letra, parceria, companheirismo, compadrio, conivência, colaboração, participação em projeto comum, e é exatamente isso o que o presidente da República se torna como agente que acolhe em seu círculo de amizade pessoas notoriamente com a chancela da corrupção selada no rosto, como no caso desse político de Brasília, que tem registro na Justiça sobre a prática de ato irregular na gestão pública.

A verdade mostra, por coerência, que nenhum dos dois políticos merecem a confiança por meio do sufrágio universal, o que é mais do que legítimo, ante o sentimento democrático que exige respeito aos princípios da moralidade e da dignidade ao sagrado princípio do voto, que tem o poder constitucional da escolha dos representantes políticos, que, em princípio, deveriam ser a imagem da imaculabilidade, como assim pressupõe o sentido nobre da atividade política.   

Acontece que, no caso do voto ao presidente da República, existe à evocação, necessariamente, à causa maior da nação, que diz respeito ao amor ao Brasil, no sentido de avaliação a outros sentimentos estritamente de natureza patriótica, porque envolve a possibilidade de o país ser governado por corrente política da pior espécie que já surgiu na face da Terra, em se tratando da volta ao poder da esquerda, diante de tantas desgraças já protagonizadas por seus governos, à vista dos péssimos exemplos de dantesca governabilidade.

Nesse caso, faz-se referência aos famigerados escândalos do mensalão e do petrolão, com origem no governo da esquerda, além da sua aderência ao aparelhamento da máquina pública, ao fisiologismo, à banalização à impunidade, pelo apoio à violência urbana e rural, à degeneração da família, em especial ao apoio à ideologia de gênero e ao aborto, ao desrespeito aos princípios religiosos e aos seus símbolos sagrados, entre outras tantas demonstrações de afrontas aos princípios administrativos e humanitários, conforme mostram os fatos à saciedade.

Em razão, da imperiosa e cuidadosa avaliação que se exige para a escolha entre duas correntes de homens públicos, cada qual com os seus malefícios pessoais, ante à existência da inevitável polarização entre direita e esquerda, resta aos brasileiros a única opção, na próxima eleição, pelo voto ao candidato que seja o menos pior para se evitar a maior desgraça para o futuro do Brasil, mesmo se conhecendo que ambos não são dignos da plena confiança quanto à satisfatoriedade aos princípios republicanos, que devem e precisam ser levados em conta no exato momento de grandeza de um país, que é a escolha do seu presidente.             

Ante o exposto, urge que os brasileiros honrados e dignos exijam dos homens públicos respeito aos princípios sagrados da República, no sentido de não se permitir que corruptos, renomados ou não, que já tenham sido julgados e condenados ou não pela Justiça, bastando apenas que tenham processos penais pendentes decisão judicial, sejam considerados inaptos para a vida pública, a quem não se deveria reconhecer o direito nem de se candidatar, em respeito à importância do voto e à honradez do seu titular.   

Brasília, em 23 de julho de 2022

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