Segundo procuradores
eleitorais e ministros do Supremo Tribunal Federal, a partir da oficialização da
candidatura à Presidência da República, o mandatário do pais corre risco de sanção
eleitoral, caso ele venha a atacar as urnas eletrônicas.
Essas autoridades
entendem que o presidente do país, a partir de agora, fica sujeito a multas,
perda de tempo de TV e até, em último caso, à cassação do registro da candidatura.
Como tem
se verificado, até aqui, o presidente do país vem repetindo, sem apresentar
provas, críticas e suspeitas sobre fraudes nas urnas, todas desmentidas pela
Justiça eleitoral sobre o sistema eleitoral brasileiro.
O caso
mais recente, na semana passada, o presidente do país, em gesto que repercutiu
muito mal entre políticos e juristas, se reuniu com embaixadores de países
amigos, para disseminar ataques sem fundamento às urnas, mostrando péssimo
exemplo de estadista, que se digna a depor contra o próprio país, em especial com
relação a fatos inexistentes.
Antes da confirmação
da candidatura, não havia possibilidade de punição a pré-candidato, por falta
de amparo legal, mas agora, já se configurada a candidatura, quem criticar o
sistema eleitoral está passível de sanção, de acordo com a gravidade da
agressão praticada pelo candidato.
Por
incrível que pareça, durante a convenção do seu partido, o presidente do país voltou
a criticar ministros do Supremo, mas, desta feita, sem citá-los nominalmente.
Ele
disse que os “surdos de capa preta”, evidentemente fazendo alusão aos
ministros da corte, precisam ouvir o povo e jogar dentro das quatro linhas.
É verdade
que os ministros do Supremo não podem ser indiferentes aos limites impostos
pelo texto constitucional, porque a sua missão institucional os obriga à
estrita observância aos seus ditames.
Ao
contrário disso, os ministros da corte não têm nenhuma obrigação, justamente
por falta de amparo legal, de ouvir o povo, que não tem nenhuma competência
para se manifestar dizendo o que eles devem fazer ou decidir, o que vale dizer
que o presidente brasileiro, nesse particular, joga fora das quatro linhas, por
fazer crítica indevido, como nesse caso de se afirmar que o povo precisa ser
ouvido pelo Supremo, quando não existe nenhuma obrigatoriedade nisso, embora
seja importante se ouvir a opinião pública, mas ela não é determinante.
Também é incrível
que, desta vez, o presidente do país não tenha criticado nem atacado diretamente
as urnas eletrônicas, talvez sob a presunção de ser punido, conforme prevê a legislação
eleitoral vigente.
Enfim,
não criticando as urnas, no evento do lançamento de candidatura, o presidente
do país já fez discurso adaptado à nova realidade, uma vez que ele deixa de ser
pré-candidato e passa à condição de candidato à reeleição, ficando obrigado a
seguir as regras da legislação eleitoral em vigor.
A verdade
é que o presidente já ultrapassou todos os limites da tolerância e da
civilidade, com as suas críticas às urnas eletrônicas, porque elas circunscreviam
na compreensão de pura teimosia de muita intolerância, com a tentativa de se
mudar regras do jogo exclusivamente na base do grito e da pancada, quando o
caminho natural teria sido por meio de medida legislativa, como fazem
normalmente os países evoluídos e civilizados, em termos políticos e democráticos.
Toda
crítica que se faz ao presidente do país, por ele ter malhado em ferro frio,
por tanto tempo, é justamente a avaliação sobre o resultado das suas incursões,
que não contribuíram absolutamente para coisa alguma, tendo a certeza de que as
urnas para estas eleições são as mesmas utilizadas no pleito anterior, o que vale
dizer que de nada adiantou o estrebuchamento do presidente, porque há de prevalecerem
as mesmas urnas dos anos anteriores, que apenas passaram as necessárias adaptações,
sem alteração da sua essência.
Assim,
convém que o presidente da República se conscientize de que a sorte está lançada, com base nas urnas que estão em vigor, e a sua vitória só depende da boa vontade dos brasileiros, que, se tiverem o mínimo
de juízo, há de usar o bom senso e a racionalidade para a escolha do melhor
candidato presidencial entre os piores políticos que estão no páreo.
Brasília,
em 27 de julho de 2022
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