O
presidente da República voltou a atacar a cúpula do Judiciário, especialmente ministros
do Supremo Tribunal Federal, por ele nominados, tendo afirmado que não há mais
lei, no Brasil, por parte dessa corte.
Em
entrevista ao canal de uma jornalista, o presidente do país reiterou, sem contestação,
uma série de alegações notoriamente inverídicas sobre o sistema eleitoral
brasileiro, a exemplo de que a eleição não é auditável e a totalização dos
votos é feita em "sala secreta", além de acusar o presidente
do Tribunal Superior Eleitoral e outros dois ministros do Supremo de terem o
líder da oposição brasileira como candidato na próxima eleição presidencial.
O
presidente acusou as referidas autoridades, dizendo que "Há muito tempo
eles estão fora das quatro linhas" e que "Não existe mais lei
aqui no Brasil por parte do Supremo Tribunal Federal. Não existe. É uma
obsessão para tentar me tirar daqui, ou me tornar inelegível, ou fazer com que
eu perca as eleições".
O presidente
do país afirmou que "O Lula é o candidato desses três. Não tenho dúvida
disso. O Lula é o candidato do Fachin, do Barroso e do Alexandre de Moraes.
Eles não fazem nada no outro lado, só do meu lado. Isso é claríssimo o que está
acontecendo", cujas alegações são destituídas das necessárias fundamentações
sobre evidências, precisamente por falta de provas, que são a essência para a
consistências das afirmações produzidas sobre algo.
O presidente
do país também voltou a dizer que o presidente do TSE foi responsável por tirar
o principal político da oposição da prisão e torná-lo elegível, ao decidir anular
as condenações dele, na Lava Jato, o que é fato verídico, que, estranhamente,
não houve recurso de parte alguma, nem mesmo do Ministério Público Federal, para
a contestação de gigantesca excrescência jurídica, em demonstração de
cristalino abuso de poder que não se admitiria nem mesmo nas piores
republiquetas.
A verdade
é que o referido político foi solto da prisão logo após o plenário do Supremo
mudar o entendimento sobre a prisão em segunda instância, e não por meio de decisão
de ministro, de forma isolada, conquanto a anulação das condenações do político
foi confirmada pelo plenário do Supremo, materializando a mais estarrecedora decisão
sobre escândalo de roubalheira da história da República brasileira.
O
presidente do país sentenciou "Que querem impedir (minha candidatura à
reeleição) não há dúvida. Vão conseguir? Eu acho que vão fazer tumulto, eles
podem até lá cassar meu registro, alguns dias depois o pleno, por exemplo,
desfaz, mas fica aquela imagem para o Brasil todo", repita-se, sem
apresentar provas de absolutamente nada, .
A verdade
é que o presidente brasileiro acusa ministros do Supremo de quererem tumultuar
o processo eleitoral, além de atacar, de forma reiterada, sem haver nenhuma evidência
acerca de provas quanto possíveis fraudes, sem querer dizer que elas inexistem,
de modo que tudo não passa de tentativa de colocar sob suspeita a
confiabilidade das urnas eletrônicas, porque isso não é certo, diante da
certeza de que nada se ganha na base do grito nem da ameaça.
À toda
evidência, não fica nada bem, em termos de efetividade de esforço, para o presidente
da República se dedicar, com unhas e dentes, a tema visivelmente fora de propósito
para a finalidade republicana, que deve a essencialidade do seu mandato, em
cumprir, de forma altruística, as funções exclusivamente relacionadas com as atribuições
oficiais e presidenciais.
Essa tarefa
de acusações sem provas do que diz e acusa, a todo instante, só demonstra desespero
sem causa mínima, denotando tentativa de complô contra os seus projetos
políticos sobre a sua reeleição, mesmo que em algum caso possa ter fundo de verdade,
mas qualquer suspeita nesse sentido perde credibilidade sem nenhuma fundo de
evidência, porque a simples ilação somente tem o condão de confirmar a perda de
tempo e a inutilidade de tanto esforço que poderia ser dedicado aos ingentes e
importantes assuntos inerentes ao mandato presidencial.
É
inacreditável como o presidente do país não atente nem perceba o tanto da insensatez
ao dedicar importante tempo do cargo somente cuidando de acusar desnecessariamente
fatos inexistentes, mesmo que as suspeitas possam se confirmar em outro momento.
O certo
mesmo é que, por enquanto, não existe absolutamente nada em que se preocupar,
uma vez que as meras suspeitas só existem no imaginário do presidente do país e
isso conspira contra a própria insensatez de não conseguir vislumbrar o
gravíssimo erro da sua permanência em círculo falando as mesmas asneiras,
porque as inócuas acusações não resolvem coisa alguma, em especial porque nada
disso vai impedir que ministros do Supremo mudem o roteiro real destinado a ajudar
e apoiar o candidato escolhido por eles.
Ou seja,
o presidente do país se expõe ridiculamente, ao fazer acusações que não consegue
provar o que diz, deixa de resolver importantes questões administrativas, na construção
de algo que poderia contribuir beneficamente em prol da sua reeleição, e ainda
promove a autoridade de ministros do Supremo, que se sentem honrados em serem
acusados de algo que sentem prazer em fazer, que é apoiar, até com muito
sucesso, o candidato deles.
Por fim, não
tem a menor legitimidade o presidente da República afirmar, de forma
generalizada, que “não há mais lei, no Brasil, por parte dessa corte”,
somente porque ele entende que alguns ministros descumprem princípios constitucionais,
caso em que os demais ou alguns outros magistrados possam agir diferentemente
deles, cumprindo fielmente os ditames constitucionais, fato que não tem o menor
cabimento a generalização.
Convém
que o presidente brasileiro prime pela defesa da dignidade do seu importante
cargo, atentando para o devido zelo no seu desempenho, no sentido, em especial,
de que qualquer questão que possa significar interferência no exercício dele,
seja tratada por meio das vias oficiais, com a interposição dos recursos inerentes
a ela, sem necessidade, em absoluto, de qualquer acusação ou críticas a quem
quer que seja nem suspeita que não possa ser resolvida exclusivamente pela via da
tolerância, da diplomacia e do entendimento republicano, na melhor forma
recomendada pelos salutares princípios da civilidade e da cidadania.
Urge que
o presidente da República se consciente sobre a necessidade da estrita dedicação
aos trabalhos inerentes às funções do relevante cargo que ele imagina que ocupa,
deixando as questões relacionadas com a sua reeleição para serem discutidas
precisamente no período apropriado para a campanha eleitoral, na forma da
legislação de regência, como assim é racionalmente observado nos países evoluídos,
em termos políticos e democráticos.
Brasília,
em 2 de julho de 2022
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