Em extenso
artigo, um advogado discorre sobre o que ele considera de verdadeiro milagre protagonizado
pelo atual governo, a começar pelo desempenho da economia, que vem obtendo
resultados auspiciosos, em benefício da sociedade, em que pese o período de flagelo
social, em decorrência da grave crise da pandemia do coronavírus, que não a
impediu de progredir, quando muitas nações ainda vêm enfrentando enormes
dificuldades com as suas economias.
O parecerista
classifica de cupins da máquina pública os grupos de aproveitadores dos recursos públicos, que se
dispuseram a atrapalhar os planos do governo de administrar eficientemente o país,
por meio de medidas antipatrióticas, em dissonância com a legitimidade dos
votos concedidas ao mandatário.
O artigo
destaca que o presidente do país teve autoridade moral para compor seu ministério,
sem tutela alguma, levando-se em conta apenas o interesse público, tendo conseguido
colocar ferrolho nos cofres públicos, que eram arrombados com facilidade nos
governos anteriores, segundo o autor, além de ter sido possível combater a corrupção
e a impunidade no governo.
Enfim, o
texto diz que os críticos do governo não perdoam o presidente do país, por ele
ter se destacado “pelo trabalho e por suas fantásticas realizações; pelo
sucesso de sua economia, que se tornou modelo de recuperação pós-pandemia e
pós-guerra da Ucrânia que abalou o mundo. Pelo combate incansável e eficiente
do crime organizado e, sobretudo, por dar solução a problemas (sem citar
quais) que há séculos desafiavam os gestores públicos.”.
A bem da
verdade, isso é o que se pode dizer e qualificar daqueles pareceres feitos e
bem elaborados sob encomenda, justamente para receber os aplausos e a aprovação
dos autênticos apoiadores que não conseguem ver nadinha de errado nem desviado
na gestão do atual governo, como se todos os atos do presidente do país fossem
perfeitos e incensuráveis.
No
aludido artigo, falou-se, pasmem, em moralidade, como se o presidente do país tivesse
sido fonte abissal desse salutar princípio, sendo modelo para os homens públicos,
quando, ao contrário, ele entregou alguns ministérios e a chave dos orçamentos,
pasmem, logo para os caciques do Centrão, grupo político que não goza de
confiabilidade alguma, ante o seu histórico ganancioso por cargos públicos e emendas
parlamentares, em troca de apoio político no Congresso Nacional.
Tudo bem
que não há efetiva comprovação de malversação de recursos públicos no governo,
apenas fortes indícios e suspeitas de propinas nos Ministérios da Saúde e da
Educação, mas isso não passa de mera brilhantina, se comparado com as
roubalheiras bilionárias de governos do passado, que servem de parâmetro para
avaliação do que seja realmente corrupção para valer, de verdade, com recursos
públicos.
Pois bem,
à luz da verdade, o artigo ganharia a devida relevância, em termos de conceito
de avaliação isenta, justa e precisa, se ele tivesse tido o cuidado de
discorrer sobre a pouca-vergonha de que trata a sebosa aliança selada entre o
presidente da República e o nefando Centrão, que representa a pior corrente
política incrustada no Congresso Nacional, por ter como principal característica
a defesa do recriminável fisiologismo, que consiste, basicamente, na exigência
de cargos públicos e emendas parlamentares, como princípios políticos e isso é
realidade indiscutível.
Agora, é
preciso se frisar que essa espúria aliança não teve qualquer conotação com o
interesse público, mas sim tão somente com a serventia de biombo contra
possível abertura de processo de impeachment para o afastamento do presidente
do mandato, o que caracteriza, sem sombra de dúvidas, inaceitável ato de interesse
particular.
Ou seja,
trata-se de ato em benefício do próprio presidente do país e isso se denomina
clássico desvio de finalidade, por serem procedimentos públicos com as feições de
práticas irregulares com o uso de recursos públicos, que tem o nome de corrupção,
precisamente por contrariar os princípios da moralidade e da dignidade na administração
pública.
A verdade
é que a maior aberração incrustrada no governo ficou à margem do aludido artigo,
que diz respeito à filiação do presidente da República a partido integrante
exatamente do nefando Centrão, cujo procedimento mostra, em definitivo, a
verdadeira índole dele com a adaptabilidade à convenção da banalidade da
imoralidade na administração pública, exatamente com a sua normal convivência
no seio dos políticos sem nenhum escrúpulo com as práticas fisiológicas, tudo isso
em harmonia com a sua realidade marcante de sede pelo poder, pouco se importando
com os princípios da moralidade e da dignidade públicas.
Por fim,
convém ser ressaltado o fato de que, na linha a imundície administrativa própria
do Centrão, foi criado, no atual governo, o insano orçamento secreto, que tem
por finalidade a compra da consciência de parlamentares para a aprovação de
projetos do Palácio do Planalto, o que bem demonstra a cristalina falta de zelo
para com patrimônio público, em dissonância dos princípios republicanos, na
gestão de recursos dos contribuintes.
É muito
estranho que artigo tão importante, por se imaginar que ele objetiva esclarecer
assuntos relacionados com o desempenho do presidente do país, tenha omitido importante
opinião da maior expressão que tange ao contexto da moralidade, no que se refere
especialmente ao imbróglio envolvendo o desprezível Centrão.
Como se
sabe, o Centrão é divisor de águas entre a moralidade e o lamaçal implantado conscientemente
no governo, de modo que esse fato pode mostra a verdadeira serventia do parecer
em apreço, qual seja, a busca do aplauso enganoso para o presidente da
República, porque o seu verdadeiro caráter de homem público foi omitido, não
para fora do cercado de apoiadores dele, porque há muitos brasileiros que
valorizam os verdadeiros princípios da moralidade, da honradez e da dignidade,
na administração pública.
Urge que
os verdadeiros brasileiros não se deixem levar por pareceres ou textos que
procurem enaltecer qualidades do presidente da República, somente naquilo que
interessa e é conveniente, com a exclusiva finalidade visivelmente eleitoreira,
à vista da omissão de verdades, quando elas são da maior importância para a
real avaliação do desempenho da gestão pública.
Brasília,
em 19 de julho de 2022
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