sexta-feira, 15 de julho de 2022

Cadê o amor à pátria?

Circula vídeo nas redes sociais, onde aparecem, pasmem, religiosos, como bispo e padres, fazendo apelo aos brasileiros para comparecerem às comemorações do dia 7 de setembro próximo, não para marcar a lembrança histórica da independência do Brasil, mas sim para se manifestarem em defesa das liberdades individuais e democráticas, sob o forte argumento de que existe terrível movimento contrário a tão importantes direitos, notadamente sob a forma de decisões judiciais à margem dos preceitos constitucionais.

Causa perplexidade e estarrecimento a constatação de religiosos, possivelmente ociosos, se imiscuindo em assuntos essencialmente políticos, em cristalina inversão da ordem natural dos fatos, quando eles deveriam se dedicar à evangelização para a qual confessam o seu dever sacerdotal, em harmonia com o compromisso com os cânones da Igreja Católica, o que vale dizer que a sua exclusiva ocupação é com os fiéis do cristianismo.

Também não faz o menor sentido a transformação de data cívica nacional, da maior importância como símbolo histórico, estabelecida para as comemorações de que se tratam, com reverência especial à independência do Brasil, que deveria ser respeitada como tal e assim somente lembrada como data histórica realmente importante para os brasileiros, sem nenhuma conotação com movimentos de ordem política, que podem ser tratados como negócio à parte, em outra data.

Não há a menor dúvida de que esses movimentos políticos, oportunistas e interesseiros, mostram a falta de seriedade de brasileiros, que deveriam se conscientizar quanto ao respeito ao que é mais sagrado da história nacional, não permitindo a sua avacalhação, com o aproveitamento dela para mobilização de pessoas para manifestação de cunho político, como vem acontecendo nos últimos anos, em completa prova de desrespeito ao verdadeiro simbolismo patriótico.

Nos países sérios, evoluídos e civilizados, em termos políticos e democráticos, são respeitadas as datas nacionais e se houver necessidade da realização de eventos ou mobilização de natureza especial, como para fins políticos, eles são realizados em datas específicas para tratarem exclusivamente de assuntos políticos ou religiosos ou o que for, mas jamais essa ideia absurda da mistura de assuntos diferentes em comemoração de importante data da história do Brasil, que está acima de interesses políticos, que devem ser tratados em outros momentos exclusivos, distintos.

É preciso que os brasileiros tenham consciência patriótica, religiosa, política e o que quiserem, mas primem pela decência da sua importância como tal, de modo que a comemoração do dia 7 de Setembro seja dedicada exclusivamente à lembrança da independência do Brasil, como evento consagrado à exclusiva relevância do evento patriótico.

À toda evidência, ao tratar de assunto diferente nessa data, o sentido da importante independência, do majestoso grito do Ipiranga, perde sentido, por completo, e ganha relevo o movimento em defesa das tresloucadas chamadas liberdades democráticas e dos direitos humanos, que, segundo os criadores de fantasmas, estão correndo enorme perigo, com o perigoso risco de serem tragados pelo dragão do comunismo, o que até pode ter algum fundo de verdade, mas que isto seja tratado em outra data e com a devida importância que esse assunto também possa merecer para os brasileiros.

A verdade é que os brasileiros, com atitude tão desrespeitosa e irresponsável, só demonstram irreverência e desamor à majestosa história do Brasil, com prevalência de outro assunto cuja importância  que diz respeito à atualidade e precisa ser assim tratado, de maneira independente.

Caso esses brasileiros não estivessem pensando com o umbigo e realmente quisessem mostrar preocupação com a possível perda dos direitos humanos e se isso estejam causando ameaças mesmo, de verdade, as manifestações marcadas para essa finalidade, previstas para o dia 7 de setembro deveriam ser realizadas o quanto antes, em data diferente e específicas, de modo a se respeitar a data histórica e secular, que é consagrada para se homenagear a importante e respeitável independência dos brasileiros.

Quando se questiona o porquê que nada dá certo neste país, é porque tudo se confirma com o velho adágio, no sentido de que pau que nasce torto, sempre morre torto, como no caso em comento, em que não tem o menor cabimento se aproveitar importante data histórica para se reivindicar direitos que já existem em abundância, ressalvados os moinhos de vento que são cultuados no governo da incompetência, que prefere a condução das questões pelos caminhos mais tortuosos possíveis, cujos resultados são vistos por meio das intermináveis e insolúveis crises, ou seja, quanto mais incompetência, mais crises intermináveis.

Infelizmente, a culpa por todos os desacertos só pode ser imputada ao povo, que sempre concorda com tudo que é errado, como nesse caso, que jamais deveria aceitar a realização de mobilização política exatamente para o Dia da Independência, pois há tantas outras datas disponíveis, ora pois, que também deveria ser promovida sem a indevida introdução de religiosos, que devem cuidar exclusivamente dos assuntos relacionados à evangelização, à vista de enorme rebanho carente do seu aconselhamento religioso.

Apelam-se por que os verdadeiros brasileiros, que amam o Brasil, se conscientizem de que é preciso respeitar os sentimentos patrióticos da nação, como forma de culto e reverência aos fatos históricos da pátria, não se permitindo a banalização das comemorações que são sagradas para cultura de um povo evoluído e civilizado.

Brasília, em 15 de julho de 2022


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