segunda-feira, 25 de julho de 2022

A reeleição à vista

 

O presidente da República confirmou, de forma oficial, a sua candidatura à reeleição presidencial, por ocasião da convenção nacional do Partido Liberal, tendo um general como vice da sua chapa.

Em discurso, o presidente do Brasil pediu a Deus para que o povo brasileiro “nunca sofra as dores do comunismo”, fazendo alusão crítica à candidatura do seu principal opositor, na disputa presidencial, que se mostra seu rival direito na eleição deste ano.

Ele também relembrou momentos de seu governo, tendo afirmado que, “para o povo ser forte, a intervenção do Estado precisa ser cada vez menor”, apesar de não ter tido grandes atitudes nesse sentido, ao longo de seu governo, para aplicar, na prática, o que ele vem apenas sinalizando desde a primeira sua candidatura.

Apesar de seu governo ter sido envolvido em diversos casos de corrupção recente, a exemplo dos episódios ocorridos nos Ministérios da Saúde e da Educação, o presidente do pais tentou transferir a responsabilidade do atual momento para os governos anteriores ao seu, sempre batendo na tecla da corrupção, a exemplo dos escândalos do mensalão e do petrolão.

Embora completamente desnecessário, o presidente do país fez questão de mencionar as suas dificuldades perante o Supremo Tribunal Federal, tendo afirmado que “agora todos conhecem o STF”, assim também todos o conhecem, tendo a nítida impressão de que as crises geradas por ele são fruto exatamente da falta de diálogo e mais ainda da exacerbada intolerância, em que prevaleceu, sobretudo, o indisfarçável jogo pelo poder.

A pandemia também mereceu destaque no discurso do candidato, como forma de defesa de seu governo, tendo afirmado que “O mundo todo sofreu com isso. Buscamos medidas para melhorar o sofrimento de nosso povo”, tendo criticado o “fique em casa, a economia a gente vê depois”, algo com o qual, de maneira negacionista e antivacina, ele sempre se mostrou averso e contra durante toda a situação vivida, que resultou na morte de mais de 650 mil pessoas, só no Brasil.

Na verdade, a insensibilidade humanitário do governante, como se vê, contribui para dificultar se enxergar o lado positivo do “fique em casa”, como mecanismo importantíssimo para a preservação de vidas humanas, tendo apenas a triste percepção do sentido econômico, como se este fosse de maior prioridade do que a vida humana.

O presidente do país fez críticas à defesa da “ideologia de gênero”, tendo afirmado que o seu principal opositor pretende também legalizar o aborto e as drogas no Brasil, caso volte ao poder, a par de chamá-lo de “cachaceiro”, “nove dedos”, “descondenado” e “bandido”, que são verbetes completamente inadequados para ser lembrado em lançamento de candidatura, que merecia discurso de alto nível, sem nenhuma necessidade de atacar ninguém, mas sim apenas em termos apropriados ao evento, com proposições salutares que normalmente se constituem em algo marcante ansiado pelo povo, em especial pelo anúncio dos principais projetos e metas de governo, caso o candidato se eleja.

O presidente do país disse ainda que o governo federal está há três anos e meio sem corrupção e que os “jovens de esquerda” devem fazer comparação entre os dois governos, antes de decidir em quem votar.

Nesse ponto, o candidato se esqueceu que a espúria aliança com nefando Centrão, grupo político que simboliza o recriminável fisiologismo, caracteriza forma indireta de corrupção com recursos públicos, haja vista que se trata da ativa ação da velha política antes denunciada por ele, em que os inescrupulosos parlamentares garantem apoio ao governo, no Congresso Nacional, que é o caso desses inomináveis políticos, em troca de cargos públicos e emendas parlamentares.

É preciso lembrar ao candidato que, além da excrescência da aliança em si, ela foi selada para se evitar a abertura de impeachment do presidente do país, fato este que só evidencia o grosso do lamaçal que seu governo se colocou, por não envolver interesse público, mas sim causa particular, em defesa dele.

Ainda no discurso, o já candidato à reeleição fez apelo aos brasileiros para irem às ruas, no Dia Sete de Setembro, por considerar excelente oportunidade para protestarem contra a urna eletrônica, conquanto se trate de conclamação pública que o presidente do país deveria ter evitado, por ser ato estranho à liturgia do seu cargo.

Em síntese, trata-se de lançamento de candidatura mais pífia que se poderia ter sido planejada, em que o principal candidato se preocupou em fazer desnecessárias e inúteis críticas sobre casos e fatos que já se notabilizam na sua vida pública, todos recheados de mediocridades totalmente inaproveitáveis como fins públicos, bem assim como plataforma de governo.

Trata-se de indiscutível convocação de ato antidemocrático contra os que o candidato qualificou de “surdos de capa preta”, em referência aos ministros do Supremo, medida esta que não condiz com a liturgia do cargo presidencial e muito menos com o assunto tratado no evento.

Por fim, certamente, como metas de novo governo, não se espera novidade alguma em relação à atual gestão, extremamente decepcionante e pobre de realizações, salvo uma aqui e outra acolá, em termos de obras ou serviços públicos de impacto, em que a máquina pública continua envelhecida e inoperante, verdadeiro monstrodonte que resiste ao modernismo e às reformas estruturais, preferindo permanecer com a mesma mentalidade da prevalência do Centrão dando as diretrizes, inclusive no controle dos orçamentos da União, fato que já sinaliza para nada animador para o futuro do país.

Ou seja, trata-se de lançamento de candidatura das mais insossas dos últimos tempos, em que o candidato se esforça para ser o político mais perfeito da face da Terra, mais é apenas colecionador de críticas de seus opositores e da imprensa, tentando, sem sucesso, driblar os múltiplos tropeços entre as próprias pernas, sob montanhas de incompetência e deficiências, que demonstrou ser incapaz de aperfeiçoar o sistema eleitoral, embora ele venha jurando que haja a existência de caixa preta e pontos cegos nele, sem que ele tivesse habilidade para saneá-lo, por meio de adequadas medidas legislativas, preferindo tentar resolver na base do grito, como se fazem nas piores republiquetas.

O candidato de vanguarda, respeitado por suas competência e eficiência, teria aproveitado o lançamento da sua candidatura para fazer balanço das principais realizações da sua gestão, colocando em destaque os assuntos relevantes e aqueles que beneficiaram a população, aproveitando o ensejo para projetar seus novos planos, projetos e metas para a implementação na próxima gestão, caso ele seja reeleito.

Evidentemente sem necessidade de mencionar as inverdades já prometidas de mudanças em 2018 e não realizadas, uma vez que nada de bom foi feito, em relação às promessas, em termos de reformas das estruturas do Estado, da modernização dos serviços básicos da sua incumbência, como educação, saúde, segurança pública, infraestrutura, enfim, da melhoria das condições de vida da população, porque o seu governo somente se preocupou, forma prioritária, com a questão do armamento à população e nada mais mereceu cuidados especiais, nem mesmo as privatizações tiveram vez no seu governo.

Na verdade, como reina extrema mediocridade quanto aos atributos dos candidatos que se colocaram à disputa presidencial, o presidente do país, em rigorosa seleção, leva enorme vantagem sobre seus opositores, justamente porque ele tem em mãos a poderosa chave dos orçamentos da União, em condições de liberar recursos para os parlamentares e a população, a exemplo do orçamento secreto e do Auxílio Brasil, tendo ainda a mais importante e digna opção de se mandar para o espaço a indesejável e degradante mentalidade socialista.

Brasília, em 25 de julho de 2022

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