sexta-feira, 15 de julho de 2022

Ensinar ao presidente?

 

Em vídeo que circula nas redes sociais, aparece um cidadão bastante exaltado, conclamando o povo para se manifestar no dia 7 de Setembro, em especial, para, de maneira bastante clara, dizer ao presidente da República, que estará presente ao evento, segundo afirmação dele, o que ele precisa fazer, no presente momento, para contornar a gravíssima crise que vem se desencadeando, há algum tempo, contra as liberdades individuais e democráticas, com vistas à retomada dos rumos que o Brasil precisa seguir.

Na verdade e até mesmo por questão de sensatez e racionalidade, não se pode ter o menor acatamento à ideia ingênua e estapafúrdia como essa, de se imaginar que o povo deve dizer ao presidente da República o que ele deve e precisa fazer, logo em momento de gravíssima crise político-institucional, que, se verdadeiros os fatos vaticinados, eles podem pôr em risco até mesmo o cargo do presidente brasileiro.

No caso específico, é preciso se conscientizar de que o povo não tem a mínima noção sobre a verdadeira dimensão dos problemas políticos enfrentados pelo presidente do país, que, ao contrário, sabe perfeitamente as dificuldades pelas quais ele vem sendo obrigado a enfrentar no dia a dia do governo, cabendo tão somente a ele adotar as medidas cabíveis e apenas depois comunicá-las ao povo, cujo ato normal é o contrário daquele arquitetado pelo arvorado e desorientado cidadão.

O presidente do país, com o menor nível de seriedade e com alguma qualidade de inteligência, precisa ter consciência e firmeza de propósitos sobre as decisões necessárias ao seu governo, de modo que elas estejam em harmonia exclusivamente com o interesse público e que ele jamais tenha que esperar por opinião do povo para somente depois tomar as decisões que realmente são necessárias, porque isso só demonstra incompetência e falta de iniciativa de quem foi eleito para decidir tempestivamente sobre todos os assuntos de interesse público, em forma da satisfação do bem comum.

Agora, da própria natureza do estadista, nada impede que o presidente do país possa contar com o apoio do povo para os seus atos, o qual não precisa esperar para que isso ocorra em data especial, como 7 de Setembro, exatamente diante da imperiosa necessidade da desvinculação dos fatos, que são indistintos um do outro, além da conveniência de se evidenciar a sua adoção com base na imprescindibilidade da medida, evidentemente sem oportunismo nem populismo, que são marcar de governos despreparados.

Ou seja, o presidente do país competente jamais espera por opinião do povo para tomar decisão, quanto mais aquelas consideradas urgentes e imprescindíveis, quando elas são da maior relevância para o governo e o país, que devem ser essas cogitadas especialmente por ele, para o fim de pôr termo a gravíssima crise que foi instalada, em especial, entre o Executivo e o Judiciário, exatamente por falta de diálogo e compreensão entre ambos, que jamais deveriam existir em nação de regime democrático da importância do Brasil, levando-se ao entendimento de que as autoridades envolvidas preferiram eleger a intolerância para cuidarem de assuntos importantes, cujo procedimento só contribui para prejudicar a democracia.

Entende-se que as decisões presidenciais são sempre necessárias ao interesse nacional e jamais elas precisam da opinião do povo para a sua adoção, senão apenas do seu apoio, como forma de harmonização com os modernos princípios político e democrático.

A verdade é que o povo precisa realmente contribuir para o aperfeiçoamento da democracia, dando o seu apoio ao presidente do país quando isso for necessário e não permitir o acolhimento de ideias absurdas e despropositadas, como essa em comento, que tem apenas o formato do notório desserviço ao interesse público.

Brasília, em 15 de julho de 2022

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