sexta-feira, 1 de julho de 2022

Assepsia da vida pública

O pensamento político é de suma importância para se aquilatar a grandeza de uma nação, exatamente porque ela poderá ser bem mais evoluída e desenvolvida quando seus representantes públicos forem sérios e sábios, cônscios de suas responsabilidades cívica, política e patriótica.

Tem-se o exemplo vindo do século XIX, quando o maior político e homem público brasileiro de todos os tempos, o imperador Dom Pedro II sobressaiu em caráter e dignidade, quando dirigiu a coroa brasileira com a supremacia da honradez e moralidade, tendo se tornado o brasileiro mais admirado por conduta de integridade e lisura para com a coisa pública.

O sentimento do Dom Pedro II marcava pela pureza de princípios, em tudo que estivesse sob a sua incumbência, até os empregados da sua residência, considerando grandeza e a qualidade da autoridade de imperador do Brasil, eram pagos pelo próprio bolso, não havendo despesa com mordomia como tem sido o esbanjamento da atualidade, por parte dos aproveitadores do erário.

Certa feita, Dom Pedro II disse que, “Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro.”.

Ou seja, para o imperador Dom Pedro II, nada era mais importante do que a nobreza de caráter, solidez da inteligência e a formação dos dirigentes dignos do Brasil, evidentemente com o pensamento voltado para a solidez da integridade moral e da responsabilidade como princípios de conduta, na vida pública.

Já naquele século, existia a conscientização sobre a necessidade impositiva da fiel observância aos princípios ético e moral, na expectativa de que essa salutar elevação de princípios modelares fosse ter continuidade com o passar dos tempos e a evolução do homem, por meio dos avanços da humanidade, à vista do tanto de aprendizado que foi se avolumando ao longo dos tempos.

Não obstante, houve mesmo foi brutal e decadente retrocesso ao longo do tempo, a ponto de político da atualidade não ter aprendido absolutamente nada com a riquíssima evolução da ciência e da tecnologia, no curso dessa eternidade secular, desde quando o então imperador propugnava pela nobreza dos conhecimentos e condutas dos homens públicos, que lídimo modelo de nobreza, em todos os sentidos.

A propósito disso, tempos atrás, o principal político da oposição disse que “A profissão mais honesta é a de político, porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua encarar o povo e pedir voto. O concursado não. Se forma na universidade, faz um concurso e está com o emprego garantido.”.

Essa é a verdadeira mentalidade do político desavergonhado da atualidade, que tem consciência de que é ladrão por natureza e que precisa pedir voto para se perpetuar no poder, todo ano, como forma de se manter na atividade pública, como autêntico desonesto e aproveitador do dinheiro público, uma vez que a tão importante missão política é confundida com o apascentar no seu âmago a ideia de normalidade da vida política, ou seja, a desonestidade é tida como normal para muitos inescrupulosos homens públicos.

Ou seja, por mais ladrão que ele seja, esse seu sentimento de “honestidade” o obriga a mendigar o voto nas ruas, como forma de se manter em atividade, mesmo em dissonância com os princípios da moralidade e da dignidade.

Na verdade, essa forma de sinceridade, que nega, de forma peremptória, a honestidade na política, fere a sensibilidade das pessoas dignas e honestas, que têm entendimento completamente diferente do que seja política de verdade, que tem por propósito tão somente a satisfação das necessidades da sociedade.

O sentimento que se extrai de afirmação deplorável como essa é o de que político com mentalidade tão deprimente não tem o menor pudor em menosprezar os reais valores intrínsecos do que seja a finalidade política, como deve ser instrumento incapaz para a satisfação de projetos políticos pessoais, evidentemente em visível detrimento das causas públicas, como deve ser a forma da sua primazia filosófica.

Os pensamentos dos dois homens públicos, supratranscritos, ditos em diferentes e distantes épocas históricas brasileira mostram, com bastante clareza, que o homem público ridiculamente involuiu de forma homérica, em nítida negação aos fabulosos conhecimentos científicos e tecnológicos acumulados ao longo do trajeto da história republicana, em notório prejuízo aos princípios político e democrático.

No momento em que o homem público não tem o menor escrúpulo em defender o seu lado de explícita desonestidade, se manifestando com muita clareza, no sentido do reconhecimento de que “por mais ladrão que ele seja”, ele ainda precisa pedir voto, é preciso que os brasileiros honrados e dignos se esforcem em eliminar esses desprezíveis políticos da vida pública, como forma da imprescindível assepsia da administração pública.

Convém que os verdadeiros brasileiros possam se preocupar, como forma de amor ao Brasil, em aquilatar o que pretende o político com sentimento insensato que banaliza o real significado da atividade política não como a fortaleza de instrumento capaz de propiciar bem-estar para a sociedade, mas para a proliferação de desonestidade com o emprego dela, tendo por objetivo apenas o aproveitamento das benesses do poder.          

           Brasília, em 1º de julho de 2022 

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