terça-feira, 18 de abril de 2023

A recusa de militares?

 

Sob o título “Oficiais se recusam a permanecer no Exército e na Aeronáutica”, uma revista militar noticia militares médicos e engenheiros estão deixando a caserna, sob o argumento de baixos salários e outras questões como a precariedade dos direitos individuais, além de métodos antiquados e subjetividade na avaliação do desempenho no dia a dia, sem relação com as atividades funcionais.

Um primeiro tenente disse que os salários são baixos e a perspectiva de chegar ao topo da carreira depende de muita coisa que não corresponde à sua visão de mundo, como adular autoridades e fazer vista grossa para erros e arbitrariedades.

Os oficiais que têm deixado serviço militar são normalmente jovens que em tese teriam boas perspectivas de carreira nas Forças Armadas.

Um dos militares que vai deixar a Aeronáutica se destacou no Instituto de Tecnologia da Aeronáutica, por ter apresentado o melhor trabalho de graduação de 2022, na área de Engenharia de Computação.

Um profissional jovem e com essas características facilmente obtém salários e condições de trabalho muito melhores do que se encontra nas Forças Armadas.

Tenho para mim que o termo correto da reportagem não seria ”…oficiais se recusam a permanecer…”, mas sim “…oficiais decidem deixar a carreira militar…”.

Está mais do que evidente que oficiais qualificados como, em especial, engenheiros e médicos somente sairiam das Forças Armadas se não tivessem bons empregos na iniciativa privada.

É mais do que certo de que todos eles já têm boas colocações no mercado de trabalho, especialmente os engenheiros do ITA, cuja instituição tem prestígio de excelência no mercado privado, justamente por formar profissionais extremamente qualificados.

No caso dos médicos, eles, todos, já trabalham fora da caserna, uma vez que a lei assegura a eles a carga dupla de trabalho.

Parece oportuno que seja salientado que, possivelmente, as justificativas apresentadas para a dita recusa, diga-se, desligamento do cargo, não passa de desculpas esfarrapadas, absolutamente incompatíveis com a motivação verdadeira.

Diante do exposto, não passa de balela se afirmar que oficiais se recusam a seguir a carreira militar.

Tanto isso é verdade que, nas demais carreiras do oficialato, não existe qualquer recusa idêntica.

Essa notícia carece de fidelidade, porque o seu verdadeiro objeto não condiz com a realidade, quando somente duas importantes especialidades, que praticamente têm vida própria, em termos profissionais, estão decidindo sair do serviço militar, na certeza de melhor futuro na vida privada.

Brasília, em 18 de abril de 2023

Nenhum comentário:

Postar um comentário