Sob
o título “Oficiais se recusam a permanecer no Exército e na Aeronáutica”, uma
revista militar noticia militares médicos e engenheiros estão deixando a
caserna, sob o argumento de baixos salários e outras questões como a
precariedade dos direitos individuais, além de métodos antiquados e
subjetividade na avaliação do desempenho no dia a dia, sem relação com as atividades
funcionais.
Um
primeiro tenente disse que os salários são baixos e a perspectiva de chegar ao
topo da carreira depende de muita coisa que não corresponde à sua visão de
mundo, como adular autoridades e fazer vista grossa para erros e
arbitrariedades.
Os
oficiais que têm deixado serviço militar são normalmente jovens que em tese
teriam boas perspectivas de carreira nas Forças Armadas.
Um
dos militares que vai deixar a Aeronáutica se destacou no Instituto de
Tecnologia da Aeronáutica, por ter apresentado o melhor trabalho de graduação de
2022, na área de Engenharia de Computação.
Um
profissional jovem e com essas características facilmente obtém salários e
condições de trabalho muito melhores do que se encontra nas Forças Armadas.
Tenho
para mim que o termo correto da reportagem não seria ”…oficiais se recusam a
permanecer…”, mas sim “…oficiais decidem deixar a carreira militar…”.
Está
mais do que evidente que oficiais qualificados como, em especial, engenheiros e
médicos somente sairiam das Forças Armadas se não tivessem bons empregos na
iniciativa privada.
É
mais do que certo de que todos eles já têm boas colocações no mercado de trabalho,
especialmente os engenheiros do ITA, cuja instituição tem prestígio de
excelência no mercado privado, justamente por formar profissionais extremamente
qualificados.
No
caso dos médicos, eles, todos, já trabalham fora da caserna, uma vez que a lei
assegura a eles a carga dupla de trabalho.
Parece
oportuno que seja salientado que, possivelmente, as justificativas apresentadas
para a dita recusa, diga-se, desligamento do cargo, não passa de desculpas
esfarrapadas, absolutamente incompatíveis com a motivação verdadeira.
Diante
do exposto, não passa de balela se afirmar que oficiais se recusam a seguir a
carreira militar.
Tanto
isso é verdade que, nas demais carreiras do oficialato, não existe qualquer
recusa idêntica.
Essa
notícia carece de fidelidade, porque o seu verdadeiro objeto não condiz com a
realidade, quando somente duas importantes especialidades, que praticamente têm
vida própria, em termos profissionais, estão decidindo sair do serviço militar,
na certeza de melhor futuro na vida privada.
Brasília, em 18 de abril de 2023
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