Em
mensagem que circula nas redes sociais, consta o apoio de bolsonaristas se manifestando
em apoio e respeito aos empresários que ofereceram carros blindados,
helicóptero e jatinho para uso do último ex-presidente do país, dando a entender
que isso é absolutamente normal, sob a ótica dos princípios republicanos.
Diante
de situação extremamente estapafúrdia, eu disse que o político que tem o mínimo
de dignidade e honradez e que, sobretudo, valoriza os princípios da ética e da
moralidade, jamais poderia aceitar cortesia que não estivesse devidamente em
harmonia com a padronização dos princípios republicanos e democráticos, em
termos apenas de modicidade, sem qualquer ostentação, que é, indiscutivelmente,
a cortesia de carro blindado, por exemplo.
Certamente,
sob o prisma da racionalidade pública e da decência política, onde o homem
público precisa provar o seu lícito comportamento perante a sociedade, na forma
de absoluta decência ética, jamais se podendo concordar que alguém se digne a
se beneficiar com qualquer forma de benefício que extrapole à normalidade
aceitável como razoável, no âmbito do exercício de atividades relacionadas com
a política, que diz com a vida pública, que exige bons exemplos sobre condutas
somente exemplares.
À
toda evidência, a cortesia de carro blindado para uso de político fere de morte
todos os princípios republicanos, em desprezo definitivo da decência e da honradez,
diante da monstruosa disparidade que isso representa em termos de padronização
quanto à ética e à moralidade públicas, exatamente por haver claro exagero no
benefício, quando se sabe que empresário não faz cortesia sem visar recompensa
futura e os políticos promíscuos sabem perfeitamente a exata forma do pagamento,
que tem sido normalmente por meio de contratações privilegiadas e outras formas
espúrias de relacionamento com a administração pública.
A
propósito disso, importa frisar que a cultura brasileira, nesse particular, tem
caldo bastante grosso da promiscuidade entre o governo e empresas e
empreiteiras, a exemplo das ricas lições deixadas por construtora que se tornou
famosa por abastecer gorda conta bancária de ex-presidente, a par de reformar sítio
e imóveis, entre outras tantas benesses à conta de contratos celebrados com a Petrobras.
No
caso em comento, percebe-se, ao contrário do envergonhamento, o regozijo por
parte de quem é privilegiado com a cortesia absurda e estravagante, além dos
aplausos de seus conformistas seguidores, que não conseguem enxergar qualquer
irregularidade em prática visivelmente indigna e contrária aos comezinhos
princípios de conduta inerente à grandeza da compostura exigida do homem
público, que se mostra completamente cediço às facilidades estranhas às
práticas republicanas da honestidade, da moralidade e do decoro, na vida
pública.
Tanto
se fala em corrupção e desonestidade na vida pública, mas têm sido normais as
atitudes que somente confirmam a irrelevância da promiscuidade de homens
públicos, como nesse caso da cortesia de carro blindado, em que o normal, em
termos de correção e decência, seria a recusa, in limine, diante do
senso da razoabilidade pública, que não se harmoniza com benefício senão apenas
simbólico, sob a ótica da valorização módica e razoável, como assim deve ser
nas atividades relacionadas com a administração pública.
Convém
que os verdadeiros e honrados brasileiros se conscientizem de que constitui
atitude de extrema indignidade e promiscuidade a aceitação de cortesia que não
se comprima na padronização da razoabilidade pública.
Brasília, em 6 de abril de 2023
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