quinta-feira, 13 de abril de 2023

Humilhação?

 

Conforme vídeo que circula nas redes sociais, são mostradas imagens colhidas em vistas áreas dos canais da transposição das águas do Rio São Francisco, completamente secos, em razão do fechamento dos registros das comportas que liberam o fluxo das águas.

Não se pode considerar isso somente como mera forma de humilhação aos nordestinos, por meio do desatinado e desrespeito impedimento da importante transposição das águas que significam a beleza da vida de um povo que teve seu sonho realizado com o abastecimento do precioso líquido, na sua região sempre marcada pelo abandono das autoridades do poder, em gesto covarde e sórdido para com o povo símbolo do sofrimento por fruto da maldade que mais uma vez se materializa, sem qualquer causa a justificar tamanha e inacreditável desgraça, em forma de punição extremamente recriminável.

À toda evidência, parecia até miragem, daquelas que acontecem nos desertos, à vista de tanta bondade, para ser verdadeira a abundância e a fartura de água, passando bem perto das portas de quem já estava calejado de tanta falta d’água!

Na verdade, isso se caracteriza, literalmente, o extremo da crueldade e da desumanidade, em se conceder a fartura do líquido da vida e, logo em seguida, desligar o seu fluxo normal, deixando tudo seco, como mostram as imagens constantes do referido vídeo, que se acredita seja ele verdadeiro, por mais que se resista a acreditar em terríveis insensatez e maldade para quem só merece bondade.

A verdade é que as consequências dessa monstruosa insensatez trazem, em primeiro plano, a falta da água para os nordestinos carentes, além da desastrosa e perversa destruição natural e progressiva das estruturas de concreto, construídos a preço de ouro, que vão ressecar e rachar muito mais rapidamente estando sem água, devido aos efeitos do forte calor próprio da região, cuja montanha de dinheiro para custear as necessárias restaurações certamente será tirado de importantes programas, quiçá que seriam destinados ao benefício dos próprios nordestinos ou até mesmo de outras áreas igualmente carentes.

Esse deplorável desastre contra a honra e a dignidade dos nordestinos contrasta com o resultado da votação maciça dada ao presidente do país, que não esboça a menor preocupação, pelo menos não se tem conhecimento sobre isso, até então, por conta dessa verdadeira calamidade humanitária, por se tratar de sistema de abastecimento sob o controle da área federal.

De seu turno, causa enorme perplexidade que, sendo forma visivelmente de desprezo e castigo aos nordestinos, que foram tão entusiásticos batalhadores em apoio e defesa do então candidato vitorioso, não se ouve ninguém, nem povo nem político, levantar a voz em protesto contra medida extremamente prejudicial aos interesses da região, reconhecidamente carente de água e medidas outras em amparo às causas prioritárias da população nordestina.

Causa espécie, ainda, que havia acentuado e explícito sentimento de orgulho dos nordestinos, por terem contribuído, com o seu voto, para eleger o candidato que era considerado orgulho e salvador da pátria ou, mais especificamente, do Nordeste, mas aquelas vozes, estranhamente, se calam agora, logo quando realmente elas se tornam extremamente importantes, quando menos para lembrar que os seus votos foram fundamentais para elegê-lo.

Não parece justo que a recompensa por esse apoio seja feita precisamente sob a forma de ingratidão e desprezo, conforme mostram as duras imagens, diante de situação que tem representatividade de muita importância para a vida dos nordestinos.

Sim, é muito importante que se faça o devido e oportuno registro dessa lamentável e desumana situação, para que seja possível tentar se resgatar a dignidade dos nordestinos, que certamente não merecem tamanho descaso, logo por parte de quem foi prestigiado com a melhor deferência nas urnas.

Brasília, em 13 de abril de 2023

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