Em que pese declaração
de neutralidade na disputa geopolítica entre Estados Unidos e China, o Brasil
deu indicação de claro alinhamento com os chineses e a Rússia, segundo
entendimento do governo americano, por ter alegado que “os brasileiros não
só não têm prezado pelo equilíbrio em seus posicionamentos como teriam adotado
uma clara oposição a Washington.”.
Na visita à China, o
presidente brasileiro criticou abertamente os EUA, tendo dito que aquele país
incentiva a continuidade da Guerra da Ucrânia, além de atacar a hegemonia do
dólar e insinuar que os americanos pressionam o governo brasileiro a boicotar a
China, conquanto o presidente brasileiro, em encontro com o presidente
norte-americano, não fez qualquer crítica ao governo de Pequim ou de Moscou.
O governo
norte-americano afirma que o presidente brasileiro adotou tom aberto de
antagonismo aos EUA, quando deixa antever a sua visão que enxerga os EUA como um
dos obstáculos para o fim da guerra na Ucrânia, além de insinuar que a China e
a Rússia são os países que vão levar a paz ao conflito, declarações de claro posicionamento
do Brasil, em favor de um dos lados.
Essa ideia ficou
bastante evidente quando o presidente brasileiro afirmou que “é preciso que
os americanos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz, para a
gente convencer o Putin e o Zelenski de que a paz interessa a todo mundo e a
guerra só está interessando, por enquanto, aos dois.".
Também tem despertado
preocupação declarações tendenciosas do presidente brasileiro, no sentido de que
o presidente da Ucrânia, país invadido pela Rússia, "não pode (...)
ter tudo", tendo afirmado ainda que "Putin não pode ficar
com o terreno da Ucrânia, mas que talvez se discuta a Crimeia", dando
a entender que Kiev deveria abrir mão do território, anexado por Moscou em
2014, antes da invasão que culminou com o conflito atual.
A conclusão do governo
americano é a de que o presidente brasileiro incorporou no seu discurso o
entendimento agressivo, errático e antidiplomático da Rússia, que é o país invasor,
sem causa a justificar a bárbara agressão, em cristalina violação à soberania
da Ucrânia e desrespeito à Carta da Organização das Nações Unidas - ONU, além
da prática de inúmeros crimes de guerra, em escalado desprezo aos princípios
humanitários.
No caso específico da
guerra em comento, o único papel decente e diplomaticamente falando, no
contexto internacional, por não ter qualquer interesse envolvido no conflito, é
tão somente no sentido de que o Brasil ganharia o devido respeito entre as nações
apenas demonstrando iniciativa capaz de contribuir para as negociações que
levem à paz entre os países em guerra.
No adiantado dos
conflitos, convém que o Brasil possa interferir excepcionalmente com o
oferecimento, quando muito, de opiniões transformadoras de estímulos às mediações
construtivas e objetivas, principalmente com a apresentação de ideias que suscitem
a adoção de efetivas medidas sensatas e de equilíbrio à racionalidade civilizatória,
evidentemente sem essa de manifestação de notória parcialidade, quando é preferível
a neutralidade, em nome da sensatez e do bom senso diplomáticos.
Enfim,
é compreensível que o Brasil demonstre seu esforço para que se alcance, o mais
rapidamente possível, o término dessa guerra cruenta, desnecessária e desumana,
mas é preciso, por questão de racionalidade diplomática, que o governo
tupiniquim evite tomar partido por um dos lados, principalmente porque isso normalmente
tem custo muito alto, em termos das relações entre os países amigos, à vista dos
alertas vindos dos Estados Unidos da América, dando a entender que a
neutralidade deve ser o caminho recomendado, nesse caso.
Brasília, em 16 de abril de 2023
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