segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

De cabeça erguida

As caravanas promovidas pelo partido do maior politico brasileiro, com a presença dele em todos os eventos, mostraram a completa decadência política de quem já foi superaclamado nas praças públicas e por onde passasse, sempre arrastando multidão, como verdadeiro mito.
As caravanas evidenciaram, de forma clara, a degeneração da sua imagem, como homem público, à vista da fraca presença de público nas cidades e locais em que era recebido e por onde andou, que não passava de gatos-pingados, mostrando aqueles com a estrela no peito e outros ligados a sindicatos e entidades sociais beneficiadas pelos programas assistenciais dos governos petistas.
Ou seja, salvo a militância partidária, o povo mesmo pouco teve interesse em comparecer aos eventos, aos comícios e às demais atividades, todos de cunho político, para ouvi-lo, possivelmente por saber que ele já não tem mais nada de interessante para dizer ou transmitir senão tentar se defender das denúncias que tramitam na Justiça, certamente, na versão dele, todas com a finalidade de prejudicá-lo, em termos político, segundo ele, por se achar imaculado e injustiçado, ante a sua áurea de inocência, que é assim que imagina, sobre os fatos apontados como sendo inventados com a finalidade de alijá-lo da corrida presidencial.
Vejam-se que nem nas cidades do Nordeste o político teve vida fácil, porque ele foi obrigado a encarar algumas manifestações contrárias à presença dele por lá.
Por certo, o político aproveitou as caravanas para avaliar que os tempos atuais são completamente diferentes do passado, quando existia multidão de simpatizantes voluntários, sem a necessidade de mobilização, como agora, que é feita normalmente a preço do desembolso de dinheiro para, em muitos casos, pagar a presença deles, mediante diária e lanche, a conhecida mortadela.
Agora, conforme mostraram as caravanas, o povo tem a consciência de que é preciso que o político se esforce em mostrar a sua inocência com relação aos fatos que pesam sobre seus ombros, que podem nem ser verdadeiros, mas compete exclusivamente a ele e não à Justiça provar a sua inculpabilidade, como condição imprescindível para que ele consiga readquirir a confiança e o carisma das multidões do passado, que foram deslustrados em razão dos terríveis escândalos que, à luz dos princípios ético e moral, não se harmonizam com a dignidade intrínsecas das atividades na vida pública.  
Tem um ditado popular que diz que o povo tem o governo que merece e certamente os brasileiros não merecem e não podem, a bem do bom senso, da razoabilidade e da verdade, permitir que o homem público que se envolveu com tantas denúncias de corrupção, se verdadeiras ou não, mas já há a condenado à prisão em um processo pela Justiça, a nove anos e seis meses, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, possa voltar a representar uma nação, sem antes limpar seu nome na Justiça, depois de comprovar a licitude sobre seus atos na vida pública.
Além disso, existem ainda outras ações criminais na Justiça, em razão de acusações sobre a prática de atos irregulares, por desaprovação de desempenho como gestor de recursos públicos, sem que tenha conseguido explicação nem justificativa para nenhum dos fatos apontados como da autoria do político, a exemplo do caso do tríplex, em que o juiz não acolheu a sua defesa, à vista da superioridade dos elementos constantes dos autos, que suportam a materialidade das provas sobre a autoria do crime denunciado.
À luz da moralidade e da dignidade, que são princípios essenciais na vida pública, é inconcebível que alguém possa ter condições de representar o povo e até mesmo a nação, em termos de idoneidade e conduta moral, com currículo nada republicano como o desse cidadão, cujos fatos são encarados por ele apenas como inexistentes, quando a sua obrigação é de prestar contas à sociedade, mediante a apresentação de provas plausíveis, porque ela não se convence com meras negativas verbais, por não terem consistência nem validade, em termos jurídicos.
Por enquanto, existe a condenação sobre o caso do tríplex, o que já é o início para se derrubar a tese apregoada de inocência, que não foi aceita pelo juiz da Lava-Jato, justamente por ter sentenciado o político, diante de não ter aceitado as argumentações contrárias às investigações, que podem ter sido comprovados, nos autos, os fatos objeto da denúncia.
Por sua vez, alega-se que a condenação foi sentenciada sem provas, mas não houve qualquer ação da defesa contestando tal fato, o que vale dizer que o magistrado não teria cometido crime de prevaricação, que é quando ele atua e condena sem que existam as provas sobre a materialidade com relação à autoria do crime.
Conviria, para os fins da sensatez e da humildade que precisam existir na consciência dos homens públicos, que o político tivesse sensibilidade para se autoavaliar, com vistas a saber se ele próprio gostaria de ser representado politicamente por alguém com histórico tão polêmico e recheado de fatos contraditórios como o dele, se é que ele tem interesse para perceber a gravidade do que representa o elenco de processos criminais em tramitação na Justiça contra ele.
Como o momento político se encontra em plena fase de ebulição, espera-se que a verdade e a legalidade sobre os fatos denunciados sejam devidamente declinadas e escancaradas à saciedade, para que aqueles que se dignem a representar o povo se apresentem evidentemente de cabeça erguida, com o devido respeito aos princípios republicanos de provar antes a sua real inocência, ante os fatos denunciados, por meios e elementos juridicamente válidos, de modo a ser exibido o atestado de idoneidade e conduta ilibada, com relação à vida pública pregressa, não cabendo, para candidato a cargo público eletivo, apenas se dizer, da boca para fora, sem a menor plausibilidade, que é inocente.
De tanto prosperar a mentira e fazer parte do noticiário político, os brasileiros anseiam por que a verdade seja finalmente resgatada e possa prevalecer como fonte para a mudança da velha política para novos tempos de modernidade, em que os estadistas possam se render às reais finalidades políticas, quais sejam, o exclusivo atendimento do interesse público, com embargo das práticas próprias dos políticos profissionais que fazem miséria para a conquista do poder e a absoluta dominação das classes política e social, como forma de satisfação pessoal e partidária, em evidente prejuízo das causas nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 1º de janeiro de 2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário