sexta-feira, 27 de outubro de 2023

A importância do voto

 

No atual estágio da democracia tupiniquim, há evidência de que os brasileiros não sabem votar e também não têm a mínima noção sobre a importância do voto, como relevante prerrogativa constitucional tanto para mudar os rumos da política como para alterar os destinos do Brasil, evidentemente por meio da escolha do representante político com real capacidade para defender os interesses da sociedade.

A sentença segundo a qual o povo tem o governo que bem merece deveria fazer sentido exatamente para quem de preocupa com a importância do voto, tendo como propósito e a crença de que somente haverá condições de mudanças se a escolha do representante político leve em conta, em especial, os atributos à altura do cargo para o qual ele será eleito, em termos de competência, sensibilidade, honestidade e responsabilidade com o interesse público.

Não faz o menor sentido a mera obrigação pedagógica de que o cidadão precisa votar, apenas sob o argumento do cumprimento forçado, obrigatório, sem qualquer compromisso de escolher os melhores candidatos com a responsabilidade de cuidar dos seus interesses, porque o ideal é sim que o voto tenha o melhor proveito no sentido cívico, com a escolha do melhor entre os melhores candidatos.

Não obstante, convém que o eleitor seja ensinado o quão é importante o voto consciente no candidato que tenha predicativos em sintonia com os interesses dos próprios eleitores.

Nesse ponto, conviria que os tribunais eleitorais tivessem o cuidado de selecionar, com rigor, as pessoas em condições de exercerem cargos públicos sob os auspícios da dignidade, da honestidade, da competência e da responsabilidade, inclusive sob a rígida observância dos quesitos de conduta ilibada e idoneidade, na vida pública, se for o caso, de modo que as pessoas sob alguma suspeita já seriam afastadas do pleito, por não preencherem as exigências mínimas, notadamente quem estiver com pendência na Justiça, eliminando os chamados fichas sujas da vida pública.

Como não há seleção alguma, a maioria dos parlamentares eleitos é  exatamente composta pelas mesmas pessoas de sempre, uma vez que elas aproveitam a inexistência sobre a existência de requisitos, como moralidade, honestidade e, em especial, comprovação de bons antecedentes na vida pública.

A verdade é que os políticos oportunistas e aproveitadores estão sempre se reelegendo, porque normalmente eles conseguem prometer realizações nunca cumpridas e terminam se elegendo, quantas vezes quantas quiserem, exatamente por falta de atenção dos eleitores, que acreditam em falsas promessas, que nunca são efetivadas.   

Na realidade, a única possibilidade de moralização do sistema eleitoral brasileiro começaria por sua reformulação, sob a exigência de se colocar os brasileiros em nível de igualdade, acabando com os privilégios de toda ordem e proibindo agrados em troca de voto, porque isso é a confirmação do desprezo à dignidade do voto e do próprio eleitor.

Em resumo, diante da enorme falta de interesse dos brasileiros, tanto o sistema político como o eleitoral vão continuar tão pobre e tão precário que, infelizmente, nada será mudado, permitindo que os aproveitadores e oportunistas permaneçam no poder, na mesma tranquilidade com que eles são eleitos, por eleitores completamente irresponsáveis e desinteressados no aprimoramento das regras político-democráticas.

                 Brasília, em 27 de outubro de 2023

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