quinta-feira, 5 de outubro de 2023

As queixas de militar

 

Conforme vídeo que circula nas redes sociais, um almirante reclama, com indignação, de ter sido censurado, de forma indevida, em razão de ele ter se manifestado sobre o desprezo aos princípios constitucionais e às liberdades democráticas, no Brasil.

Não há a menor dúvida de é muito triste se ouvir da autoridade de oficial general a afirmação de que a legislação existe no país e precisa ser respeitada, uma vez que, segundo ele: “A democracia se faz com direito a opiniões plurais. Na verdade, as leis brasileiras defendem a liberdade de expressão. O comandante da Marinha gostaria que se cumprissem todas as legislações que dizem respeito ao processo eleitoral (…) Eu sou brasileiro, tenho opinião e ninguém vai dizer que eu não tenho direito de opinião e além disso as leis precisam ser respeitadas e não devem ser torcidas.”.

Ou seja, o militar estrelado, que representa o auto posto da Marinha, se indigna contra o sistema dominante, dizendo exatamente a verdade sobre o que ele entende sobre a democracia brasileira, que se sustenta sobre os pilares do arcabouço jurídico, assegurando o sagrado direito de manifestação livre e soberana.

Nada mais lúcida do que essa declaração da verdade, em que pese a dura realidade não prevalecer assim exatamente como preconizado pelo ilustre almirante, porque, no meio do caminho tem uma gigantesca pedra, que ignora esse sagrado direito que somente é reconhecido por aquele militar, cujas palavras nada significam, ante o poder transformador investido por um único ministro, que se autodenominou de “todo-poderoso”, com poderes para decidir ao seu bel-prazer, sem haver qualquer contestação.

Ele tem sido capaz de adotar as decisões e os atos que ele bem entende, tudo em conformidade com o seu tirocínio ditatorial, em que não tem tido qualquer contraposição, em clara dissonância com o propalado Estado Democrático de Direito, brilhantemente defendido pelo almirante, cujas premissas vergonhosamente não têm a mínima validade, porque elas não têm a mínima ressonância.

Infelizmente, esse fato tem o mesmo significado do conhecido “dito pelo não dito”, uma vez que esse e os demais militares estrelados das Forças Armadas se acovardaram e se renderam à força do sistema dominante, mantendo-se em absoluto silêncio, permitindo que o uso e o abuso do direito de livre e soberana perseguição, além da prática de arbitrariedades e inconstitucionalidades, conforme mostram os fatos e nada acontece contra a usurpação dos princípios democráticos e constitucionais.

Urge que os brasileiros honrados e dignos reajam contra os abusos de autoridade e tudo que menospreza o livre exercício dos princípios democráticos, em especial quanto ao salutar direito às liberdades de expressão e aos direitos individuais.

Brasília, em 5 de outubro de 2023

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