quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Ativismo desnecessário?

 

Conforme mensagem que circular na internet, a Academia Brasileira de Letras externou seu pensamento com relação ao pleito eleitoral, dizendo, em nota, o seguinte: “Com a aproximação do pleito de 30 de outubro, a Academia Brasileira de Letras reafirma seu compromisso em defesa da manutenção da democracia e seu repúdio a tentativas de enfraquecê-la por meio de intimidações aos poderes institucionais.”.

Embora esse não seja o papel institucional da entidade, a clarividência da Academia Brasileira de Letras até faria muito bem em se preocupar com a defesa da consolidação dos princípios democráticos, caso ela também se voltasse, do mesmo modo, contra a possível e indesejável ameaça à ética e à moralidade, na vida pública, à vista de péssimos exemplos consistentes nos escândalos concretos envolvendo a aplicação de recursos públicos, que tanto prejudicaram a integridade da administração pública.

À toda evidência, instituições, intelectuais e inteligência do país fazem questão de ignorá-las, como se isso fosse tão somente invencionismo do passado, quando complete justamente a essa importante classe pensante da nação liderar mobilização da sociedade contra a desmoralização que tanto envergonhou os homens honrados e dignos do Brasil.

Quando uma instituição do quilate da ABL sai em defesa de algo que não tem nada a ver com a sua competência institucional, logo de se vê o desvio de finalidade da sua mensagem, que tem certamente o cunho em defesa da ideologia política timbrada na sua direção, que é completamente estranha aos seus desideratos institucionais.

Sim, todo brasileiro, que ama o Brasil, tem o dever de defender a manutenção e a integridade da democracia, porque ela é fundamental como esteio das liberdades e das vontades de um povo, que acredita na estabilização e na consolidação das instituições e no desenvolvimento dos brasileiros.

O alerta sobre ameaça à democracia não passa de ideia ingênua, descabida, diante da inexistência de qualquer caso concreto nesse sentido, o que bem demonstra preocupação absolutamente inócua e despropositada, mas isso só reforça a dispensabilidade da mensagem da sempre ciosa e respeitável instituição secular.

Enfim, a Academia Brasileira de Letras perde excelente oportunidade para se conter aos cuidados da sua importante missão institucional de zelar pelo aperfeiçoamento da melhor cultura das letras, quanto ao seu excelente emprego no enriquecimento do saber e do conhecimento dos brasileiros, dispensando, por óbvio, o seu envolvimento em ativismo político, visivelmente desnecessário.

Brasília, em 12 de outubro de 2022

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