quarta-feira, 19 de outubro de 2022

O melhor dos mundos?

           Em resposta aos comentários que foram feitos em relação à crônica que analisei a monstruosidade de se prometer picanha para os eleitores do candidato da esquerda, em especial, o povo pobre, um internauta teceu vários comentários acerca dos desvios de conduta do candidato à reeleição, tendo concluído que não tem como se votar em candidato nessas condições.

Em primeiro lugar, percebe-se o internauta não faz qualquer comentário acerca do tema enfocado na minha crônica, que diz com a promessa de distribuição de picanha, mas foi pródigo em debulhar um rosário de maldades protagonizadas pelo candidato à reeleição.

Por seu turno, aproveito o ensejo para deixar muito claro que não defendo o governo nem tenho procuração dele para ouvir as queixar sobre assuntos relacionados a ele, como assim é a ilação que se pode tirar das queixas postas em cinco mensagens colocadas pelo internauta.

A prova de que não tenho nada a ver com os assuntos do governo, em hipótese alguma, são os meus textos, onde em nenhum deles há qualquer defesa dele.

Tudo aquilo que foi elencado pelo internauta como atos falhos do governo pode ser a verdade dele sobre o governo e eu não tenho motivo algum para contestá-lo, porque é a verdade desse cidadão sobre o candidato à reeleição.

Por sua vez, não quero nem tenho condições alguma para induzir ninguém a votar diferentemente da sua consciência política, mesmo porque cada cidadão precisa se conscientizar sobre o que seja realmente o melhor para o Brasil.

Quem achar que o presidente não serve para governar o país, é o seu direito democrático de não votar nele.

Dessa forma e assim entendendo, acho que tenho todo direito, em forma de reciprocidade, porque isso faz parte da legado democrático, de se puder dizer que o político que teve, no seu governo, dois dos maiores esquemas criminosos de corrupção já conhecidos na história brasileira, na forma dos escândalos do mensalão e do petrolão, não reúne, sob a minha avaliação, condições morais mínimas para presidir o país da grandeza do Brasil e do seu povo.

Ressalvado, por óbvio, o entendimento de pessoas que ignoram o verdadeiro sentido da importância dos princípios republicanos da moralidade, da honestidade e da dignidade, na gestão pública, uma vez que o político da esquerda foi condenado à prisão, por força do envolvimento dele no recebimento de propinas, à vista da caracterização da prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que têm como implicação a incompatibilidade dele com o exercício de cargo público eletivo, ante a impossibilidade da preenchimento dos requisitos de conduta ilibada e idoneidade, quanto aos seus atos na vida pública.

Causa estranheza que as pessoas sejam capazes de reconhecer os mínimos detalhes de desvios de conduta do adversário, mas se mostram absolutamente complacentes e indiferentes, evidentemente por conveniência política, quando há acusação ao seu candidato, inclusive considerando-o inocente, quando há vários processos sobre denúncias sob suspeitas da prática de atos irregulares, cuja autoria é atribuída à pessoa dele, os quais ainda pendem de julgamento.

Esses processos têm origem justamente nos nefastos escândalos supracitados, que, na forma legal, exigem prestação de contas e justificativas por parte dele à Justiça e à sociedade, mas ele não se dispõe a tanto e só alega que é inocente, quando não é enquanto não provar isso junto à Justiça.

A propósito, impende lembrar que, em nenhum país do mundo, nem mesmo nas piores republiquetas, o povo chega a ser tão serviu e demente à desmoralização da gestão pública, quanto à permissividade de aceitar que homem público condenado à prisão por desvio de dinheiro público, devidamente comprovado, uma vez que os processos pertinentes tramitaram sob o crivo de um juiz, três desembargadores e cinco ministros, integrantes, respectivamente, das primeira, segunda e terceira instâncias da Justiça, e todos os nove magistrados foram unânimes nos seus veredictos, pela materialidade da autoria dos crimes atribuídos ao réu, que não teve condições para provar a inocência dele, razão das sentenças condenatórias.

É bem de se vê que as citadas penas foram anuladas, exclusivamente por questões técnicas, quanto à incompetência de jurisdição, quando um ministro do Supremo Tribunal Federal entendeu, sem fundamento jurídico algum, que o político deveria ser julgado em Brasília e não em Curitiba.

Ou seja, como não houve exame sobre o mérito das ações penais, os atos infracionais propriamente ditos permanecem intactos, em comprovação do recebimento das propinas objeto das condenações anuladas, mas passíveis de novo julgamento, o que vale dizer que inocente ele não é, posto que, se assim fosse, ele não precisaria ser novamente julgado por atos irregulares supostamente atribuídos à autoria dele.

O certo é que o Brasil não merece nenhum dos candidatos que restam no páreo das urnas, mas as circunstâncias obrigam que seja eleito um dos dois e é normal que os eleitores escolham o menos pior para o Brasil, sabendo que o candidato da esquerda se encontra implicado até a raiz com casos penais na Justiça, não tendo a mínima condição moral para exercer cargo público da relevância da República, em especial pela necessidade de autorizar a realização de recursos do Orçamento da União, por ele ser potencial suspeito de se beneficiar indevidamente de dinheiro público.

          Brasília, em 19 de outubro de 2022

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