terça-feira, 4 de outubro de 2022

Fake news

 

        O resultado das eleições mostra e revela a realidade brasileira nua e crua, que tem o irretocável condão de causar estrondoso espanto ao mundo evoluído e civilizado, em termos políticos e democráticos.

Pois bem, conforme foi autenticado pelo Tribunal Superior Eleitoral, o principal candidato da oposição, que é ex-presidiário, por ter sido condenado pela Justiça brasileira, precisamente por ter recebido propinas por meio de recursos públicos, de forma comprovada, à vista de investigações sobre os fatos denunciados, conseguiu, pasmem, ter quase a metade dos votos sufragados nas urnas, na certeza de que a população o apoio maciçamente e concorda que ele possa presidir o Brasil, mesmo com a mácula de ex-condenado, em razão da prática de atos irregulares, com o envolvimento de dinheiro público, que não foram justificados por ele e continuam vivos na Justiça.

Fica muito claro, por meio dessa incompreensível atitude coletiva, que quase a metade dos brasileiros votantes convalidaram procedimentos ilegal de desvio de recursos públicos, tudo devidamente comprovado, na forma de provas materiais robustas, coligidas e carreadas aos autos pertinentes, à vista de depoimentos de testemunhas, delações premiadas, demonstrativos e extratos contábeis, controle de movimentação financeira e tudo o mais confirmando a improbidade administrativa, cuja autoria, em boa parte, é atribuída ao referido candidato, que não esboça o menor esforço em provar a sua inocência e muito menos limpar o seu nome junto à Justiça, que acomoda em seus escaninhos vários processos penais com o arrolamento dele, aguardando julgamento.

Na realidade, o resultado das eleições vem em socorro do dito popular brasileiro de que o crime compensa, cujos eleitores ensinam, por meio de ato concreto, que não vale a pena o homem público ser honesto, uma vez que todo o escândalo protagonizado por esse político foi mostrado, à saciedade, aos brasileiros e ao mundo, não restando absolutamente qualquer dúvida sobre os atos delituosos praticados por ele, que não teve a humildade de assumi-los e se responsabilizar por eles, mas apenas se considera inocente, o que mostra total insensibilidade com relação ao senso de zelo para com a coisa pública.

À luz dos princípios civilizatórios, em conformidade, em especial, com a evolução do homem, que se permitiu sair das trevas da ignorância e conquistar conhecimentos capazes do discernimento do certo e do errado, seria o caso, no mínimo, de completo desprezo a político que demonstra nenhuma índole de respeito aos princípios republicano e democrático, quanto à imperiosa necessidade da observância das condutas de respeito à coisa pública, por se tratar do patrimônio dos brasileiros.

A propósito disso, verifico, certamente demasiadamente pasmo e envergonhado, por meio de site oficial, que as urnas, na minha querida terra natal, deram 78,90% dos votos ao mencionado candidato, que se encontra em plena decadência moral, em face do seu deplorável histórico na vida pública, e apenas 16,77% ao candidato segundo colocado.
          Acredita-se até que isso não possa representar o verdadeiro sentimento de meus conterrâneos, que simplesmente menosprezariam quase que infinitamente o verdadeiro sentido do que representa para o homem moderno o respeito aos salutares princípios da dignidade, da moralidade, da honestidade, entre outros, na vida pública, à vista do apoio quase maciço a político que é símbolo da desmoralização no serviço público, na consistência dos crimes investigados nos escândalos do mensalão e do petrolão, de tão triste memória para os brasileiros honrados.

Poder-se-ia até se alegar que não tinham candidatos à altura da seriedade e dos bons propósitos político-administrativos, o que poderia se configurar hipótese verdadeira, o que se recomendaria, nas circunstância, a anulação do voto, o que seria o que talvez melhor se coadunasse com os sentimento de civismo e brasilidade.

Como prefiro não acreditar nas informações constantes do citado site, gostaria muito que alguém conhecedor da cultura e do povo da minha gloriosa terra natal dissesse que os aludidos percentuais são verdadeiros fake news.

Brasília, em 3 de outubro de 2022

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