Fui pessoa que se empenhou em mostrar para os brasileiros que o Brasil nunca vai deixar de merecer ser governado por quem realmente tem atributos e qualificações à altura da sua grandeza, em todos os sentidos compatíveis com os saudáveis princípios republicano e democrático.
Infelizmente,
a minha voz foi impotente e absolutamente incapaz de ser ouvida pelas pessoas com competência para decidir o destino do Brasil,
diante da certeza de que elas estavam muito mais interessadas em satisfazer
seus interesses político-ideológicos, sem a menor preocupação com as causas
nacionais e da sociedade.
Como,
de sã consciência, uma nação é capaz de eleger para presidente da República
pessoa que foi julgada e condenada à prisão, pela comprovada prática de crimes
de improbidade administrativa, exatamente sob a acusação do recebimento de propinas?
Esse
fato significa a prática do crime de lesa-pátria, que é incompatível tanto com as
atividades políticas como o exercício de cargo público eletivo, isso, pelo
menos, nos países sérios, evoluídos e civilizados, em termos políticos e
democráticos, cujo povo têm consciência dos verdadeiros significados dos
princípios da moralidade, da dignidade, da honestidade, entre outros, indispensáveis
à gestão pública.
Nesta
eleição, foi sim possível o exercício do primado da democracia, que é a escolha
do representante do povo, pelo povo, ou seja, pela maioria, que é soberana no
processo eleitoral, para defendê-lo com relação aos seus interesses e disso não
resta a menor dúvida, porque faz parte da evolução da sociedade e tem amparo
nos estatutos do país.
Não
obstante, é preciso que se reconheça que a própria democracia estabelece
importantes princípios, quais sejam, o de que esse representante deva preencher
os essenciais requisitos de conduta ilibada e idoneidade, na vida pública, e
que não tenha envolvimento com situações penais, que são exigências mínimas
inviáveis de atendimento pelo candidato eleito.
Sim,
essa notória forma de desmoralização na administração pública é de dupla responsabilidade,
tanto por parte do candidato, que deveria, em primeiro lugar, limpar o seu nome
junto à Justiça e à sociedade, para, somente depois disso, se habilitar à
disputa de cargo público eletivo, e, depois, em especial, dos eleitores, que se
dignaram a votar em político em plena decadência moral, por ele já ter sido
condenado à prisão e cumprido encarceramento, não tendo a mínima condição de
presidir o país com a grandeza do Brasil, porquanto a situação das acusações
referentes ao indevido e irregular beneficiamento de dinheiro público, que pesa
sobre ele, continua existindo, viva e ativa, aguardando novo julgamento pela
Justiça.
Que
moral e dignidade têm esses eleitores que se esbaldaram de exagerados alegrias
e festejos, na vitória de político completamente indigno para presidir o
Brasil, diante do seu currículo de ficha suja, logo por suspeitas do
recebimento de propina envolvendo recursos públicos?
Enfim,
este é dia bastante triste e melancólico para o Brasil e os brasileiros, diante
do ultraje à democracia, que possibilitou a eleição de político que envergonha os
salutares princípios republicanos, à vista dos fatos supracitados, e indignam a
grandeza do Brasil e do seu povo, que não merecem ser governados por quem não
preenchem, à toda evidência, os requisitos necessários ao exercício do
relevante cargo presidencial.
Neste
gravíssimo momento de luto por que atravessa o Brasil, a verdade precisa ser
dita, no sentido de que o povo que elegeu candidato em precárias condições morais,
por ele ter se envolvido em esquemas criminosos, como visto acima, deu sobeja
prova, para o mundo, da falta de sensibilidade quanto ao significado dos
princípios republicanos, deixando muito claro o seu apoio à corrupção e à impunidade,
fato este que envergonha a humanidade.
Convém,
por último, lembrar importante consolo, nesse caso sombrio, que diz com a
existência do ditado popular, com muita sabedoria, que o povo tem o governo que
merece e isso, agora, é fato.
Brasília, em 31 de outubro de 2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário