É sempre com alegria
no coração, que me sinto, quando concluo mais um livro, como neste caso, que representa
a minha sexagésima terceira obra literária, que se junta à minha já impressionante
coleção de livros, cujo acontecimento constitui motivação mui especial para o
acréscimo de saudáveis energias que alimentam minhas fontes criadoras e inspiradoras,
posto que preciso dessa seiva mágica para a continuidade das prodigiosas atividades
de escrever textos sobre os diversificados fatos da vida.
Assim, em continuidade
ao importante sentimento de se homenagear especiais personalidades ou entidades,
com a modéstia dedicatória de meus livros, ante a relevância de pessoas, fatos
ou instituições queridos e de prestígio, em razão do seu legado junto à
sociedade, em especial, de Uiraúna, tenho a alegria de me lembrar de notável
pessoa que foi exemplo e símbolo do bom artesão, com o fazimento de selas e demais
arreios, de fina qualidade e certamente também de conforto para os animais.
Refiro-me ao inesquecível
e bondoso velhinho Seu Tonheiro, que merece ser homenageado por mim, mesmo que
seja por gesto meramente simbólico, à vista das honrarias que ele bem fez por merecer
como cidadão que se dedicava a uma das artes mais difíceis, que era a raridade
profissão da feitura de selas e arreios para animais equinos, em especial.
A fotografia da capa
do livro foi especialmente escolhida para a homenagem à casa de meus queridos
avós maternos, onde eu permanecia bons momentos da minha infância, na prazerosa
companhia de meus queridos e sempre saudosos vovó Mariinha, tios Almir e Albaniza
e Quitinha e Vicente, estes dois últimos adotados pela família.
Transcrevo, a seguir, a dedicatória que faço com muito prazer, em
homenagem ao saudoso Seu Tonheiro, pessoa que guardo especial lembrança, por
ele ter prestado importante contribuição ao desenvolvimento de Uiraúna e foi
também meu bom companheiro na minha infância, cujo livro certamente se engrandece
com o meu gesto de carinho.
“DEDICATÓRIA
Esta
obra é dedicada, com muita alegria, ao artesão com a matéria-prima do couro,
Seu Tonheiro (in memoriam), que foi exímio fazedor de selas e demais arreios
para uso em animais, em especial equinos.
A
minha lembrança de seu Tonheiro é bastante remota e tem origem na minha tenra
idade de menino que ainda usava chupeta, mas eu era assíduo frequentador da sua
oficina, que funcionava próxima da casa de meus país, naquela casa que fica na
esquina da entrada do beco 51.
Eu
sei que o meu point era visitá-lo, acredita-se, pela manhã e, nessas
idas, que eram constantes, eu merecia especiais atenção e carinho dele e também
de se seu fiel escudeiro, sempre ao lado dele na oficina, de nome Antenor, que
gostava muito de assobiar.
Na
atualidade, tenho procurado associar Seu Tonheiro à figura do imaginário
Geppetto, que manipula, no filme, o boneco Pinóquio, como sendo uma pessoa de
idade, de estatura bem magra e semblante sereno, que transmitia confiança e
respeito.
Lembro-me
que Seu Tonheiro estava sempre de avental de couro e praticamente ele
permanecia de pé, trabalhando no corte dos modelos sob couro, para as selas e
os demais arreios.
Contam-se
que ocorreu interessante episódio comigo, na oficina, quando eu teria prendido
um de meus dedos com o uso de alicate, mas eu não tinha noção de como liberá-lo
e essa história se tornou engraçada porque, na tentativa de liberar o alicate,
eu o apertava ainda mais, aumentando o choro.
Lembro-me
que as ferramentas de trabalho e o material necessário, como cola, tachas, arrebites
e demais apetrechos ficavam em cima de uma mesinha colocada no centro da sala,
sempre cheia de encomendas prontas e em confecção.
Seu
Tonheiro era exemplo de produtividade e de competência na arte com couro, sendo
colecionador de boa parte da freguesia da região de Uiraúna.
O
amigão Seu Tonheiro era pessoa que inspirava confiança, por ser muito afável,
carinhoso, atencioso e de coração cheio de amor para comigo, que me tratava,
imagino, como se eu fosse um dos seus netinhos.
Enfim,
na minha lembrança, Seu Tonheiro foi pessoa muito especial na minha, pelo seu
companheirismo compartilhado comigo, que eu ainda não tinha noção de
absolutamente nada na vida, mas mesmo assim ele foi capaz de mim aceitar como
aquele intruso que fazia companhia à vida dele, o incomodando, mas sem perturbar
o bom desempenho do seu sempre eficiente trabalho artesanal com o couro, que
era uma das paixões dele.
Agradeço
a Deus pela oportunidade de me lembrar desse bondoso velhinho, que fez parte da
minha vida, na infância em primitiva, com o ar da sua atenção, da sua bondade e
do seu amor.
É
com prazer que o homenageio com a dedicatória deste livro, em razão de ele ter
contribuído de alguma forma na minha vida, porque é possível que o nosso
proveitoso relacionamento diário tenha tido alguma influência em forma de bons
fluidos vindos de pessoa excepcional.
É com carinho que dedico esse singelo
preito de gratidão a Seu Tonheiro, na certeza de que a minha convivência com
ele foi muito importante, em especial porque ele me aceitava diariamente com o
seu carinho do bom cristão, que acolhe com amor uma criança, notoriamente
sempre carente de atenção.
Muito obrigado, Seu Tonheiro, por
me permitir que nunca me esquecesse da sua camaradagem e do seu amor para
comigo.”.
Brasília, em 19 de outubro de 2022
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