quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Sem pudor!

A candidata ao cargo de presidente da República, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais, deve anunciar seu apoio ao candidato vitorioso desse pleito eleitoral.

No contexto político nacional, esse fato não constitui nenhuma novidade, permitindo-se a ilação, com absoluta certeza, de que a política brasileira continuará não merecendo qualquer credibilidade, quando pessoa pública, que se dizia de verdadeira estirpe, se digna a apoiar candidato que ela vem, há bastante tempo, com maior destaque agora, na campanha eleitoral, conforme os registros feitos nos debates televisivos, repudiando a sua maneira nada republicana de administração da coisa pública.

Essa parlamentar mereceu o respeito de muitos eleitores, justamente em razão da sua reputação de integridade moral, diante da sua postura crítica contra deslizes morais atribuídos ao candidato que ela o acusava da prática de indignidade na vida pública.

Não obstante, de repente, evidentemente por conveniência política, ela não se envergonha de deixar que tudo isso seja ignorado e jogado para o espaço sideral, para apoiar o lado podre da política brasileira, em clara demonstração de recaída moral e de vulgarização da sua história política.

Não há a menor dúvida de que todo brasileiro, no âmbito dos princípios democráticos, tem direito de apoiar, na vida pública, quem bem entender e achar conveniente, mas não deixa de ser estranho que político de verdade, pelo seu caráter de retidão e credibilidade construídos ao longo de sua carreira política respeitável, passe a ser leviano traidor desse passado glorioso, que jamais será recuperado diante da opinião pública, que não perdoará a sua união com a parte enlameada da política brasileira, conforme mostram os fatos.

Além dos inconvenientes políticos que o apoio ao candidato da esquerda brasileira poderá resultar, esse episódio marca a história política porque o partido dela foi considerado o principal golpista, porque o impeachment foi liderado pelo então vice-presidente da República, que depois se tornou presidente do país.

O mais grave dessa história nebulosa é que, de repente e sem nenhum um fato novo que pudesse justificar tal reviravolta no mundo político, a senadora resolve se jogar nos braços de quem o acusava de prática de desonestidade, como se nada de gravíssimo não tivesse acontecido em contrariedade ao princípio da moralidade pública, por parte do seu agora correligionário, sabidamente por objetivos políticos, à vista dos interesses e das conveniências pessoais e partidários.

É evidente que essa aliança demonstra visível falta de personalidade e caráter de ambas as partes, que se unem em praça pública, sem a menor cerimônia, em calorosos abraços, para selarem apoio sabidamente de extrema imoralidade, diante das desavenças e manifestadas travadas por discordâncias envolvendo opiniões morais e políticas.

Os brasileiros honrados e de bem repudiam, com veemência, a escancarada politicagem brasileira, em que ninguém se robustece mais com a desmoralização dos princípios ético e moral, permitindo que se banalizem práticas ofensivas aos conceitos de legalidade, moralização e dignidade, entre outras indecências que depõem contra a seriedade das práticas políticas, quando todos os meios e fins espúrios são empregados para o atingimento de seus objetivos pessoais e partidários, em evidente detrimento das verdadeiras causas do país e do interesse público.

          Brasília, em 5 de outubro de 2022 

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