Diante da crônica
da minha lavra, intitulada “O povo
merece”, uma distinta senhora houve por bem se manifestar em contraposição ao
meu texto, tendo escrito o seguinte: “O
primeiro TRICAMPEÃO da história do Brasil!! Parabéns para o Nordeste que foi a
força maior de eleger o candidato Lula. Espero que o senhor (deve se
referir ao candidato eleito) faça seu trabalho do jeito que falou seu
pronunciamento no fantástico e não nos decepcione mais. E viva o Nordeste!!
Vivaaaaa. Sou Nordestina com muito orgulho. (...) Política
é um jogo, ganha quem tem que ganhar e qdo o povo quer, nem que sofra depois as
consequências. Agora vamos rezar que tudo dê certo e aceitar que dói menos”.
Em resposta, eu disse
à nobre senhora que é preciso acabar com essa ideia sem fundamento de se querer
se amparar no orgulho de ser nordestino, para justificar a decisão de se votar
deliberadamente em corrupto, porque ser do Nordeste é algo transcendente, que
vem no âmago de cada sertanejo e disso não há a menor dúvida.
É muito importante que
as coisas sejam separadas, porque, na verdade, o que está em jogo, e parece que
ninguém quer entender, por demonstração de enorme dificuldade, quando tudo isso
é tão simples, é que se trata de se votar em candidato que não reúne as
condições de moralidade para o exercício do cargo da relevância de presidente
da República, conforme a sua condição de envolvimento com processos penais na
Justiça.
As pessoas sabem perfeitamente
que o candidato eleito tem vinculação com os piores escândalos de irregularidades,
ou mais precisamente com os esquemas criminosos jamais acontecidos em governos
algum, na história do Brasil, que ficaram conhecidos pelos nomes do mensalão e do
petrolão.
Por conta disso, ele
foi julgado e condenado à prisão, pela prática dos crimes de corrupção passiva
e lavagem de dinheiro e isso, por si só já seria mais do que suficiente para
que o povo não o aceitasse para a ocupação de nenhum cargo público, quanto mais
para o principal da República.
Sim, pode-se alegar
que as condenações foram anuladas, o que é verdade, mas os atos que deram
origem aos crimes pelos quais ele foi condenado à prisão permaneceram com
validade, ou seja, ele não se livrou da mácula de ter recebido propina com
recursos públicos.
Isso é motivo imperativo
para que ele nem pudesse praticar atividades políticas nem exercer cargos
públicos eletivos, enquanto ele não provasse a sua inculpabilidade quanto à
prática ou o envolvimento nos referidos atos irregulares, porque eles são
contrários aos princípios republicano e democrático.
Ou seja, o candidato
eleito não atende aos requisitos de conduta ilibada e idoneidade, na vida
pública, e isso, por si só, o impede, em termos de moralidade, de participar de
atividades públicas, como o exercício do cargo de presidente da República, sem
antes ele limpar a ficha dele junto à Justiça e à sociedade, que é e continua
suja, porque ele foi incapaz de provar a própria inocência e isso o caracteriza
como autêntico oportunista, quando ele se candidata a cargo público, em ter
condições de preencher os requisitos essenciais.
Em país nenhum do
mundo, nem mesmo nas piores republiquetas, alguém nas condições do candidato eleito
seria aceito pelo povo honrado e digno como candidato a cargo algum, sem antes
comprovar que não deve nada à Justiça e à sociedade, na forma da legislação
aplicável a espécie, quanto à prestação de contas sobre seus atos na vida
pública.
Na verdade, o
candidato eleito é devedor de explicações e justificativas à Justiça e à
sociedade, com relação aos processos penais que estão lá aguardando julgamento,
uma vez que assuntos tratados neles dizem com a prática de irregularidade
acontecidas ainda no governo dele.
Será que as pessoas
inteligentes têm dificuldade para entenderem que se trata de “orgulho de ser
nordestino”, mas exclusivamente de questão de moralidade, dignidade e
honestidade na gestão pública, que é algo que não foi provada a regularidade
sobre contas referentes e ocorridas no governo dele, visto que existem
processos na Justiça contra a pessoa dele, que aguardam julgamento e isso é
motivo de todo estranhamento por que os brasileiros não se envergonham de votar
em pessoa que não reúne as qualidades e os atributos referentes à
imaculabilidade na vida pública.
O caso dele pode ser
comparado à de um gerente de banco, que é suspeito de se apoderar indevidamente
de dinheiro da agência e é preso por isso, mas foi solto por alguma manobra da
Justiça, sem provar nada sobre a sua inocência.
O tempo passa e ele volta
ao banco para pedir o retorno ao cargo, mostrando arrependimento e jurando ser
fiel e zeloso para com o dinheiro da instituição bancária.
Nessas condições,
quem acha que o banco o aceita como novo gerente?
É evidente que não e
isso aconteceu exatamente o contrário com o candidato eleito, que somente
poderia volta ao cargo se ele provasse que é inocente quanto aos casos denunciados
de ter se beneficiado irregularmente de dinheiro público, que é algo que ainda
pende de julgamento pela Justiça.
Então, não passa de
pura ingenuidade essa ideia de se alegar orgulho de quem quer que seja para se
ter o direito de eleger pessoa que não se encontra nas condições de
regularidade e legitimidade perante a Justiça, enquanto ele não provar a sua inocência,
porque não adiante ele falar que é inocente, uma vez que somente a Justiça,
nesse caso, tem competência para declarar nesse sentido.
Nesse caso
especifico, não tem o menor cabimento a alegação de ser nordestino ou
brasileiro de qualquer outra região, com o direito de se votar em candidato que
deixou de respeitar a dignidade do Brasil e dos eleitores, porque antes de se
candidatar ele deveria ter tido o cuidado de se desvincular dos casos pendentes
na Justiça, mas isso ele não fez, acreditando certamente na ingenuidade do
povo, como de fato aconteceu, como prova o resultado das urnas.
Não precisa ser
nordestino para entender o que é o melhor para o Brasil, que não merece ser
governado por quem responde a vários processos penais na Justiça, porque isso só
demonstra o amor dos eleitores em geral à corrupção e à impunidade, uma vez que
todos sabem perfeitamente sobre os esquemas criminosos do mensalão e do
petrolão ocorridos no governo dele, que não teve a humildade de assumi-los,
como era do dever de todo verdadeiro homem público.
Enfim, política é sim
um jogo que exige que seus participantes apresentem, no bom sentido mesmo, as
fichas limpas, porque essa é a principal regra republicana e democrática para todos.
Concluindo,
digo que tenho o maior orgulho de ser nordestino, procurando deixar isso muito
claro nos meus textos, mas, com toda sinceridade, me sentiria extremamente
envergonhado em votar, para presidente do Brasil, em corrupto que não conseguiu
provar a sua inocência, tendo conseguido o aval para participar das eleições
por obra e graça de arranjo jurídico vindo do Supremo Tribunal Federal, por
meio da anulação, sem fundamento legal, das condenações referentes às prisões
dele.
Brasília,
em 31 de outubro de 2022
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