segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Nordestez de ser?

 

O principal candidato da oposição à Presidência da República termina o primeiro turno das eleições presidenciais à frente do candidato à reeleição e dos demais concorrentes ao mesmo cargo.

O resultado do pleito confirmou o favoritismo dele, que vinha sendo apregoado pelas pesquisas como o líder dos eleitores, embora o resultado tenha sido pouco distante dos prognósticos que vinham sendo apontados nas preferências de voto.

Depois do fechamento das urnas, o resultado delas mostrou que o oposicionista ficou na dianteira dos candidatos, com 48,2% dos votos válidos, vindo em seguida o presidente do país, com 43,6%.

O segundo turno, entre os dois candidatos de melhor colocação nas urnas, acontecerá no dia 30 do fluente mês, permitindo, com isso, que as coordenações das campanhas possam promover as peças necessárias à propaganda obrigatória na televisão e no rádio.

Nas redes sociais, logo foi notada tremenda euforia, em especial do povo nordestino, em regozijo à vitória declarada pelo Tribunal Superior Eleitoral do seu candidato, em que apoiadores dele dispararam mensagem dizendo que a região resplandecia para o amor, que vencia o ódio, certamente em alusão do candidato que ficou em segundo lugar nas urnas.

          Com certeza, o amor sempre vencerá o ódio, quando se está em disputa causas justas, honestas e verdadeiras, em que se possa aquilatar questão de princípios e moralidade, que resulte em benefício do engrandecimento de um povo e da própria nação.

Parece compreensível e normal se contrapor legitimamente ao mesmo direito que têm as pessoas de se vangloriarem em forma de apoio e aplausos ao político que foi incapaz de provar a sua inocência perante a Justiça e a sociedade, quanto mais especificamente aos horrorosos casos em que ele foi envolvido e condenado à prisão, pela constatação da prática de crimes contra a administração pública, consistentes na caracterização de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que são formas espúrias de enriquecimento ilícito, condenáveis pela sociedade honrada e digna.

Essa deplorável situação foi confirmada por sentença judicial proferida pelo juizado da Operação Lava-Jato e chancelada por três desembargadores e cinco ministros, todos por meio de veredictos por unanimidade, em comprovação e atestação da autenticidade dos fatos irregulares constantes das denúncias penais, que não foram demovidas em nada pelo principal acusado da sua autoria, embora as referidas condenações tenham sido anuladas, por questão de interpretação judicial sobre a competência do local do julgamento.

No caso, o mérito das ações penais propriamente ditas não foi examinado, fato este que as manteve integrais e irretocáveis nos autos, o que vale se afirmar que o objeto da acusação, os fatos materiais objeto da imputação dos crimes, permaneceram e continuam atualmente nos processos originais, posto que não houve contraprova suficiente para demovê-los e isso é mais do que suficiente para que o envolvido não tenha condições ético-morais para se habilitar à prática de atividades políticas, como o faz errônea e indevidamente o político que vem a ser idolatrado por pessoas que ufanam com o resultado das urnas que o elegem como vencedor do primeiro turno das eleições, como se ele fosse verdadeiro herói nacional.

O referido político, por seus nefastos predicativos, não passa, à luz dos fatos criminais e penais, de pessoa que tem implicação com a Justiça, à vista de processos recheados de denúncias sobre atos de   irregularidades na administração pública, cuja situação é totalmente incompatível com o exercício de cargo público eletivo, pelo menos em país cujo povo seja minimamente consciente sobre os reais valor e importância dos princípios da ética, da moralidade e da dignidade na gestão de recursos públicos.

Convém que os brasileiros se conscientizem sobre a necessidade do acompanhamento da evolução humana, inclusive com relação também quanto ao aperfeiçoamento ao respeito ao acompanhamento do fundamental comportamento das salutares regras morais, que dizem muito diretamente com os sentimentos de civilidade e de patriotismo de um povo.

No atual momento brasileiro, tem-se a viva compreensão de que muitas pessoas perderam completamente o respeito à próprio dignidade, ao se abdicarem do direito da defesa do justiçamento da verdade e da grandeza ético-moral, quando ignoram que político já condenado à prisão, por prática de atos criminosos, não importando a anulação da sentença judicial, posto que a marca dos crimes está presente nos autos pertinentes, e isso é bastante relevante para a avaliação sobre o seu desempenho na vida pública, que não resiste aos testes de conduta ilibada e idoneidade, à vista da pendência de julgamento de várias ações penais.

Apelam-se para que os verdadeiros brasileiros se conscientizem sobre a imperiosa necessidade do engrandecimento dos valores nacionais, não permitindo que o Brasil seja presidido por quem precisa, com urgência, prestar contas e esclarecimentos à Justiça e à sociedade, conquanto, do contrário, a desmoralização recai exclusivamente para as pessoas que apoiam político que não reúne condições morais para o exercício de relevante cargo público, enquanto não limpar seu nome junto à Justiça e à sociedade.

Enfim, certamente que, em todo tempo e lugar, o amor sempre há de prevalecer sobre o ódio, quando estão em jogo somente sentimentos nobres, em que as pessoas honradas e dignas precisam, em atenção ao princípio da dignidade humana, se manifestar em defesa da valorização do Brasil e do seu povo, que não se trata do caso do apoio, até com entusiasmo, de homem público que, por seus atos, não dignificam a prática política e muito menos os seus apoiadores, que precisam se conscientizar sobre o que realmente representa a incursão nos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Com a franqueza de nordestino que ama as suas origens, é com muita tristeza no coração que escrevo o presente texto, porque ele mostra um pouco do desânimo diante de manifestações que desmerecem a grandeza de povo bravo e forte, que poderia aproveitar o momento político para o seu cultor aos princípios da honestidade, da moralidade e da dignidade na administração pública, em evidente e fervoroso amor ao Brasil e ao próprio orgulho de “nordestez” de ser.

               Brasília, em 3 de outubro de 2022

Nenhum comentário:

Postar um comentário