Em
vídeo que circula na internet, um deputado reclama, com veemência da impotência
da Câmara dos Deputados, conforme seu pronunciamento nestes termos: “(...) Se nós, que somos deputados
federais, não temos prerrogativa para convocar ministro do STF, o que nós
estamos fazendo aqui? Vamos para casa. (...) Então serve para que a
Câmara dos Deputados? Para que serve a Câmara Federal, se não tem poder de
requisitar um mero juiz? Por que eu digo mero? Porque ele é um funcionário público,
que nem mandato conseguido por voto ele tem (...)”.
Em
outra mensagem também de protestos, um deputado federal denuncia que uma
emissora de televisão faz novela com tema progressista, tendo a finalidade de atacar
e agredir pessoas e famílias do agronegócio, por meio de mensagens hipócritas que
procuram devassar a sua integridade.
Em
princípio, pode-se até serem aplaudidos os discursos dos dois deputados que
aparecem nos vídeos referidos acima, por eles terem colocado seus dedos sobre
chagas que vêm degenerando progressivamente o instituto denominado humanidade,
mas precisamente com referência à restrição da individualidade, ao abuso de
autoridade, às decisões inconstitucionais, às agressões na campo e na cidade,
tudo bem mostrado nos discursos deles.
Sim,
e daí, senhores parlamentares, quais são as medidas realmente efetivas adotadas
por vossas excelências, em cada situação, com vistas ao saneamento das
gravíssimas questões ali apontadas?
Como
é sabido, de discursos vazios e boas intenções, têm lugares no espaço sideral
assoberbados de intelectuais que enxergam as mazelas que afligem a sociedade e
fazem belos e impactantes discursos em cima disso, mas fica tudo como antes, no
quartel de Abrantes, ou seja, tudo não passa de verdadeiro lero-lero
improdutivo.
Seria
somente valioso, com possíveis resultados práticos, inclusive a
justificar o exercício do relevante cargo de parlamentar, que seus
ocupantes nem precisassem se valer de pronunciamento de qualquer discurso
acompanhado de nada objetivando a solução das mazelas apontadas.
Convém
sim que que os congressistas tenham a importante iniciativa de estudar cada
caso, para o fim de apresentar projetos legislativos pertinentes, com vistas à
sua aprovação e a solução das questões, quando somente depois disso, eles possam
ter reais motivos para discursarem, mostrando o fruto dos seus esforços.
Embora,
a despeito disso, qualquer trabalho realizado por parlamentares somente deve
ser atribuído à sua obrigação de defesa dos interesse da sociedade, que tem o
pesado ônus de arcar com os segundos maiores vencimentos do mundo pagos aos
congressistas, a justificarem toda forma de dedicação produtiva em prol do
povo.
Assim,
é muito mais razoável e justo o adiamento dos aplausos para esses
parlamentares, no aguardo de que eles se dignem em aproveitar, em forma de efetiva,
os seus veementes e floreados discursos em projetos objetivando os cuidados com
o saneamento de cada tema abordado por eles, porque, somente assim, eles possam
ser merecedores dos louros por decorrência do reconhecimento da sociedade.
Brasília, em 23 de maio de 2023
Nenhum comentário:
Postar um comentário