À toda evidência, o esculacho de
alto nível feito por um senador catarinense, aos presidentes da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal tem a justeza oportuna e bem-merecida, por honrar
um pouco, minimamente que seja, a dignidade das funções legislativas, tão
desgastadas e menosprezadas pelos próprios congressistas.
A verdade é que os parlamentares
permitem que autoridades públicas estranhas ao processo legislativo possam
livremente se imiscuir nos trabalhos das Casas do Congresso Nacional, na tentativa
de interferir e influenciar por meio de sugestões descabidas e afrontosas à
seriedade do laborioso trabalho do Parlamento, notadamente quando as medidas
oferecidas são certamente para a satisfação e o proveito do próprio oportunista
que se arvora em se meter onde não foi convidado nem chamado, cujos trabalhos
certamente se beneficiam com o distanciamento das suas inoportunas e interesseiras
sugestões.
Sim, é preciso que a sociedade
louve a corajosa e necessária iniciativa do bravo senador catarinense, por
mostrar forma absolutamente oblíqua e indecorosa de ministro da Excelsa Corte
de Justiça, que precisa ser colocado no seu devido lugar, na compreensão de que
ele usurpou das suas nobres funções de magistrado, tendo abusado da sua
autoridade para tentar influenciar nas funções do Parlamento.
O ministro não tem o direito de
se manifestar senão e precisamente na relatoria dos processos da alçada dele,
na certeza de que a sua ida ao Congresso, na forma como aconteceu, caracteriza
ultraje à dinâmica e à dignidade não somente dos citados presidentes, mas de
todos os parlamentares, diante do claro atrevimento de se pretender contribuir
com algo propositadamente descabido e inoportuno, por certo de cunho pessoal e
do seu interesse, aproveitando o seu poder, posto as mesmas sugestões poderiam
ter sido colocadas em discussão por intermédio de congressista do conhecimento
dele, que não precisaria se expor ao ridículo de se manter na mídia, por conta
disso.
Ao contrário de satisfazer seu
ego autoritário, ele certamente jamais teria ido ao Congresso, a exemplo do que
fizeram os demais ministros da corte, que não se atreveram a sugerir
absolutamente nada.
Isso bem demonstra a qualidade
das autoridades públicas brasileiras, que procedem sem o mínimo pudor, em visível
desrespeito à dignidade dos cargos que exercem, em que pese a existência por
parte deles da exigência ao necessário respeito à liturgia inerente às funções
institucionais alusivas aos cargos.
Embora se enalteça a intrepidez
do ilustre e combatente senador catarinense, mostrando a nua e crua realidade sobre
o declínio de autoridade do Parlamento brasileiro, ao desnudar os verdadeiros
ares como ali fosse a casa da mãe Joana, certamente que nenhum efeito prático
acontece para a pretendida moralização do Parlamento, como forma de se frear a
esculhambação como na forma denunciada por ele.
Convém que sejam adotadas medidas
legislativas pertinentes, mediante a formalização de representação escrita
contra o abuso daquela autoridade, dizendo nesse documento exatamente os termos
ditos em plenário, pelo senador catarinense, com apresentação e pedido de
medida para a aprovação de moção no sentido de que o ministro em causa seja
comunicado, por escrito, que ele tem o dever constitucional de respeitar os
limites das funções para as quais são especificadas na literatura do seu cargo
de ministro, sob pena de aplicação das medidas previstas na Constituição
Federal.
A verdade é que, se nada for
feito nesse sentido, qualquer autoridade pública vai continuar a se achar no
direito de ter poder suficiente para interferir e influenciar onde bem quiser,
inclusive no Congresso Nacional, passando por cima da dignidade que deveria
existir se seus próprios integrantes tivessem a consciência de que eles
precisam e merecem ser respeitados como instituição importante da estrutura da
República, com a autonomia e a independência estipulada na Carta Magna.
Este momento, senhor respeitável senador
catarinense, é excelente oportunidade para a adoção de medidas saneadoras
efetivas, à vista desse marcante ultraje de desrespeito à dignidade dos
parlamentares, por parte de ministro da Excelsa Corte de Justiça, de modo a se
permitir pôr limite aos descabidos abusos de autoridade, em que autoridades da
República imaginam que têm poderes ilimitados e realmente podem tudo mesmo,
inclusive interferir e influenciar nos trabalhos de outros importantes poderes
da República.
Ante o exposto, concita-se que o nobre
senador catarinense complete a sua importante iniciativa de denunciar abusos de
autoridade, promovendo imediatamente as medidas pertinentes ao caso, em prol da
tentativa de moralização dos trabalhos do Congresso Nacional.
Brasília, em 18 de maio de 2023
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