Também na político é preciso se
atentar para a fiel observância aos princípios de boa conduta republicana,
diante da concepção do dever de justiça e ética, como forma capaz de validação dos
atos da vida pública.
Convém que existam respeito e civilidade na
vida pública, como ingredientes necessários à consolidação da democracia, de
modo que a integração de ambos os princípios seja possível a extração da consagrada
liberdade de expressão, permitindo a evidenciação dos sentimentos da verdadeira
democracia.
Esse pressuposto foi descuidado e
suplantado pelo arraigado sentimento da ideologia política, que passou a
imperar no Brasil, com capacidade para se permitir a inversão da lógica e até
dos valores de moralidade, quando foram aproveitados os princípios do respeito
e da civilidade para o respaldo da violência e da desonestidade, na vida
pública, perdendo espaço o amor ao diálogo, em nome da agressividade e do
desprezo à pureza da democracia, além de pôr em séria dificuldade o gosto pela
convergência e pelo consenso das verdadeiras ideias políticas.
É comum se ver nos trabalhos
legislativos do Congresso Nacional as alarmantes notícias sobre péssimos exemplos
de desentendimentos grotescos entre parlamentares, em atitudes visivelmente incompatíveis
com o "decoro parlamentar", que é regra comum de civilidade
construtiva aos trabalhos legislativos.
Na tentativa de contenção dos ânimos
dos congressistas, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
decidiram reativar as comissões de ética em cada Casa, em razão da reiterada prática
de atritos por espaço para a aposição de fortaleza de combate, apenas na tentativa
da demonstração de poder político.
As provas dessas renhidas disputadas
são as imagens de vídeos ou descritas nos meios de comunicação impressos, que
mostram desavenças e atritos verbais, em tom de muita agressividade, com o uso
de expressões chulas e gestos normalmente desrespeitosos e degradantes,
mostrando o conturbado ambiente de trabalho dos congressistas.
Na verdade, essa forma de comportamento
nada republicano contribui para a postergação e a dificuldade da aprovação de
decisões importantes aos interesses do país, quando o bom senso e a racionalidade
devem prevalecer como forma de aperfeiçoamento dos princípios políticos e democráticos.
Diante da evolução e da modernidade,
tem-se que os conflitos entre os parlamentares, normalmente entremeados de cenas
desagradáveis, revelam-se exemplos injustificáveis, ante o ferimento do decoro
parlamentar, por ser incompatível à modernidade da civilização.
À toda evidência, as desavenças
entre congressistas são formas precipitadas e insensatas que podem servir para a
incitação de violência no seio da sociedade.
É muito provável que o deplorável
episódio ocorrido no dia 8 de janeiro tenha resultado de incentivos levianos, com
resquício ideológico, na vã tentativa de se provocar o rompimento do Estado Democrático
de Direito, como se isso pudesse contribuir para o fim das mazelas e
precariedades sociais e econômicas.
Os fatos históricos recentes demonstram
que o caminho das disputas e desavenças foi o mais tortuoso possível para o país, diante da falta de convergência
sobre a solução dos graves problemas brasileiros, que persistem à espera de
medidas saneadoras.
A pluralidade partidária traduz a
característica do Brasil, mas as diferentes visões de pensamento são as mais
distintas e isso somente contribui para dificultar as soluções dos graves e
severos problemas sociais e econômicos do país.
Sem dúvida alguma, ideologias
políticas à parte, a imensa maioria dos verdadeiros brasileiros quer o fim da
violência, em todas as suas mais diversas formas de expressão.
Há a prevalência de entendimento segundo
o qual somente a convergência de bons sentimentos pode contribuir para a
eliminação ou minimização da miséria, do desemprego, das desigualdades sociais,
das dificuldades de acesso aos serviços de saúde, educação, enfim, da busca da
melhor qualidade de vida e das demais ações de incumbência do Estado que visem
a assegurar o tão desejável bem-estar aos brasileiros.
A verdade é que todas as
democracias evoluídas convivem pacificamente com as divergências, porque isso
faz parte da própria sociedade, mas não convém que isso resulte em agressões e
violência, que são sabidamente contrárias aos princípios democráticos.
Os brasileiros esperam que os parlamentares
se conscientizem de que a otimização dos trabalhos legislativos ganha relevo em
ambiente de união, tolerância e harmonia entre os contrários, uma vez que se
encontra em jogo a essência do bem comum dos brasileiros.
Brasília, em 26 de maio de 2023
Nenhum comentário:
Postar um comentário