O presidente do
país afirmou que morreram 700 milhões de brasileiros durante a pandemia de Covid-19,
tendo atribuído a culpa ao seu antecessor de 300 milhões de mortes.
No empolgado discurso, o
presidente brasileiro disse que “Nós temos que refazer grandes partes das
coisas que nós tínhamos feito. Temos que refazer. É como se tivesse passado um
furacão nesse país e tivesse destruído. Ou seja, só pra a gente ter ideia da
desgraça que esse país foi submetido, dos 700 milhões de brasileiros que
morreram da Covid, 300 milhões morreram por culpa de um governo negacionista, que
não tem a menor sensibilidade de respeitar a ciência, a medicina e respeitar o
povo que precisava tomar vacina.”.
À toda evidência, a
estabanada afirmação do mandatário brasileiro está completamente equivocada, uma
vez que o Brasil tem somente aproximadamente 210 milhões de habitantes, segundo
a prévia do Censo 2022, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, órgão oficial, enquanto dados fornecidos pelo Ministério da
Saúde mostram que, até o dia 12 do corrente mês, morreram 702.116 brasileiros
por causa da doença.
Ou seja, a declaração presidencial
poderia ter sido evitada, por ficar evidente que ele queria atingir a honra de
seu antecessor, por meio de informações inverídicas, ainda mais de forma extremamente
exagerada, tendo como nítido objetivo tentar desmascará-lo.
Esse discurso mentiroso e agressivo do presidente
do país mostra que ele continua sobre o palanque eleitoral, enfronhado em
campanha, a dizer palavras absurdas e totalmente fora do contexto, tendo por visível
finalidade atingir a dignidade e a honra do seu principal adversário político,
como clara tentativa de aniquilá-lo, em definitivo, da vida pública, não
importando o expediente escuso e inverídico, como nesse caso, cujo cerne não
tem a menor plausibilidade como forma de acusação sem qualquer prova absolutamente
nada do que ele alega.
É preciso que o presidente do país se contenha e abdique
da condição de eterno candidato e tenha a dignidade para se investir como o
comandante do governo de cerca de 210 milhões de brasileiros, que esperam que
ele tenha capacidade para trabalhar com vistas à solução de problemas de extrema
complexidade que afligem a população mais carente, em termos econômicos.
Na verdade, o discurso mentiroso do presidente do
país tem o condão muito mais de desagregação da sociedade, diante da arrogância
de querer mostrar-se o suprassumo dos governantes, que ver tudo errado e faz
questão de indicar os erros dos outros.
O presidente do país precisa entender que, para
presidir bem o Brasil é necessário conquistar a confiança e o apoio de parcela
significativa dos brasileiros, tendo a dignidade de somente dizer e falar a
verdade, como forma de mudar o sentimento que a sociedade tem sobre a péssima índole
histórica dele, de político mentiroso, que mente compulsivamente com o objetivo
de obter dividendos políticos, a exemplo dessa declaração, que tem a finalidade
de mostrar que o seu principal adversário destruiu o Brasil que foi tão bem
construído por ele, segundo as suas palavras.
A título de ilustração, somente em um único dia, o
presidente teve a infelicidade de agredir com palavras, sem a menor necessidade,
as privatizações, ao considerar como “sacanagem” a privatização da
Eletrobras, e o agronegócio, classificando-o de “fascistas” os
produtores rurais que não nutrem simpatia ao governo dele, além de ter agredido,
no dia seguinte, a honra do ex-presidente do país, ao atribuir-lhe culpa pela
morte de 300 “milhões” de brasileiros, sem que ele certamente não tenha condições
de provar o que diz.
Como visto, as palavras do presidente do país não
são dignas da liturgia do cargo presidencial, que tem a obrigação de ser
cometido em tudo, inclusive quanto ao respeito à honra das pessoas e das instituições
nacionais.
A verdade é que o presidente faz questão de se
comportar sem limite aos princípios éticos, tentando repelir os brasileiros que
não comungam na mesma cartilha nem se ajoelham no altar da seita liderada por
ele, em clara demonstração de ser absolutamente refratário ao esforço nacional
de construção de unidade nacional e de pacificação da sociedade, para juntos
pensarem no bem comum do país e da população.
Urge que o presidente do país mude o seu pensamento
quanto à tentativa contumaz de destruição de seus opositores, de modo que a
moderação e a responsabilidade sejam capazes de conduzir o Brasil ao rumo do
desenvolvimento socioeconômico, em condições de melhorar a vida da população
mais carente dos cuidados do Estado.
Brasília, em 13 de maio de 2023
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