Conforme imagem mostrada nas redes
sociais, aparecem os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
fazendo continência para o presidente do país, por ocasião das comemorações do
Dia do Exército.
Com absoluta certeza, nunca se
viu, na história universal, episódio com o mais desprezível e deprimente
sentimento imanente da dignidade humana, à vista da clara abdicação dos valores
e dos princípios próprios de corporação militar, quando sempre houve distinta
dicotomia entre a dignidade e a imoralidade, o respeito às normas da honradez e
o menosprezo às regras da desonestidade.
Quem poderia imaginar essa situação
de extrema patetice, em que, pasmem, vários oficiais generais se perfilam, em
posição de sentido e batem continência para a autoridade do poder em plena
decadência moral, diante do seu notório histórico de envolvimento com declarados
pela Justiça de esquemas criminosos, no caso específicos dos escândalos do
mensalão e do petrolão, ocorridos no governo dele, quando ele chegou a ser
condenado à prisão, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, por recebimento de propinas, quando ele foi incapaz de provar a sua
inocência.
Sim, pode-se até se alegar que as
condenações foram anuladas, mas os atos propriamente delituosos, que
caracterizaram os crimes em si, permaneceram intactos, com plena validade para
o mundo jurídico.
Esse fato, que é real, tem o condão
de mostrar a que ponto oficiais de altíssima patente estrelada se curvam ao
extremo desrespeito não apenas à sua dignidade como ser humano, mas ao
menosprezo à grandeza e aos valores ínsitos do Exército, que merecia o respeito
e a honra sobretudo no que se refere à instituição militar, diante do quanto
ele representa como símbolo de ética, moralidade e dignidade como corporação secular.
Os referidos princípios sempre
foram preservados e defendidos como razão da própria honra não só do Exército,
mas também de todos os militares que fazem parte da instituição que agora tem
seus ensinamentos jogados literalmente na lama pútrida da banalidade da
imortalidade, quando seus principais representantes se curvam diante de
autoridade pública que é autêntico símbolo da desonestidade e da aderência a
esquema criminoso, assim atestado pela Justiça brasileira, à vista de muitos de
seus julgamentos.
Na verdade, a imagem que esses
oficiais generais passam para a sociedade é a pior e a mais degradante
possível, em evidente demonstração da total perda da consciência cívica e
patriótica deles, quando eles se colocam em condições de inferioridade de quem
não teve capacidade sequer para provar a sua inocência quanto às denúncias
sobre a prática de atos criminosos contra a administração pública.
Esse fato mostra total
desmoralização da instituição chamada Exército, posto que é o mesmo que se
afirmar a normal aceitação como sendo legítima a prática da desonestidade na
gestão pública, de modo que as continências têm o condão de convalidar a
criminalidade havida no passado, como igualmente a natural interpretação de que
a posição de sentido confirma a cumplicidade dos militares com os atos de
delinquência, porque é exatamente essa a interpretação que se faz no mundo
jurídico, diante da passividade como eles estão sendo aceitos.
Enfim, é com muita tristeza
patriótica que a instituição antes respeitadíssima por seu caráter de merecidos
atributos seculares de honra e altivez seja reduzida à insensibilidade e à
insignificância de permitir que seus principais representantes batam
continência para autoridade desprezível do poder, em termos de moralidade, à
luz da sua condição degradante perante a Justiça brasileira, onde ele responde
a processos com finalidades persecutórias criminais e penais.
Brasília, em 17 de maio de 2023
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