À
primeira vista, tem-se a impressão de que o presidente do país deve ter
realmente prestado relevantes serviços ao Congresso Nacional, conquanto os
fatos mostrem que ele ainda não tem feito tanto quanto para a nação, no conjunto
esperado em benefício para a sociedade, diante do muito em substância que o
governo precisa fazer para justificar a concessão de medalha a ele também pelos
brasileiros, que estão ávidos para esse reconhecimento ao desempenho do
presidente.
Ao que se tem conhecimento, que não é novidade para ninguém, que o presidente
do país entregou às lideranças do Congresso o gerenciamento do seu governo,
passando a se comportar como uma espécie de “rainha da Inglaterra”, onde se
mantém no Palácio do Planalto cumprindo apenas as ordens emanadas pelo
famigerado Centrão, grupo político fisiológico com quem firmou aliança para
evitar a abertura de processo de impeachment do seu cargo.
A verdade é que, queira ou não, essa esdrúxula medalha, em forma de homenagem,
tem forte tom de ironia, com ares de muita desconfiança, quando o presidente do
país foi indicado à homenagem pelo líder do PSL na Câmara, que é bolsonarista
de raiz, tendo recebido a medalha das mãos do presidente da Câmara.
Esses fatos praticamente confirmam a magnanimidade presidencial para com
o Congresso, à vista da sua passiva concordância com o imoral “orçamento
secreto”, que já até o defendeu junto ao Supremo Tribunal Federal, ante a sua
extrema importância como instrumento legalizado para a compra da consciência política,
ou seja, dos votos de inescrupulosos parlamentares, como forma de propiciar
sobrevida ao governo, que não se sustenta se ele não tivesse se associado à
banda podre da política brasileira, tendo à frente o indigno Centrão.
Nos últimos tempos, o presidente do país corre, sem perda de tempo, para
comprar votos de deputados cediços ao fisiologismo, com bilhões de reais que
foram alocados no indecente “orçamento secreto”, por meio do deslocamento de
recursos desviados de áreas verdadeiramente importantes e carentes, tendo por finalidade a
aprovação de projetos de seu interesse e que, sob o entendimento dele de que
eles são suficientes para reverter o quadro de rejeição que experimenta nas
pesquisas.
Diante desse quadro dantesco, o país amarga grave crise socioeconômica,
que tem muito da dependência de boas e eficientes iniciativas gerenciais, que
estão, infelizmente, à espera da competência presidencial, que até o momento ainda
não teve capacidade para encontra o timming ideal para solucionar as ingentes
questões que vêm sufocando o desempenho do governo.
Ou seja, o governo demonstrou infinita dificuldade para conduzir o país
durante a gravíssima crise da pandemia, cujo abalo foi capaz de desestruturá-lo
completamente, a ponto de o presidente procurar culpados, como governadores,
prefeitos, imprensa e outros destruidores de gestão pública, para atribuir o
seu fracasso na administração do Brasil.
Vejam-se que são aproximadamente 14 milhões de pais de famílias desempregados,
que são obrigadas à privação, em especial, do alimento para o sustento, que
deve o pior infortúnio para o ser humano, cujo quadro dificilmente tem como ser
revertido, exatamente por falta de importantes projetos para fomentar a criação
de empregos, por meio da retomada do desenvolvimento da economia, ou seja, o
absolutamente apático presidente não tem a menor condição de contribuir para a
mudança do status quo, exatamente diante da inexistência de projetos visando
atacar precisamente as mazelas alimentadas pelo próprio governo, que diz com a
inércia, a omissão, a incompetência, a insensibilidade e a irresponsabilidade gerenciais.
A verdade é que esse deplorável quadro que se traduz em martírio para
muitos brasileiros não tem o menor reflexo na consciência das autoridades públicas,
que chegam ao absurdo de enaltecer publicamente as qualidades inexistentes de
autoridades da República, com a concessão de medalha, contribuindo para agravar
a situação que já é degradante, em que essa atitude pode contribuir para a ilação
de que o homenageado se sinta prestigiado, a ponto de entender que vem
realizando excelente gestão.
De homenagem em homenagem às autoridades da República, fica a inexorável
certeza de que, para elas, pouco importa a terrível situação por que passa o
povo, sendo obrigado a passar fome, porque nos seus palácios a comida é sempre
farta e o mais importante é que inexiste crise de qualquer natureza.
Agora, a agenda presidencial, que apenas se aproxima do final do
governo, tem a agenda repleta da mais importante prioridade, que é exatamente a
reeleição, pouco importando se o povo passa privações não somente de alimentos,
mas de todos os serviços públicos de qualidade, porque é somente isso que tem
sentido o seu viver, restando a certeza de que as medalhas têm sim importante
serventia, que é precisamente a de alimentar a vaidade dos políticos que estão extremamente
interessados apenas com seus interesses relacionados com o poder.
Enfim, se o governo tivesse o mínimo de sensibilidade humana e
compreendesse o verdadeiro significado da invocação do nome de Deus, sempre que
discursa, em banalização que tem efeito de palavra ao vento, ele já tinha promovido
enorme mutirão nacional, com vistas à mobilização dos governos, em todas as
esferas, e a sociedade, para tentar se buscar alternativas para, ao menos,
minorar a peste da fome, em efetiva demonstração de que o governo precisa fazer
a sua parte, em apoio às melhores iniciativas, ao invés de contribuir para
incrementar a campanha da avestruz, que apenas mete a cara na areia diante do
perigo, atitude que funciona como lenda, para se dizer que essa ave não está
nem aí para nada.
Compete aos brasileiros, conscientes sobre a sua responsabilidade cívica
e patriótica, se preocuparem com essa difícil e gravíssima situação de extremo
abandono dos necessitados de emprego e alimentos, além de terem o cuidado de
somente elegerem alguém para governar o Brasil que tenha o mínimo de competência
administrativa, sensibilidade no coração, que nem precisa invocar o poder de
Deus, mas que saiba valorizar os princípios humanitários e tenha o mínimo de
compreensão sobre as verdadeiras agruras sobre a fome e que somente pronuncie o
nome de Deus para agradecer, porque a permanente invocação do seu nome em vão tem
o condão de levar o povo à miséria da fome e do desemprego, conforme mostram os
fatos.
Brasília, em 6 de agosto
de 2022
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