sexta-feira, 12 de agosto de 2022

O Brasil não merece

 

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) disse que não há mais espaço no Brasil para o retorno de candidato à Presidência da República que já foi preso e processado.

O presidente do CNA disse que "Os senhores sinalizaram bem claro que não tem mais espaço neste país para uma equipe corrupta e incompetente. E muito menos o retorno de candidato que foi processado e preso como ladrão", tendo sido aplaudido pela plateia.

Aliás, a bem da verdade, não é “que não há mais espaço no Brasil”, porque essa pouca-vergonha nunca houve, sendo novidade agora na política brasileira, depois que parte do povo perdeu a dignidade de ser gente honesta e cumpridora de seus deveres cívicos perante a pátria.

O discurso aconteceu durante evento da CNA, em seminário da principal entidade de associações de produtores e lideranças agrícolas do Brasil, tendo por objetivo a apresentação das propostas do agronegócio aos candidatos à Presidência.

Na verdade, o evento se tornou demonstração de força do conservadorismo brasileiro, que aconteceu um dia antes de a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e de a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) participarem de manifestação, em São Paulo, em defesa da democracia e com críticas aos ataques que o presidente tem feito, sem provas, ao sistema eleitoral.

Na abertura de seminário da CNA, o mencionado presidente não citou o nome do líder das pesquisas à corrida presidencial, mas deixou claro sobre quem ele se referia, porque ele é o único candidato que foi preso e processado e ainda responde a vários processos na Justiça.

Uma importante política se expressou em afirmação ao discurso em apreço, tendo dito que "A sua fala colocou nos trilhos o que produtor rural pensa, pelo menos a grande maioria. O agronegócio teria formado um exército verde e amarelo durante a pandemia, que produziu e não se furtou em ficar em casa".

Na mesma ocasião, o presidente da Frente Parlamentar a Agricultura, principal lobby do agronegócio no Congresso Nacional, disse que "não podemos deixar voltar aqueles que são contra o produtor rural. O Brasil precisa continuar crescendo de maneira liberta e sem cabresto, com a liberdade que nos dá este governo.".

Um ministro do governo também refutou a eventual volta do candidato que "saqueou" o Brasil e que propõe a regulação da produção agrícola.

A entidade também reforçou que o país precisa ter um plano para garantir oferta de fertilizantes, insumo fundamental para o setor, que o Brasil importa grande parte das necessidades.

O citado candidato foi processado e preso no âmbito da Operação Lava-Jato, em que pese ele ter sido beneficiado com a anulação das condenações, pelo Supremo Tribunal Federal, por força de interpretação fajuta, conquanto o mérito das acusações ter permanecido com plena validade, ou seja, os atos referentes ao recebimento de propinas permanecem intactos nos autos.

Em termos de moralidade, dignidade, honestidade e legitimidade, isso significa que o referido candidato não tem condições de provar as suas conduta ilibada e idoneidade, na vida pública, porque elas pendem de prestação de contas à sociedade seus atos na gestão pública, em especial quanto às acusações do seu envolvimento em atos de corrupção, que tem muito a ver com o exercício de cargo público eletivo, diante, em especial, da necessidade da execução dos orçamentos da União.

Na verdade, não se trata de não ter mais espaço no Brasil para o retorno de político que tenha sido preso e processo, porque o correto mesmo é que país não merece ser presidido por homem público em plena decadência moral, como se isso fosse padrão de moralidade.

          Ou seja, a volta de criminoso à vida pública tem sido motivo de orgulho, como mostram os fatos, de muitos brasileiros, em especial aqueles sem o mínimo de vergonha na cara, por ignorarem que a roubalheira de dinheiro público, que é forma extremada de desonestidade, seja normal, justamente diante da evolução do ser humano, com tantas conquistas, menos quanto no que se refere aos princípios e às condutas de civilidade, que precisam ser defendidas em especial para a gestão dos recursos públicos.

          A interpretação do presidente do CNA, por ser de extrema coerência com os princípios republicano e democrático, precisa ser a mesma dos brasileiros que amam o Brasil, que está acima de interesses pessoais e ideológicos, não cabendo qualquer outra forma de argumentação, porque o fato em si se traduz em situação absolutamente definida como reprovável no âmbito da civilidade, que não admite que criminoso, assim considerado pela Justiça, à vista de sentenças julgadas em três instâncias, com veredictos unânimes, possa ter passe livre entre as pessoas de bem, honestas e dignas, a merecer o voto delas, porque isso é a negação do próprio ser humano, quanto à essência da pureza cívica.

Certamente que nem nas piores republiquetas o ser humano possa ter chegado a tão declinando menosprezo à própria dignidade, de apoiar político que se envolveu em casos de corrupção, não tem o menor interesse em limpar seu nome perante a Justiça e ainda se apresenta como candidato a presidente da República, sem ter a mínima condição de atender aos requisitos de conduta ilibada e idoneidade, na vida pública, que são exigências fundamentais para o exercício de cargo público, no caso de país sério, evolução e civilizado, em termos políticos e democráticos.

Na verdade, o momento político brasileiro vem sendo dominado pela polarização da irracionalidade das ideologias da direita e da esquerda, que levam em conta o sentimento pessoal, o interesse partidário e a simpatia pelo candidato, em claro detrimento das causas e dos objetivos maiores do Brasil, como nação de todos, que, ao contrário, deveriam estar sempre em prevalência de quaisquer outros valores, exatamente porque os seus ideais como pátria são permanentes e jamais poderiam ser confundidos com interesses envolvendo o concurso, por mais notável que ele seja, de criminoso, assim declarado pela Justiça, em casos concretos julgados, tendo por base a materialização da autoria de crimes investigados.

Enfim, os brasileiros precisam se conscientizar, diante da inevitabilidade, de que, quem apoia político com histórico de crimes, por envolvimento em corrupção com recursos públicos, conforme comprovação por sentenças judiciais, torna-se cúmplice com a criminalidade, cuja atitude é da maior gravidade, por se materializar contra a pátria, o que significa traição aos princípios nacionais.    

Apelam-se para que os verdadeiros brasileiros se conscientizem de que os valores nacionais e a grandeza do Brasil merecem ser presididos somente por homem público que comprove ficha limpa, em atendimento às exigências da lei, mais precisamente quanto à conduta ilibada e à idoneidade na vida pública, como forma da confirmação dos princípios da moralidade e da dignidade do seu povo.            

Brasília, em 12 de agosto de 2022

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