terça-feira, 30 de agosto de 2022

Debate presidencial

           No primeiro debate entre os presidenciáveis, na televisão, os principais assuntos foram mesmo a corrupção, a miséria e a pandemia do coronavírus, sendo que eles prevaleceram para destacar a polarização que existe na corrida presidencial entre os candidatos da direita e da esquerda.

Um dos momentos tensos ocorreu quando o principal candidato da esquerda perguntou a uma candidata, que foi integrante da CPI da Covid, no Senado Federal, sobre houve corrupção no combate à pandemia e negligência por parte do governo.

A candidata disse que “o presidente da República negou vacina, atrasou 45 dias, muitas pessoas poderiam estar entre nós e não estão por culpa da insensibilidade de um governo que não coloca vacina no braço do povo brasileiro. Eu confirmo que houve corrupção. Houve tentativa de comprar vacinas superfaturadas.”.

Essa afirmação de que houve corrupção na compra de vacina não se sustenta, em termos jurídicos, em especial, porque não houve a efetividade da aquisição, ficando provado que a candidata foi infeliz, em mentir, ao informar a existência de irregularidade sobre fato inexistente, porque tentativa de compra não significa absolutamente nada sobre prejuízo, ou seja, nesse caso, houve forçação de indevido entendimento para o fim de distorcer a verdade sobre os fatos.

Nesse caso, é evidente que a resposta teve por claro propósito de prejudicar a reputação do governo, quando o certo teria sido que a candidata tivesse dito, de forma absolutamente precisa, que foi constatada apenas a tentativa de corrupção, o que é bastante diferente do que ela afirmou de ter havido corrupção, porque não teve nada efetivado, em forma de compra das vacinas, o que significa que ela mentiu feio.

O presidente do país fez pergunta ao candidato da esquerda, o questionando sobre a corrupção na Petrobras, querendo saber se ele voltaria ao governo para roubar ainda mais, à vista do desvio de recursos da petrolífera, no montante equivalente a 60 vezes o valor necessário à transposição do rio São Francisco.

Sem responder precisamente à referida pergunta, o candidato da esquerda apenas disse que se trata de “inverdades e números mentirosos” e procurou desfiar um rosário de leis aprovadas no seu governo, tratando de medidas de combate à corrupção.

Aproveitando a deixa, o presidente do país o provocou, na réplica, citando o ex-ministro da Fazenda do governo do candidato da esquerda, que, na qualidade de delator da Operação Lava-Jato, disse que teria levado dinheiro para ele, tendo concluído, dizendo que “O seu governo foi o mais corrupto da história do Brasil.”.

Nessa altura do debate, o candidato do PDT disse que o candidato da esquerda estava coligado com o baiano que foi pego com mais de 51 milhões de reais em um apartamento, em dinheiro vivo, com o senador cacique das Alagoas.

Sem esconder a irritação, o candidato da esquerda disse que esperava que o candidato do PDT não fosse para Paris, no segundo turno das eleições, como fez em 2018.

Além das corrupção, houve agressões entre candidatos, como no caso de o presidente ter chamado o candidato da esquerda de “ex-presidiário”, o que o deixou bastante irritado.

Em crítica explícita ao candidato da esquerda, o presidente do país disse que pretende manter, no próximo ano, o Auxílio Brasil, no valor de R$ 600,00, tendo afirmado que ele teria conseguido os recursos pertinentes “não roubando”.

Na conclusão, o candidato da esquerda disse que "Estou aqui candidato para ganhar as eleições e em um decreto só eu vou apagar todos seus sigilos porque eu quero descobrir o que você tanto.... (o áudio foi interrompido pelo término do tempo de resposta)".

Segundo a Lei de Acesso à Informação, o sigilo pode ser imposto quando a divulgação dos dados viola a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem de uma pessoa.

Atualmente, o presidente do país acumula cerca de seis pedidos de sigilo de cem anos, prazo máximo estabelecido na lei, que foi aprovada em governo anterior ao atual.

Entre eles os temas censurados encontram-se o cartão de vacina do presidente do pais, os dados sobre os crachás de acesso dos seus filhos e as reuniões entre o presidente e pastores envolvidos em suposto esquema de corrupção no Ministério da Educação.

O resultado do debate deve ter mostrado que o candidato da esquerda deve ter se arrependido até a raiz, por ter comparecido, porque ele foi o perfeito “saco de pancada”, diante das acusações pelos demais candidatos de corrupção e, o mais grave, em momento algum ele foi capaz de refutar sequer com argumentos.

Ele ficou absolutamente sem palavras, tendo sido massacrado pelo presidente do país, que aproveitou para jogar todos os podres dele para os telespectadores, tendo dito, mais de uma vez, que ele não tinha moral alguma para acusar ou se referir aos erros dos outros, pois não passava de “ex-presidiário”.

Enfim, como se vê, é imperioso se concluir que nunca se viu debate tão insosso e infrutífero como o acontecido ontem, que houve fartura de acusações mútuas e desnecessárias ao encontro de candidatos à Presidência da República, que poderiam aproveitá-lo para apresentar e discutir propostas e metas de governo, que teriam sido muito mais proveitosos para o interesse dos brasileiros.

É evidente que o tema referente à corrupção precisa sim ser dissecado, com profundidade, mas de estratégia proativa, no sentido de que seja condicionado ao candidato da esquerda sobre a necessidade de ele prestar contas sobre o mar de irregularidades que tomou conta da gestão dele, a exemplo dos escândalos do mensalão e do petrolão, que aconteceram de forma sistêmica e endêmica, cujas consequências não mudaram em nada a mentalidade dele, que continua imaginando que se trata de prática corriqueira e normal de gestão pública.

A verdade é que ele não se sensibiliza para a gravidade de ser candidato com o sinete da desonestidade exposto na sua testa, quando o homem público de verdade se envergonha de se apresentar ao público carregando no ombro uma carrada de processos penais, à vista dos vários processos pertinentes às denúncias protocoladas na Justiça, que dizem com o seu envolvimento em casos de corrupção e que pendem de julgamento.

Essa grave situação é fator preponderante para macular a participação dele na vida pública, uma vez que a condição básica para o homem público é ter a ficha limpa, evidentemente sem qualquer implicação com a Justiça, por conta de suspeitas da prática de atos irregulares, na vida pública, porque isso é indiscutivelmente incompatível com o exercício de cargo público eletivo, sob o prisma dos princípios republicano e democrático.

Enfim, é muito importante sim que o candidato da esquerda seja sempre lembrado, em especial, nos debates, dos atos de corrupção no governo dele, exatamente para se avivar, de forma enfática, que é condição sine qua non do candidato a cargo público em estar em situação de imaculabilidade perante a sociedade.

Isso vale dizer que ele não pode ter qualquer processo na Justiça para participar de atividades políticas nem com pendência de julgamento de ações penais, porque isso é visível aceno de impedimento quanto à necessidade da apresentação da ficha corrida de bom cidadão, em especial, com relação à vida pública.

Apelam-se para que os brasileiros honrados e dignos se conscientizem de que é imperioso que se eleja o presidente da República que preencha os requisitos de conduta ilibada e idoneidade, na vida pública, como forma de dignificacão da grandeza do Brasil e dos brasileiros, à luz dos princípios republicano e democrático.

             Brasília, em 29 de agosto de 2022

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