domingo, 21 de agosto de 2022

Salve o Padim Ciço!

         Enfim, foi divulgada a autorização pela Igreja Católica do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista, em missa oficiada no Juazeiro do Norte, onde foi lida a mensagem da carta escrita pelo papa, especialmente para permitir a continuidade das pesquisas que podem se desdobrar na canonização dele.

Com base nessa autorização, a partir de agora o Padim Ciço recebe o título de servo de Deus, merecendo o reconhecimento do seu valor cristão pela Igreja Católica.

Nas redes sociais, a diocese da cidade de Crato afirma que o processo de beatificação “cumpre a profecia feita pelo próprio sacerdote: ‘A igreja que hoje me persegue, amanhã tomará a minha defesa.’”.

A verdade é que o religioso era muito carismático e tinha influência sobre a vida social e política do Juazeiro do Norte, onde hoje tem a sua estátua de 27 metros de altura, em sua homenagem, para representar a importância do seu legado religioso de amor ao próximo.

O Padim Ciço foi afastado, em 1889, da Igreja Católica, por força do conhecido “milagre da hóstia”, cuja pena somente foi levantada, com o seu perdão, em 2015, por decisão do atual papa, após mais de um século de castigo eclesiástico.

Reza a lenda ou fato, à época, uma hóstia dada pelo religioso a uma beata teria se transformada em sangue, cuja história logo se espalhou pelo Nordeste, causando o início das peregrinações de fiéis em busca do contato com o “padre milagreiro”, em que pese a Igreja Católica ter cuidado de logo negar o milagre, não o reconhecendo, e ainda ter acusado o padre de manipulador da fé cristã.

Após o afastamento, o Padim Ciço foi automaticamente proibido da confissão, da pregação e da administração dos sacramentos religiosos, além de não puder sequer celebrar missas.

Em 1896, o Santo Ofício determinou que o religioso deixasse a cidade de Juazeiro do Norte, sob pena de ser excomungado.

As mencionadas punições permaneceram até 1926, quando o padre recebeu a mais dura punição, por ter sido suspenso, em definitivo, pela Igreja Católica, que decidiu retirar as suas ordens sacerdotais.

No cumprimento das decisões da igreja, o religioso veio a falecer em 1934, aos noventa anos.  

Agora, após a autorização do processo pertinente, a diocese do ex-religioso se encarrega de preparar o dossiê de pesquisa sobre a vida do candidato a santo, que consiste no levantamento de depoimentos de pessoas e do histórico sobre milagres havidos com a intercessão dele.

O processo é concluído com a reconstrução da vida do candidato e o resultado da pesquisa sobre a demonstração das virtudes santas dele,  atestando a fundamentação do milagre em uma perspectiva sobre-humana, divina, para o fim da postulação definitiva junto ao Vaticano.

A beatificação depende de um milagre, para a confirmação da ideia da intercessão do candidato junto a Deus, para a aceitação da ocorrência milagrosa, mostrando a explicação científica do fato levantado, para a sua devida certificação como milagre.

Com o reconhecimento do milagre, o Vaticano considera o Padre Cícero beato, e a igreja fica autorizada a aceitar essa devoção como tal a ele.

Na verdade, a santificação de alguém representa que a pessoa está no céu, na convivência com Deus, e de lá ela intercede pelos cristãos, na Terra, cujo processo tem por propósito a verificação de checagem mais próxima da verdade, no sentido do que a igreja acredita na seriedade do processo de santificação.

No caso de Padre Cícero, que tem a sua santificação venerada de longa data pelos nordestinos, esse processo de beatificação já vem com bastante atraso, pelo tanto que seus milagres correm aquelas terras sagradas e abençoadas por Deus, onde a sua fama de santo milagreiro é reconhecida por imensa população, que considera Deus no céu e o Padim Ciço como verdadeiro santo, na Terra.

Infelizmente, no caso do Padre Cícero, a Igreja Católica cometeu tremenda injustiça para com ele, quando preferiu valorizar as questões políticas também praticadas por ele, em detrimentos dos sentimentos religiosos dele, ficando estes muito mais claros para o povo, que sempre o prestigiou como verdadeiro religioso de poderes divinos, à vista do potencial místico do religioso, que manteve a sina de grande líder da Igreja Católica, em especial na região nordestina, onde, no popular, ele “casava” e “batizava”, em todos os sentidos.

Assim, louve-se a declaração do processo de beatificação do admirável Padre Cícero, que tem todos os méritos para ser venerado como verdadeiro santo, diante do seu enorme legado de milagres, confirmando a devoção de legião de nordestinos, que o adoram como o seu poderoso santo protetor.  

         
         Brasília, em 21 de agosto de 2022

Nenhum comentário:

Postar um comentário