Em vídeo que circula nas redes sociais, um entusiasta bolsonarista
insinua que o presidente da República poderá tomar medidas severas contra ministro
do Supremo Tribunal Federal, uma vez que, recentemente, as relações entre ambos
se agravaram bastantes, em razão de notícia de que a corte poderá decretar a
prisão de um deputado que foi indultado por ele.
Diante dessa informação, eu disse que estranhava a existência de mentes
férteis e desocupadas, porque, se o presidente do país tivesse coragem para
alguma coisa, ele já teria feito algo nesse sentido, há muito tempo.
Uma
distinta amiga, lendo minha conclusão, disse o seguinte: “Adalmir, isso
aconteceria caso o STF derrubasse o Decreto do indulto. Que eu saiba, isso não
aconteceu. Eu não apostaria que o Presidente não tem coragem para alguma medida
extrema. Só o tempo dirá.”.
Em resposta, eu disse
que os fatos são pródigos em mostrar que o presidente do país só tem conversa
fiada.
Se ele estivesse
querendo resolver essa gravíssima questão envolvendo o Supremo, ele já teria
colocado ponto final nela e jamais ter ficado esticando a corda, esperando pelo
movimento de 7 de setembro, do mesmo modo como aconteceu no ano passado e
depois ele deu para traz e se desculpou perante o ministro, pedindo perdão a
ele e depois repetiu todas as bobagens de antes, além de endereçar carta a nação,
que nem foram cumpridos os seus termos.
Acho que
ele é fraco sim, com base nos exemplos e nas conversas moles dele, que até
agora não resultaram em nada, senão para agravar ainda as relações entre
poderes da República.
Agora, o
que ele fará daqui para frente poderá ter muito a ver com o desenrolar do
processo eleitoral, porque ele precisa avaliar bastante os reflexos de decisão
golpista, se for essa que ele vier a adotar, que eu achei que ele é doído, mas
tem juízo, e não vai correr o risco de perder a reeleição por causa de decisão
maluca, qualquer que ela seja, porque o impacto nas estruturas da República
será apenas abissal, em especial, pelo fato da proximidade da eleição presidencial.
Não restaria
tempo algum para se tentar arrumar os cacos, em caso de decisão desastrosa e
golpista, para se buscar os rumos da verdadeira democracia, que teria sido
mandada para o espaço sideral por ele.
Diante
das circunstâncias, tudo vai ficar nas ameaças de sempre, com o Supremo dando
as cartas e o presidente do país permanecendo acuado, sem coragem para agir,
como é do seu feitio, embora os seguidores fanáticos dele ainda acreditam que
ele é o salvador da pátria, sem nunca ter demonstrado senão atitude firme para
criticar e agredir com palavras, porque, para isso, ele já demonstrou que é o
rei do Planalto.
Torço para
que as minhas palavras estejam completamente equivocadas, diante da crise que
foi criada exclusivamente pelo presidente da República, porque ele permitiu que
o Supremo criasse asas e se tornasse verdadeiro dragão em cima dele, que foi
permitido, a partir do momento de ele ter aproveitado as ingerências da corte
sobre o Executivo, para simplesmente se fazer de vítima e de injustiçado, ao
invés de rebater, todas as vezes, por meio de recursos à altura das
interferências ao governo, mostrando os abusos de autoridade, não permitindo
qualquer tipo de medida fora da Constituição.
Como essa
história é longa e não tem fim, paro por aqui.
A mencionada
amiga me retrucou, afirmando o seguinte: “Querido Adalmir, você torce para
que suas palavras estejam equivocadas… eu, com todo respeito, tenho certeza de
que estão. Bolsonaro está fazendo de tudo para não comprar briga com
ninguém, ele só quer poder governar, como tem feito muito bem até agora. Só
o fato de ter um Ministério só com pessoas técnicas e competentes, para mim já
basta. Ele nem precisa falar bonito, pode até criticar e agredir verbalmente,
como faz por vez ou outra, porque, convenhamos, ninguém é de ferro. Só
levar pauladas e mentiras a seu respeito e ficar calado, aí sim que deveríamos
ficar preocupados. O importante são as obras que estão fazendo, estradas,
pontes, levar água para o nordeste, fazer crescer nossa economia, ter bom
relacionamento com os países poderosos… Daí vem o Lula (e a Tebet) e diz que
nenhum país está querendo recebê-lo… me poupe… e tem gente que acredita. Mente
descaradamente, na maior cara de pau.”.
Em
seguida, respondi à mensagem acima, dizendo que o estadista dela é diferente do
meu, posto que o meu estadista jamais precisa discutir com ninguém, apenas com
o propósito de se manter em evidência na mídia.
Ele até
pode ser agredido, mas a resposta não é em público, mas sim pela via
institucional.
Somente
nas piores republiquetas o estadista fica em cercado comentando os fatos da
República, como forma de animar a plateia entusiástica.
Eu disse que
a amiga estava certíssima com as convicções dela e eu jamais ousaria afirmar
que ela estava equivocada, porque a verdade dela a leva a pensar exatamente
como ela escreveu e ninguém pode tirar isso do íntimo dela.
O mesmo
eu digo do que penso, que é a minha verdade e não é justo que ninguém ouse afirmar
que eu estou equivocado, porque isso demonstra falta de respeito ao pensamento
às pessoas, em afronta à salutar liberdade de expressão.
As
pessoas têm todo direito de achar que o presidente do país é o melhor governo
do mundo.
Tudo bem,
porque isso é o direito delas de pensarem assim e da sua maneira que bem lhe
convier.
Agora, o
mesmo direito tem outras pessoas para entenderem diferentemente, não que isso
queira dizer que aquelas pessoas estejam equivocadas, porque ninguém tem
direito de concluir sobre o pensamento de outrem.
Por fim, eu
disse que a minha primeira conclusão teve como cerne possível adoção de medida
golpista, sem entrar no mérito de outras questões de governo, porque isso são
outros quinhentos, principalmente porque ninguém se elege para não realizar o mínimo
possível, como, aliás, vem fazendo o atual governo, que tem sido incapaz de promover
reformas estruturais e conjunturais do Estado, ficando apenas em pequenas
atividades, sem os ansiados impactos desenvolvimentistas.
Não
satisfeita com as minhas explanações, o distinta amiga me disse o seguinte: “Adalmir,
só ousei em afirmar que você estava equivocado simplesmente porque você disse ‘torço
para que minhas palavras estejam completamente equivocadas…’. Jamais tive a
intenção de faltar com o respeito ao seu pensamento. Não faz parte da
minha índole. Desculpe se o ofendi. Boa noite.”.
Imediatamente,
a respondi, dizendo que torcia, o que isso significa futuro, mas ela disse que
tinha certeza de que eu estava equivocado, o que é bem diferente do meu
pensamento.
Sim, é
verdade que eu a conheço muito bem e sei que a índole dela é realmente de muito
respeito às pessoas, mas neste caso eu jamais iria dizer que tinha certeza de
que alguém esteja equivocado.
As minhas
ilações, até aqui, são com base em fatos já acontecidos no governo.
Se eu
disse que torço para meu equívoco, é no sentido de que o presidente convoque o
povo, tenha o apoio e faço o que ele achar que é certo e não mais se acovarde
como ele fez no ano passado, frustrando o povo que foi enganado, indo em massa
para as ruas e ele terminou fazendo aquele papelão de beijar as mãos do
ministro desafeto dele, tendo assinado carta mentirosa, dizendo um monte de
inverdades, porque o conteúdo dela nunca foi cumprido.
Meu
equívoco é quanto ao porvir, porque eu disse, com base em fatos concretos, que
o presidente já demonstrou que não tem coragem e dei o exemplo do que houve no
setembro passado, porque os fatos estão se repetindo, agora, iguaizinhos, em tudo,
como naquele caso.
Enfim, amiga,
me desculpe se eu apenas procurei defender a minha verdade, como é do seu
direito também de defender a sua verdade e asseguro que me equivoque, ao dizer
que o presidente não tem coragem, porque se ele tivesse mesmo, jamais ele
iria esperar por mais um mês, ainda em 7 de setembro, para reunir multidão,
para fazer o que é preciso ser sob urgência, quando o circo pega fogo há muito
tempo?
Com o meu
respeito, amiga.
Na mesma
linha da amiga mencionada acima, outra preferencial amiga também houve por bem
discordar da minha interpretação sobre a atitude do presidente do país, ao afirmar que “Não concordo com a
sua opinião. Acho que o Presidente tem coragem de sobra, e só espera o
momento certo para não significar ‘Golpe.’. Por muito menos já utilizaram o
termo ‘gópi’. É o povo em massa nas ruas, e depois aguardar.
Confiemos!”.
Em resposta,
eu disse que ela tinha total direito de entender como bem quisesse, inclusive
de dizer que o presidente tem coragem.
É pena
que as pessoas se esqueceram do 7 de setembro do ano passado, quando o presidente
do país pediu que o povo fosse às ruas, porque ele faria o que o povo quisesse
e o povo disse, muito claro e em bom som, que ele fechasse o Supremo Tribunal Federal.
Pois bem,
ele participou dos eventos em Brasília e São Paulo e jurou que não mais
cumpriria decisão de um ministro da corte e o mundo inteiro teve conhecimento
dessa fantasiosa história.
No dia seguinte,
ele pediu arrego ao ministro, ligou para ele, três vezes, disse que tinha se
equivocado e jurou, por carta à nação, a agir com correção, dali para a frente,
mas logo quebrou o compromisso e voltou aos erros de sempre, por meio de críticas
e agressões.
Ou seja,
ele disse que faria o que o povo quisesse, só que fez exatamente o contrário, mostrando
os verdadeiros atributos de homem corajoso, ao contrário, como pensam seus
fiéis seguidores.
O pior de
tudo isso é que ele, até hoje, não se dignou a esclarecer as razões pelas quais
ele ter frustrado às expectativas do povo, que acreditava no golpe do
fechamento do Supremo, porque isso fazia parte do plano: “de fazer o que o povo
quisesse”.
Esse é só
um exemplo de homem "corajoso", que voltou atrás, naquele 7 de
setembro, porque foi ameaçado de impeachment pelo Centrão.
Agora, os
mesmos fatos vêm à baila e a pessoa que vai decidir é a mesma, a
depender, evidentemente, da sua bravura de herói nacional.
Espero
que eu me equivoque, nas minhas conclusões, que estão alicerçadas em fatos do
passado, conforme a descrição feita acima.
Em síntese,
os fatos mostram, com muita propriedade, visível desrespeito à opinião das
pessoas que têm pensamento contrário a determinada ideologia, cujos seguidores não
aceitam opinião divergente, mesmo que os fatos acenem precisamente para a
consistência das afirmações.
É preciso
que as pessoas respeitem mutuamente as ideias, em especial, no que diz respeito
às atividades políticas, porque estas se destinam à serventia do interesse
público, com embargo de preferências partidárias, à vista do direito universal
da liberdade de expressão, que é assegurado constitucionalmente aos brasileiros,
que precisam exercê-lo na sua plenitude, como forma de aperfeiçoamento dos
princípios democráticos.
Brasília,
em 3 de agosto de 2022
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