sábado, 27 de agosto de 2022

Reorganização da bagunça?

 

Circula nas redes sociais vídeo que contém mensagem anunciando a apresentação de Proposta de Emenda à Constituição, versando, basicamente, sobre o estabelecimento do equilíbrio entre os três poderes da República, onde se prevê o limite de nove anos para a permanência no cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal e dispõe sobre regras de transição para aqueles que já estão no cargo, limita a aplicação de decisões monocráticas e cuida de outras medidas consideradas importantes para o aperfeiçoamento democrático.

Em princípio, a PEC em apreço tem total pertinência, porque as matérias versadas nela são realmente imprescindíveis ao aprimoramento dos princípios democráticos.

Não obstante, como a iniciativa é apresentada no apagar das luzes do atual processo legislativo, ela não passa de mero fogo de palha, porque certamente não há de surtir o menor interesse dos congressistas em aprovar medidas importantes em pleno processo eleitoral, quando é sabido que a partir de agora só tem espaço para nada diferente da eleição, compreendendo a campanha eleitoral propriamente dita.

Além do mais, esse Congresso já mostrou que não tem compromisso com absolutamente nada que possa servir de parâmetro como a reforma de alguma matéria nem muito menos com o aperfeiçoamento das normas vigentes, mesmo que muitos assuntos se apresentem interessantes e imprescindíveis ao aprimoramento democrático.

A verdade é que, se houvesse algum interesse em aprovar algo, em especial na importância da proposta em causa, isso seria objeto de medida adotada há bastante tempo e jamais somente agora, em momento indiscutivelmente inadequado, quando os congressistas estão muito mais preocupados com seus projetos pessoais de reeleição no cargo, não tendo tempo senão para o usufruto do chamado recesso branco, que é a total ausência dos trabalhos legislativos.

Isso só mostra e confirma a incompetência quanto à incumbência constitucional de agir em prol das causas relacionadas com o interesse público, evidentemente sem prejuízo do total atendimento das causas pessoais, às custas dos bestas dos contribuintes.

Não obstante, o autor do projeto certamente vai usar a sua proposta como verdadeiro trunfo para se reeleger, sob o argumento de ter tido a iniciativa de apresentar medida importante, capaz de pôr em ordem a desorganização reinante na República das bananas, onde ninguém tem compromisso senão com suas causas pessoais, em aproveitamento dos recursos públicos, fartamente colocados à disposição de parlamentares que não têm compromisso algum com a defesa da sociedade.

   Brasília, em 27 de agosto de 2022

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