O principal candidato da esquerda à Presidência da República afirmou que fica “muito à vontade” para discutir corrupção, sob o argumento de ter sido o presidente que mais criou instrumentos para combater o crime.
Ele disse
que “As pessoas preferem discutir corrupção porque a discussão você pode
mentir, a discussão você pode falar o que quiser. Eu fico muito à vontade com
essa discussão porque eu tenho orgulho de ter sido o presidente da República
que mais criou instrumento de combater a corrupção”.
O aludido
discurso foi feito após aliados reclamarem que o ex-presidente deveria ter sido
mais enfático ao ser confrontado sobre escândalos de corrupção na era petista
durante o primeiro debate presidencial na televisão.
No
debate, o presidente do país enfatizou a delação do ex-ministro da Fazenda do
governo do candidato da esquerda, para mostra a vulgarização da corrupção que
rolou muito à vontade na Petrobras, enquanto o acusado preferiu responder com
assunto que sequer tangenciou o objeto da afirmação sobre os podres apontados, na
ocasião.
Ele
preferiu apenas alegar as conquistas de seu governo - mas de maneira “pouco
emocionada”, na avaliação de um correligionário – e somente tentou “enquadrar”
o candidato à reeleição ao final do debate, ao destacar o sigilo de 100 anos
aplicado pelo presidente em documentos de Estado, que não chega nem perto da
desgraça causada pelos maléficos efeitos da corrupção, que diz propriamente com
a roubalheira de recursos públicos, que realmente aconteceu no governo dele,
conforme mostram os fatos registrados pela história.
Outro
aliado disse que o candidato da esquerda estava nervoso e passou a imagem de
quem se esquivou dos questionamentos sobre corrupção, um ponto nevrálgico para
o eleitor de centro de classe média, segmento importante para firmar o
favoritismo mostrado nas pesquisas, segundo o entendimento dele.
É relevante
se frisar que, na sabatina ao Jornal Nacional, o candidato da esquerda
admitiu casos de corrupção no governo dele, dizendo que ocorreram desvios de
recursos da Petrobras, porque, disse ele, admitindo, "Você não pode
dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram", mas ele
simplesmente se omite de afiançar a sujeira pútrida no governo dele, ou seja, a
admissão das irregularidades é por conta do que dizem as pessoas e não pela
consciência pessoal dele.
Nesse
caso, há importante detalhe a se observar, que é a atribuição da causa das
irregularidades a outrem e não propriamente do que aconteceu dentro do governo
dele, quando o candidato da esquerda afirmou que "O que é mais grave é
que as pessoas confessaram e, por isso, ficaram ricas. Ou seja, foi uma espécie
de delação premiada: você não só ganhava liberdade por falar o que queria o
Ministério Público como também ficava com parte do que você roubou. O roubo foi
oficializado pelo Ministério Público, o que acho uma insanidade e uma aberração
do país", fato este que o candidato escancara a sua aceitação quanto à
roubalheira no seu governo, mas, pasmem, por culpa exclusiva apenas das delações
premiadas, que tiveram o condão de prejudicar a “imaculabilidade” do seu
governo.
Ou seja,
nesse ponto, o candidato atribui ao Ministério Público o poder de oficializar a
roubalheira, como o que se intuir que, se esse órgão não existisse, seria
possível ninguém ficar sabendo da imundície com o dinheiro surrupiado dos
cofres públicos, o que só demonstra a extrema insensatez por parte do político,
que, em situação de normalidade, ele deveria agradecer àquele órgão o relevante
trabalho no sentido de que as pessoas confessaram os desvios de recursos
públicos e isso só confirma a falta de personalidade de homem público que
pretende presidir o Brasil, quando reconhece que seria melhor que nem tivesse
órgão fiscalizador, porque a ladroagem não teria vindo a público, à luz solar.
Enfim, o
candidato da esquerda considera mais importante criticar o atual governo, tendo
afirmado, em especial, que “Agora você tem um procurador que não processa o
que tem que processar, o resultado da CPI está paralisado e ao mesmo tempo você
tem um presidente que qualquer denúncia contra ele, ele decreta o sigilo de 100
anos”, posto que isso não passa de acusações tipo perfumaria, diante da sua
insignificância, em relação à gravidade dos atos de corrupção, atribuídos à
autoria dele.
Quando o
candidato da esquerda diz, agora, que “Eu fico muito à vontade com essa
discussão porque eu tenho orgulho de ter sido o presidente da República que
mais criou instrumento de combater a corrupção”, por ser autor, no seu
governo, conforme ele disse ao Jornal Nacional que "Foi no meu governo
que a gente criou o Portal da Transparência, que a gente colocou a
Controladoria-Geral da União (CGU) como ministro para fiscalizar, que a gente
criou a Lei de Acesso à Informação, que a gente criou a Lei Anticorrupção, a
lei contra o crime organizado, a lei contra a lavagem de dinheiro",
ele foge do assunto corrupção propriamente dita e se envolve quase
integralmente pelas vias da mentira, conforme se vê a seguir.
A verdade
é que, das cinco medidas anunciadas acima, somente uma foi de iniciativa do governo
dele, aquela que se refere ao Portal da Transparência, que foi lançado pela
Controladoria Geral da União, em 2004, enquanto as demais nunca tiveram a
autoria dele, o que mostra quão mentiroso ele é perante os brasileiros, que não
tem a menor vergonha de dizer que é patrono de medidas aprovadas em outros
governos, como se ele não tivesse praticado as piores imoralidades e
indignidades de gestão pública sob o pálio de medidas de controle anticorrupção,
as quais, na verdade, somente estariam conspirando contra ele próprio, em face
da existência de medidas preventivas contra crimes, mas mesmo assim eles
aconteceram soberba e assustadoramente.
A bem da
verdade, a Lei de Acesso à Informação foi aprovada pelo Congresso Nacional em
18 de outubro de 2011, no governo sucedido ao dele; a Lei Anticorrupção foi aprovada
pela Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, no governo da sua sucessora; a Lei
Contra o Crime Organizado foi aprovada pela Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998,
no governo do seu antecessor, sendo que ela foi aperfeiçoada pela Lei nº
12.683, de 9 de julho de 2012, também no governo que o sucedeu; e, finalmente,
a Lei Contra a Lavagem de Dinheiro foi criada pela Lei nº 9.613, de 3 de março
de 1998, no governo de seu antecessor.
Ou seja,
o candidato da esquerda não tem o menor pudor de mentir para os brasileiros, na
tentativa de mostrar, em vão, que os gigantescos desvios de recursos públicos,
no seu governo, na forma dos criminosos escândalos do mensalão e do petrolão,
teriam acontecido mesmo diante da sombra de medidas anticorrupção criadas no
governo dele, quando algumas nem existiam ainda, porque elas surgiram depois
dele, conforme a descrição acima, e isso é muito grave, quando ele procurar se
esquivar e se justificar com base em argumentos absolutamente falsos e de nenhuma
consistência jurídica.
É preciso
sim ficar muito claro que o importante tema referente à corrupção deve ser explorado
com profundidade, porque se trata de algo extremamente maculador dos princípios
republicanos, em especial no que diz com a moralidade, a probidade e a
efetividade na aplicação dos recursos públicos destinados às atividades e aos
programas governamentais, intrinsecamente relacionados com a satisfação dos
interesses da sociedade.
Esse
debate se torna imperioso, muito mais ainda, para mostrar e condicionar ao
candidato da esquerda, sob os prismas da ética e da moralidade, quanto à
necessidade de ele se obrigar a prestar contas sobre o mar de irregularidades
que tomou conta da gestão dele, a exemplo dos escândalos do mensalão e do
petrolão.
As citadas
irregularidades aconteceram de forma sistêmica e endêmica, cujas visíveis consequências
não mudaram em nada a passividade da mentalidade dele, que continua imaginando
que corrupção com dinheiro público se trata de prática corriqueira e normal de
gestão pública, quando ele somente faz alegação vazia quanto à existência de
medidas preventivas, como as que ele sempre alega, de tê-las indevidamente patrocinado,
que seriam, segundo o pensamento dele, o bastante e suficiente para o
conformismo dos brasileiros diante da monstruosidade das roubalheiras que não foram
nem são assumidas pelas pessoas envolvidas, que deveriam ter dignidade
republicana para se responsabilizarem por tantos prejuízos causados ao Brasil e
aos brasileiros.
A verdade
é que ele não se sensibiliza para a gravidade de ser candidato com o sinete da
desonestidade exposto na sua face, onde ele aparecer ao público, quando, ao
contrário, o homem público de verdade se envergonharia de se apresentar aos eleitores
carregando na bagagem carrada de processos penais, à vista das várias denúncias
sobre suspeitas de irregularidades protocoladas na Justiça, cuja autoria é atribuída
à pessoa dele, que dizem com o seu envolvimento em casos de corrupção e que
pendem de julgamento.
Não há a
menor dúvida de que, no regime democrático de direito, gravíssima situação como
visto é fator preponderante para macular a participação na vida pública de qualquer
candidato que não esteja com as mãos limpas, quanto aos seus atos na gestão
pública, uma vez que a condição básica para o homem público é ter passado
imaculado, evidentemente sem qualquer implicação com a Justiça, por conta de
suspeitas da prática de atos irregulares, na administração pública, uma vez que
isso é indiscutivelmente incompatível com o exercício de cargo público eletivo,
sob a ótica dos salutares princípios republicano e democrático.
À vista
do exposto, convém que os candidatos sejam sempre e reiteradamente lembrados,
em especial, nos debates, sobre os casos de corrupção no governo, exatamente
para se avivar, de forma enfática, que a regularidade na gestão pública é
condição sine qua non para o exercício de cargo público, no sentido de
que eles estejam em situação de imaculabilidade perante a sociedade.
Na verdade,
essa assertiva equivale se afirmar que nenhum candidato pode ter qualquer
processo na Justiça para participar de atividades políticas nem com pendência
de julgamento de ações penais, porque essa situação é visível aceno de
impedimento legal e moral quanto à necessidade da apresentação da ficha corrida
de cidadão cumpridor de seus deveres referente à cidadania, em especial, no que
diz com relação às atividades da vida pública.
Diante dos fatos, não é verdade que haja real disposição por parte do candidato da esquerda para discutir corrupção, à vista da sua forma distorcida de tratar desse tema tão delicado acontecido no governo dele, que ele reconhece como tal, porque se trata de assunto que exige bastante seriedade e respeito aos brasileiros honrados, que anseiam por que ele se esforce em prestar contas sobre, em especial, aos terríveis escândalos referentes aos fatos acontecidos no mensalão e no petrolão.
Apelam-se
para que os brasileiros honrados e dignos se conscientizem de que é de extrema
imperiosidade que somente seja eleito o presidente da República que tenha condições
de preencher os requisitos de conduta ilibada e idoneidade, na vida pública,
como forma de valorização dos princípios e da grandeza do Brasil e dos
brasileiros, sob a égide dos pilares republicano e democrático.
Brasília, em 31 de agosto de 2022
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