Em
crônica que analisei a espúria aliança do presidente da República com o grupo político
conhecido como Centrão, um distinto amigo houve por bem contrariar meu texto e
afirmar que, “No sistema presidencialista brasileiro, É IMPOSSÍVEL para
qualquer Presidente governar e aprovar seus projetos se não fizer uma
composição com o Congresso. Bolsonaro tinha duas opções de composição: a
esquerda ou o assim chamado Centrão. Como analista político, você indicaria a
ele qual das duas?”.
Em
resposta, eu disse que não
indicaria nenhuma opção, desde que se trate de governo eleito sob a égide
da seriedade e da moralidade.
Para se
governar o Brasil, com competência e eficiência, não há necessidade de alianças
espúrias, basta apenas ter capacidade para executar, com inteligência e
responsabilidade, as funções do cargo presidencial, independentemente de os
outros poderes cumprirem ou não as suas funções constitucionais.
É exatamente
assim que acontece nas nações evoluídas, sérias e civilizadas, em termos
políticos e democráticos.
O amigo
retrucou, dizendo que
“Aí você está falando de uma ditadura.
Em
resposta eu disse que ditadura em cumprir a Constituição?
Na
democracia brasileira, o Executivo governa, o Legislativo faz as leis e o
Judiciário protege os princípios constitucionais, sem necessidade de alianças
com ninguém nem composição de coisa nenhuma, quanto mais no que se refere à
mais nojenta e sebosa aliança entre o presidente da República e o nefasto
Centrão, que não seria aceitável nem nas piores republiquetas.
Pobre
povo que acha justificativa em tudo para tentar amparar imundície até no
governo, onde deve prevalecer somente práticas lícitas, em harmonia com os saudáveis
princípios republicano e democrático, como normalmente fazem os países sérios,
evoluídos e civilizados, em termos políticos.
O
amigo ainda disse que “Repito: É IMPOSSÍVEL, no sistema presidencialista
brasileiro, o Presidente governar sem fazer uma composição com o Congresso.
Isso não é opinião, isso é FATO. E mesmo um presidente eleito sob a égide da
seriedade vai depender de um Congresso nem sempre sério… nessa condição, como
ele vai governar? Precisamos de uma solução. Você tem?
Imediatamente eu respondi, dizendo que
a solução
tem o nome da competência.
Desconheço
candidato à presidente da República que apresente seu plano de governo,
recheado de projetos e programas sempre com os mais qualificadas e excelentes ideias
para oferecer à população, normalmente sem que eles tenham por base qualquer
elementos científicos, ou seja, tendo por base estudos completos sobre os seus
fundamentos, quanto às realizações pretendidas.
Bem, esse
ponto é a norma, é a praxe que se vê em todos os planos de governo.
Agora,
vem o ponto mais importante: alguém conhece que qualquer candidato tenha
escrito no seu plano de governo que a implementação das suas metas vai depender
das alianças, das composições com o Congresso Nacional ou algo que o valha?
É claro
que nenhum candidato e irresponsável para indicar, ainda na campanha eleitoral,
que as suas metas de governo, se eleito, vão ser implementadas somente se houver
alianças com o Congresso, uma vez que isso seria louca incoerência.
Não
obstante, o que se vê é todo presidente da República alegar que não tem condições
de governar sem a formalização de alianças, mesmo que elas não tenham sido
mencionadas na campanha eleitoral e sejam seladas com o desgraçado Centrão, de
péssima reputação política, como assim já foi reconhecido pelo atual presidente
do país, quando disse que não tinha negócio com a velha política, se referindo
a esse sujo grupo político.
Essa
pouca-vergonha de alianças e compromissos espúrios, inclusive com grupos
fisiológicos, somente surge depois, como justificava esfarrapada, sem amparo em
coisa alguma, tendo por finalidade a satisfação de interesses pessoais, sem qualquer
vinculação com a causa pública, que é o caso do acordo com o desgraçado
Centrão, que teve por base blindar o presidente do país, para livrá-lo do
processo de impeachment e é fato do conhecimento de todos.
É preciso
que o povo veja a moralidade com o verdadeiro sentido de honestidade, sem essa
falsidade nem hipocrisia, de se dizer que se não houver composição vergonhosa com
o Congresso ninguém governa o país.
Enfim, falta
mesmo é vergonha na cara dos brasileiros, que elegem seus representantes
políticos mesmo quando eles nem sempre preenchem os essenciais requisitos de
conduta ilibada e idoneidade, na vida pública, que é o caso da situação atual,
quando somos obrigados a eleger o presidente do país pelo critério do menos
pior, porque nenhum candidato é digno do conceito de imaculabilidade, conforme
mostram os fatos.
Brasília,
em 24 de agosto de 2022
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