quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Sem prejuízo?

Em crônica que analisei a vergonhosa aliança do presidente da República com o grupo político conhecido como Centrão, uma distinta amiga resolveu contrariar o meu texto e afirmar queA ‘aliança’ entre o Presidente e o ‘centrão’ não trouxe nenhum prejuízo para o país, muito pelo contrário, não houve troca de favores, não foram loteados cargos públicos… só tivemos ganhos nas aprovações de matérias para o bem dos brasileiros. Acho que estão aprendendo com o Bolsonaro que o que importa é o progresso do Brasil.”.

Em resposta, eu disse que não é bem verdade que não houve prejuízo, à vista do atingimento do princípio republicano da moralidade, em que o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República é um dos principais líderes do deplorável Centrão e é ele o responsável pelo orçamento da União, além de outros dois ministros do governo que integram esse grupo fisiológico, cujas nomeações fazem parte do imundo acordo político.

Além dessas nomeações, o governo amiudamente vem repassando emendas parlamentares para integrantes do Centrão, em procedimentos estritamente injustificáveis, embora tais medidas tenham por finalidade a aprovação de matérias de interesse do Palácio do Planalto, em clara compra da consciência de parlamentares.  

Outra pouca-vergonha é o orçamento secreto, que foi criado por esse inescrupuloso grupo político, cujo controle é feito pelo presidente da Câmara dos Deputados, que é um dos principais líderes do Centrão.

Há algo mais seboso do que isso, em termos de acordo recheado de interesses escusos?

Infelizmente, a conveniência política pode contribuir para que as pessoas não queiram enxergar a realidade dos fatos, como é exatamente a situação dessa indigna e imoral aliança.

Isso mostra que os controladores dos orçamentos, ambos pertencentes do Centrão, têm total condição de liberar recursos para as suas bases de interesse político, em detrimento de regiões carentes, já que inexiste critério técnico e isento para os gastos do governo, em forma de prioridades nacionais, quando os orçamentos estão sob o controle de parlamentares muito pouco confiáveis, conforme mostram os fatos.

Convém que a verdade sobre o governo seja exposta com transparência, porque nada justifica a falta da verdade sobre a gestão pública, que tem como princípio justamente a prestação de contas à sociedade sobre o desempenho do governo.

          Brasília, em 24 de agosto de 2022 

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