Em
crônica que analisei a vergonhosa aliança do presidente da República com o
grupo político conhecido como Centrão, uma distinta amiga resolveu contrariar o
meu texto e afirmar que “A ‘aliança’
entre o Presidente e o ‘centrão’ não trouxe nenhum prejuízo para o país, muito
pelo contrário, não houve troca de favores, não foram loteados cargos públicos…
só tivemos ganhos nas aprovações de matérias para o bem dos brasileiros. Acho
que estão aprendendo com o Bolsonaro que o que importa é o progresso do Brasil.”.
Em
resposta, eu disse que não é bem verdade que não houve prejuízo, à vista do
atingimento do princípio republicano da moralidade, em que o ministro-chefe da
Casa Civil da Presidência da República é um dos principais líderes do deplorável
Centrão e é ele o responsável pelo orçamento da União, além de outros dois
ministros do governo que integram esse grupo fisiológico, cujas nomeações fazem
parte do imundo acordo político.
Além
dessas nomeações, o governo amiudamente vem repassando emendas parlamentares para
integrantes do Centrão, em procedimentos estritamente injustificáveis, embora
tais medidas tenham por finalidade a aprovação de matérias de interesse do
Palácio do Planalto, em clara compra da consciência de parlamentares.
Outra
pouca-vergonha é o orçamento secreto, que foi criado por esse inescrupuloso
grupo político, cujo controle é feito pelo presidente da Câmara dos Deputados,
que é um dos principais líderes do Centrão.
Há algo
mais seboso do que isso, em termos de acordo recheado de interesses escusos?
Infelizmente,
a conveniência política pode contribuir para que as pessoas não queiram
enxergar a realidade dos fatos, como é exatamente a situação dessa indigna e
imoral aliança.
Isso
mostra que os controladores dos orçamentos, ambos pertencentes do Centrão, têm
total condição de liberar recursos para as suas bases de interesse político, em
detrimento de regiões carentes, já que inexiste critério técnico e isento para
os gastos do governo, em forma de prioridades nacionais, quando os orçamentos
estão sob o controle de parlamentares muito pouco confiáveis, conforme mostram
os fatos.
Convém
que a verdade sobre o governo seja exposta com transparência, porque nada
justifica a falta da verdade sobre a gestão pública, que tem como princípio justamente
a prestação de contas à sociedade sobre o desempenho do governo.
Brasília, em 24 de agosto de 2022
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