Em
vídeo que circula na internet, foi postada a caricatura do principal líder da oposição
brasileira com a imitação de horrível gambá, encimada da inscrição, in
verbis: “Espécie considerada em extinção até que cientista do STF o
ressuscitou usando o DNA de um gambá. Nome científico larapius bebuns carniça (sic)”.
Vejo
com muita tristeza a disseminação de sátira terrível como essa, em se comparar,
de forma extremamente perversa e maldosa, o ser humano a animal irracional e
ainda com a feição horrorosa, deixando muito cloro o sentimento de ódio no
coração, que não encontra a menor justificativa para tanto.
Não
importa, no caso que ele possa ter cometido os piores crimes contra os
brasileiros e o Brasil, porque isso não dá o direito de tamanho deboche à
dignidade humana, exatamente por fugir aos padrões humanitários.
Isso,
em absoluto, justifica nem autoriza alguém menosprezar a pessoa, como forma de
evidenciar desprezo ao extremo, ao mostrar o lado animalesco do ser humano, cuja
atitude não tem outra interpretação senão de puro desdenho à imagem do semelhante.
Enfim,
onde está o sentimento de amor ao próximo, que foi ensinado por Jesus Cristo,
que certa vez Ele disse para amar o seu próximo como a si mesmo e ainda, em
outras valorosas palavras, que o homem deseje ao seu semelhante o mesmo que ele
deseje ou imagine para si?
Não
se quer dizer que estou em defesa de criminoso nem de ninguém, que, no caso, o
político já foi até julgado à prisão pela Justiça, justamente por ter se
beneficiário de gordas propinas com dinheiro público.
Não,
não é nada disso, apenas entendo que quem cometeu delito grave precisa ser julgado
pela Justiça, que tem competência constitucional para adotar as medidas
judiciais pertinentes, na medida da sua competência legal para atuar e fazer a
devida justiça.
Se,
porventura, a Justiça não atua como é do seu dever, não compete ao homem fazer
justiça com as próprias mãos nem demonstrar forma explícita de repúdio público,
na forma mais vil, como no caso em comento, porque isso não tem qualquer
serventia para sanear os erros praticados pelo político.
A
inteligência humana aconselha que, sob o prisma da ética e da moralidade, políticos
com a índole de desonestidade, como no caso dele, que responde a vários
processos na Justiça e já foi julgado à prisão, pelos crimes de corrupção passiva
e lavagem de dinheiro, precisam e merecem ser desprezados sim, mas somente nas
urnas, na forma democrática de exclusão, mostrando a ele e aos demais corruptos
que o Brasil não merece mais ser dirigido por políticos que foram capazes de se
envolver em escândalos e desvios de recursos públicos, a exemplo das
investigações pertinentes ao mensalão e ao petrolão, cujas irregularidades ainda
pendem de prestação de contas à sociedade, na forma da legislação aplicável à
espécie.
Enfim,
seria razoável que o homem tivesse a grandeza de sentimentos humanos, para a
compreensão de que essa forma de tratamento irracional só contribui para
mostrar que as relações sociais, infelizmente, ainda engatinham e se distanciam
do desejável desenvolvimento compatível com as conquistas científicas e
tecnológicas, que são importantes avanços que devem ser aproveitados sim em
benefício da humanidade.
É
preciso ficar claro que este texto não é para dá lição de moral nem de cidadania
a ninguém, mesmo porque quem sou eu para criticar os erros da humanidade, quando
reconheço que sou pecador, que preciso primeiro me corrigir, mas a sua
finalidade é apenas para mostrar que o ódio não é forma alguma para se tentar
corrigir o mundo nem os erros das pessoas, em especial quando existem os
parâmetros legais para isso, que, infelizmente, se mostram incompetentes no
cumprimento da sua importante missão constitucional.
Apelam-se
para o bom senso, no sentido de que o homem se conscientize de que o respeito
aos princípios humanitários é dever de cada um de nós, como forma de aperfeiçoamento
da civilidade e da cidadania.
Brasília,
em 10 de agosto de 2022
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