quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Desprezo ao civismo?

 

A Independência do Brasil está a um mês da sua data de celebração dos 200 anos, o que seria motivo para grandiosos festejos como marco do maior evento cívico da pátria, a merecer cuidadosa organização para as comemorações à altura da sua importância.

Não obstante, o espírito de civilidade, desta vez, foi transmutado para o espaço sideral, por ter sido preferida a realização de atos de mobilização de protestos, dando rumos estranhos à principal data cívica da pátria.

Quem não se lembra, na infância, dos preparativos para os festejos do Dia da Independência, quando havia os desfiles das escolas estudantis, para o enaltecimento do dia 7 de Setembro, que era motivo de orgulho dos brasileiros?

Desta feita, os brasileiros foram e estão sendo convocados para irem às ruas, não para festejarem a independência da pátria, mas sim para apoiar posição política, em demonstração de ideologia defendida pelo presidente da República, que tem sido incansavelmente mentor de  impropérios negacionistas com viés de claro desvirtuamento de importante data da pátria, da maior representatividade cívica, com essa absurda convocação de seus seguidores para, pasmem, manifestações antidemocráticas e contra o sistema eleitoral que poderiam acontecer em qualquer data, menos no Sete de Setembro.

Na verdade, o que se sabe de festejo apropriado à Independência do Brasil é a reinauguração do Museu do Ipiranga, em São Paulo, sem outro evento marcante e expressivo para a lembrança de 200 anos do Grito do Ipiranga, fato este que marca muito mais como descaso por parte das autoridades da República, que valorizam atos políticos, em detrimento das grandezas cívica e patriótica.

O bicentenário da Independência do Brasil, diante da sua importância histórica, é assunto marcante a merecer cuidados especiais, desde muito tempo, para quem já houve o máximo de entusiasmo nas suas comemorações, como fazem normalmente as nações evoluídas, como os EUA, na data de 4 de julho, e a França, no dia 14 de julho, como forma de valorização dos princípios cívico e patriótico de uma nação.

O que se sabe é que as festividades em comemoração da Independência do Brasil remontam desde os anos imediatamente posteriores ao de Setembro de 1822, a merecerem os cuidados dignos da sua expressão cívica para o povo.

Como acontece em todas as nações, a comemoração da independência do país tem relação direta com a construção e a manutenção do simbolismo de orgulho de um povo, que tem por objetivo a formação de integração e identidade nacionais.

Com o mentalidade deformadora do pensamento patriótico, conforme a confirmação com a mobilização para a participação de atos de protestos, a sensação que fica é que a identidade nacional se fragmenta e pode perder sentido o simbolismo do verdadeiro civismo pelo reconhecimento do sublime ato da Independência do Brasil.

O pior de tudo isso é que esse deplorável desvirtuamento histórico conta justamente com o incentivo por parte de quem deveria defender a continuidade dos tradicionais festejos do Dia da Independência, por ser a data maior do Brasil, fato que é bastante preocupante, por se permitir que às crianças sejam negadas importantes formas de incentivo à prática dos princípios de civilidade e amor ao Brasil, porque isso se aprende desde cedo, com o culto dos brasileiros ao que realmente significa a Independência do Brasil.

Enfim, o Sete de Setembro simboliza o início da liberdade e da autonomia do Brasil, que ganhou firmeza com o importante brado de D. Pedro I, às margens do Ipiranga, por meio do qual ganhou destaque como marco histórico de dominação e controle de uma nação, que se firmou com o grito de independência.

A importância da celebração do Sete de Setembro tem relevância pela possibilidade da reflexão sobre o sentido histórico de país livre, que tem autonomia para decidir sobre os interesses do próprio povo.

A história mostra que muitos fatos aconteceram no Brasil e nunca houve se relegar a segundo plano o festejo do Dia da Independência do país, na forma como ele bem merece, porque a sua lembrança leva à valorização da autonomia de um povo e de uma nação, com capacidade para a construção de identidade de gente alegre, forte, unida, lutadora e responsável, tendo por objetivo maior o seu progresso.

A ideia que se tem sobre a comemoração da independência do Brasil é que isso pode contribuir para o fortalecimento da democracia, por meio do ensinamento do indispensável civismo às crianças e aos jovens, como forma de valorização do amor à pátria.

À toda evidência, é preciso que seja criada a consciência de civismo e patriotismo de um povo, por meio do culto de bons e salutares ensinamentos da própria história, como forma de reforço da cultura própria de suas raízes, a exemplo da independência do Brasil.

Os verdadeiros brasileiros não podem permitir que a história brasileira seja naufragada por ideias absurdas de políticos sem noção, que não se importam com a grandeza do passado glorioso do simbolismo cívico e patriótico, a exemplo da independência, que precisa ser comemorada à altura da sua sublime importância para o Brasil, tendo em vista que ela faz parte da cultura cívica do seu povo.

É muito triste que outros interesses possam desvirtuar o verdadeiro sentimento de patriotismo, em nome de causas meramente políticas, que poderiam se realizar em qualquer outra data, menos naquela que é mais importante para o civismo de um povo, fato este que só demonstra a pequenez da mentalidade política de seu idealizador de tamanha monstruosidade, que não tem o menor escrúpulo de desvalorizar as raízes cívicas de um povo, a sua história e os sentimentos patrióticos dos brasileiros, por transformar a data tão importante em palanque político, que tem grande possibilidade de transformá-lo em ameaça à democracia.

Urge que os brasileiros de verdade, no âmbito da sua responsabilidade cívica e patriótica, repudiem, com veemência, a transformação das comemorações do Sete de Setembro em ato político destinado a protestos visivelmente antidemocráticos, fato este que mostra a infinita insensibilidade com relação aos princípios de civismo e amor ao Brasil.

Brasília, em 4 de agosto de 2022

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