quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Por limpeza na política

 

O deputado que já foi condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal postou vídeo, nas redes sociais, que versa sobre agressões violentas dele contra ministros dessa corte, demonstrando o extremo ódio aos magistrados.

Esse parlamentar mostra o retrato fiel do Congresso Nacional povoado por muitos congressistas que não tem a mínima noção da sua real e precípua finalidade para a qual eles foram eleitos, qual seja, a de legislar, fiscalizar os atos do governo e defender os interesses do povo.

No caso dos abusos do Supremo, o parlamentar não tem competência legal para criticar, agredir e esculhambar os ministros, na forma tão contundente como ele decidiu fazer, mesmo que ele nem tenha dito o que eles possam merecer, porque, nesse caso, ele extrapola o decoro parlamentar, fazendo declarações fora da órbita dos assuntos da sua atribuição legislativa.

Se o deputado tivesse o mínimo de sensibilidade e responsabilidade parlamentar, ele faria representação junto à Câmara dos Deputados, juntando provas sobre os assuntos irregulares que ele tem conhecimento sobre o envolvimento de ministros do Supremo, para as pertinentes e necessárias medidas, que, conforme a gravidade, servirem para investigações, se for o caso, na forma de Comissão Parlamentar de Inquérito.

Ou ainda, ele poderia apresentar projeto apropriado, cuidando de pôr limites aos abusos praticados por ministros daquela corte, tudo em sede de medidas consentâneas com pertinência de civilidade e seriedade.

Isso que o deputado fez de agredir ministros, de forma violenta e graciosa, que vem tendo enorme repercussão nas redes sociais, somente demonstra o seu elevadíssimo grau de incompetência, imaturidade e incapacidade para o exercício do mandato para o qual ele foi eleito, evidentemente com o apoio de eleitores com a mesma mentalidade de incivilidade, por se tratar de causa que nada diz ao interesse público, mas sim particular, fazendo uso de cargo público pago pelos contribuintes.

Ao aparecer em público exclusivamente para denegrir a imagem de autoridades da República, com a finalidade de denunciar a atuação delas perante a sociedade, suas colocações não condizem com as atribuições parlamentares nem contribuem em absoluto para eliminar as causas do câncer que age dentro da instituição fortemente criticada e agredida por ele, porque ela vai continuar agindo da mesma maneira.

Ao contrário disso, tudo poderia ser diferente se o deputado tivesse inteligência para apenas atuar estritamente no âmbito do seu mandato, no sentido de enxergar atos abusivos contra a sociedade e, prontamente, apresentar as medidas legislativas necessárias, no sentido da busca do saneamento deles, porque foi exatamente para isso que ele foi eleito, para defender os interesses do povo.

O papel desempenhado pelo deputado, de apenas criticar e agredir autoridades, serve apenas para os aplausos de pessoas inúteis que se satisfazem com meras atitudes de desforra, de ódio, que não vão a horizonte algum e somente contribuem para piorar o que já era deplorável.

Pobre Brasil, que tem sido cada vez mais enriquecido com mentalidades vazias, medíocres e retrógradas, tendo por finalidade a construção de retrocesso dos princípios democráticos e da vida pública, tendo a efetiva participação da sociedade despreparada e desfocada da realidade, que também se mostra permanente contribuinte da involução político-democrática.

Apelam-se por que os brasileiros se conscientizem sobre a urgente necessidade da melhor qualificação das representações políticas, de modo que somente sejam eleitas pessoas que efetivamente se comprometam com a defesa dos interesses da sociedade e do Brasil.

Brasília, em 18 de gosto de 2022

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