Tudo
que se possa intuir sobre o sistema eleitoral brasileiro tem fundo de verdade e
também de mentira.
É
possível se acreditar nas duas versões, o que vale dizer que ele não é
confiável, exatamente por falta de credibilidade sobre informações precisas e
completas sobre o seu funcionamento.
Agora,
diante dessa indiscutível certeza de não se ter certeza de absolutamente nada, há
a cristalina certeza de que a culpa por estrondoso caos é exclusivamente das
autoridades da República que desconfiavam quanto à fragilidade desse sistema,
diante de confessada possibilidade da existência de urnas fraudáveis, embora
sob suspeitas sem prova alguma sobre a mínima incidência que fosse.
Isso
pouco importa, à luz da simples desconfiança, porque o interesse maior e
primordial é que as urnas eletrônicas e a apuração das eleições funcionem
perfeitamente como manda o figurino da legitimidade democrática, em termos da
pureza desejável para uma nação séria, com a grandeza continental do Brasil.
Para
tanto, a autoridade com competência para mandar, em termos funcionais, nas
Forças Armadas, que é o presidente da República, poderia ter pedido,
tempestivamente, que seus peritos estudassem a integral operacionalidade do
sistema eleitoral, com vistas à identificação das falhas passíveis de
facilitação de fraudes.
Então,
com base nisso, esses especialistas poderiam ter elaborado projeto de norma
legislativa específica, estabelecendo parâmetros adequados ao perfeito
funcionamento das urnas eletrônicas, bem assim da apuração das eleições, de modo
a se impedir qualquer possibilidade de fraude ou manipulação de resultados.
Só
precisava da aprovação de norma legislativa preventiva, com a padronização de
qualidade, que a Justiça eleitoral seria obrigada a observar fielmente, em que
o resultado das eleições apenas estaria exatamente de acordo com a lei, inclusive
se poderia ter exigido o registro do voto em papel e tudo de acordo com a lei.
Infelizmente,
sem qualquer justificativa, a arma preferida do grito foi eleita para tratar de
assunto da maior relevância e o resultado é o fiasco que está aí.
A
enorme vantagem disso era que a principal autoridade da República não teria
perdido tanto tempo se passando por incompetente, como terminou acontecendo,
por ter ficado somente criticando e agredindo.
Esse
pífio resultado só mostra a continuidade das incertezas, porquanto a desconfiança
sobre as urnas eletrônicas é imutável realidade, quando poderia ter sido resolvido
o imbróglio com base no trabalho competente, como fazem os verdadeiros
estadistas, que normalmente tomam a melhor iniciativa para solucionar as importantes
questões.
Enfim,
o povo tem o governo que merece, porque sobre fatos, resta somente o que deles
se pode extrair e, no caso das urnas eletrônicas, nada poderia ter sido pior do
que realmente o resultado do desastre da incompetência, com a falta de diálogo
e, principalmente, de medidas apropriadas, eficientes e efetivas.
Brasília,
em 5 de agosto de 2022
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