Vem circulando nas redes sociais mensagem em forma de veemente apelo, do presidente da República, em forma de convocação para o povo ir às ruas, conforme texto a seguir.
“A última manifestação será em
setembro. Eles querem tomar mesmo o poder, como disse Barroso. Depois dessa
manifestação, não haverá outra. Nem se quiséssemos, seríamos impedidos. É uma convocação!!!
Não fique com a família, lute por ela! Não vá fazer compras, lute pelo seu
salário! Não vá a restaurante, lute para você ter comida em casa! Não vá
passear com filhos, lute pelo futuro deles! Não vá passear de carro pela cidade,
vá de carro lutar para continuar tendo um! E finalmente, se você é livre para
fazer o que bem quiser, deixe sua liberdade de final de semana, para lutar com
força pela liberdade de todos nós conservadores, trabalhadores e formadores de
família. Lutemos!!! Lutemos pela vida de verdade. Comunismo é diabólico e
mortal. A história está aí para provar. É a última chance! Seja um brasileiro
de coração. Não faça qualquer compromisso para esse dia.”.
Em
primeiro momento, é muitíssimo importante frisar que o povo não tem influência
nenhuma nas decisões do Supremo Tribunal Federal e muito menos no Congresso
Nacional, porque este é eleito pelo voto e, pela lógica, deveria, ao menos ser
ouvido, quanto às suas reivindicações, mas nem isso.
O
certo mesmo é que essa mobilização somente tem a serventia para pôr o povo na
rua sem nenhum efeito prático, porque o Supremo não está nem aí para os apelos
do povo, conquanto o único beneficiado será o presidente do país, que vai
reforçar as agressões à corte, com o pseudo apoio do povo, aproveitando para
afirmar que ela se faz de mouca, diante do apelo da multidão, quando inexiste
normal legal que obrigue que os poderes da República sejam obrigados a ouvir os
apelos do povo, ou seja, tudo não passa de desperdício de tempo e trapalhadas
circenses.
Fica-se
imaginando o tamanho da monstruosa frustração depois desse movimento, como
aquele acontecido no último 7 de setembro, em que o presidente do país
anunciava, previamente, que faria o que o povo quisesse e a população foi às
ruas, em massa, para ouvi-lo, entre
outras abobrinhas, em forma de juramento que não mais cumpriria decisão
proferida por um ministro do Supremo.
Para
a surpresa geral, no dia seguinte, o presidente do país simplesmente voltou
atrás, colocou a viola no saco e, o pior, se arrependeu de tudo, como verdadeira
ressaca maldita, tendo, ainda, pedido desculpas ao ministro, ligando para ele,
por três vezes, confessando o ter agredido, conforme ficou patente em carta
dirigida à nação, que sequer tiveram cumpridos os seus termos.
Infelizmente,
a história parece se repetir, quando ele igualmente volta a pedir, com insistência,
que o povo vá às ruas, no dia 7 de setembro, certamente para nova decepção,
porque ele não tem coragem para tomar decisão de pulso, como o país precisa
para contornar a grave crise institucional criada justamente por ele, por meio
de críticas e agressões descabidas e injustificáveis, precisamente porque as
questões de Estado são resolvidas pela via institucional, por meio de ações
judiciais, se for o caso, e isso ele nunca fez, certamente para ter o prazer de
se passar por eterno vítima do Supremo.
O
certo é que, por mais que o povo vá às ruas, de nada vai contribuir para
resolver coisíssima alguma, em especial porque tudo só depende do presidente da
República, que se mostra vacilante, uma vez que, do contrário, se ele tivesse
garra no peito, já teria adotado o que fosse necessário, há bastante tempo, sem
essa de ficar se escorando no apoio do povo.
Pobre
povo ingênuo, que não se incomoda de ser seguidamente iludido e ludibriado,
como já aconteceu em outro Carnaval, ou melhor, no 7 de setembro passado, em
que ele foi convencido a comparecer às ruas e depois recebeu uma banana de
resposta e, o pior, sem o merecimento sequer dos devidos esclarecimento sobre o
motivo da mudança de ideia quanto à aplicação do golpe tão ansiado pelo povo,
de punir o Supremo, com medidas exemplares.
O
povo precisa se conscientizar de que não tem nenhuma condição para influenciar
em absolutamente nada, senão no direito ao voto, ex-vi do disposto no parágrafo
único do art. 1º da Constituição, que diz que “Todo poder emana do povo, que
o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.”.
Convém
que o povo, no âmbito da sua responsabilidade cívica e patriótica, tenha a consciência
sobre o que é melhor para o Brasil, não se permitindo ser influenciado por
ideias que estão em dissonância com a realidade brasileira, quanto à
necessidade das mudanças político-administrativos, exclusivamente em defesa do
interesse da sociedade.
Brasília,
em 18 de agosto de 2022
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