quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Consciência cívica?

 

Vem circulando nas redes sociais mensagem em forma de veemente apelo, do presidente da República, em forma de convocação para o povo ir às ruas, conforme texto a seguir. 

“A última manifestação será em setembro. Eles querem tomar mesmo o poder, como disse Barroso. Depois dessa manifestação, não haverá outra. Nem se quiséssemos, seríamos impedidos. É uma convocação!!! Não fique com a família, lute por ela! Não vá fazer compras, lute pelo seu salário! Não vá a restaurante, lute para você ter comida em casa! Não vá passear com filhos, lute pelo futuro deles! Não vá passear de carro pela cidade, vá de carro lutar para continuar tendo um! E finalmente, se você é livre para fazer o que bem quiser, deixe sua liberdade de final de semana, para lutar com força pela liberdade de todos nós conservadores, trabalhadores e formadores de família. Lutemos!!! Lutemos pela vida de verdade. Comunismo é diabólico e mortal. A história está aí para provar. É a última chance! Seja um brasileiro de coração. Não faça qualquer compromisso para esse dia.”.

Em primeiro momento, é muitíssimo importante frisar que o povo não tem influência nenhuma nas decisões do Supremo Tribunal Federal e muito menos no Congresso Nacional, porque este é eleito pelo voto e, pela lógica, deveria, ao menos ser ouvido, quanto às suas reivindicações, mas nem isso.

O certo mesmo é que essa mobilização somente tem a serventia para pôr o povo na rua sem nenhum efeito prático, porque o Supremo não está nem aí para os apelos do povo, conquanto o único beneficiado será o presidente do país, que vai reforçar as agressões à corte, com o pseudo apoio do povo, aproveitando para afirmar que ela se faz de mouca, diante do apelo da multidão, quando inexiste normal legal que obrigue que os poderes da República sejam obrigados a ouvir os apelos do povo, ou seja, tudo não passa de desperdício de tempo e trapalhadas circenses.     

Fica-se imaginando o tamanho da monstruosa frustração depois desse movimento, como aquele acontecido no último 7 de setembro, em que o presidente do país anunciava, previamente, que faria o que o povo quisesse e a população foi às ruas, em massa, para ouvi-lo,  entre outras abobrinhas, em forma de juramento que não mais cumpriria decisão proferida por um ministro do Supremo.

Para a surpresa geral, no dia seguinte, o presidente do país simplesmente voltou atrás, colocou a viola no saco e, o pior, se arrependeu de tudo, como verdadeira ressaca maldita, tendo, ainda, pedido desculpas ao ministro, ligando para ele, por três vezes, confessando o ter agredido, conforme ficou patente em carta dirigida à nação, que sequer tiveram cumpridos os seus termos.

Infelizmente, a história parece se repetir, quando ele igualmente volta a pedir, com insistência, que o povo vá às ruas, no dia 7 de setembro, certamente para nova decepção, porque ele não tem coragem para tomar decisão de pulso, como o país precisa para contornar a grave crise institucional criada justamente por ele, por meio de críticas e agressões descabidas e injustificáveis, precisamente porque as questões de Estado são resolvidas pela via institucional, por meio de ações judiciais, se for o caso, e isso ele nunca fez, certamente para ter o prazer de se passar por eterno vítima do Supremo.

O certo é que, por mais que o povo vá às ruas, de nada vai contribuir para resolver coisíssima alguma, em especial porque tudo só depende do presidente da República, que se mostra vacilante, uma vez que, do contrário, se ele tivesse garra no peito, já teria adotado o que fosse necessário, há bastante tempo, sem essa de ficar se escorando no apoio do povo.

Pobre povo ingênuo, que não se incomoda de ser seguidamente iludido e ludibriado, como já aconteceu em outro Carnaval, ou melhor, no 7 de setembro passado, em que ele foi convencido a comparecer às ruas e depois recebeu uma banana de resposta e, o pior, sem o merecimento sequer dos devidos esclarecimento sobre o motivo da mudança de ideia quanto à aplicação do golpe tão ansiado pelo povo, de punir o Supremo, com medidas exemplares.

O povo precisa se conscientizar de que não tem nenhuma condição para influenciar em absolutamente nada, senão no direito ao voto, ex-vi do disposto no parágrafo único do art. 1º da Constituição, que diz que “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”.

Convém que o povo, no âmbito da sua responsabilidade cívica e patriótica, tenha a consciência sobre o que é melhor para o Brasil, não se permitindo ser influenciado por ideias que estão em dissonância com a realidade brasileira, quanto à necessidade das mudanças político-administrativos, exclusivamente em defesa do interesse da sociedade.      

Brasília, em 18 de agosto de 2022

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