Ao declarar que
só abandona a sua candidatura à Presidência da República se for morto ou tirado
"na covardia", o deputado
federal do PSC-RJ, publicou em suas redes sociais a primeira manifestação de
viva voz sobre reportagens da Folha de
S.Paulo, que relataram o patrimônio dele e dos filhos parlamentares, além
do recebimento de auxílio-moradia mesmo tendo apartamento próprio em Brasília.
Ele disse que "Só em duas situações eu posso não estar,
neste ano, no debate presidencial: se me tirarem na covardia por um processo
qualquer, na covardia, (...) ou se me
matarem. Não tô preocupado com isso. Se me matarem vão ter que me enterrar, vão
arranjar outro Celso Daniel (prefeito petista, assassinado em 2002).".
Em reportagens
publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo,
foi mostrado que o deputado fluminense e seus três filhos parlamentares
multiplicaram o patrimônio na política, tendo hoje 13 imóveis em pontos
valorizados do Rio de Janeiro e de Brasília, com preço de mercado de, pelo
menos, no valor de R$ 15 milhões.
Também foi relatado
que o presidenciável e um dos filhos, que é também deputado federal, recebem
mensalmente R$ 6.167,00 de auxílio-moradia da Câmara dos Deputados, mesmo tendo
apartamento próprio em Brasília.
O
presidenciável respondeu o que ele chama de ataque à sua candidatura, dizendo: "Por exemplo, pegaram meu patrimônio [e
disseram]: 'Óóóó´, ele tem um apartamento
em Brasília e recebe auxílio-moradia'. Tenho sim, apartamento de
aproximadamente 60 metros quadrados (na verdade, 69 metros quadrados). Que que eu posso fazer? Vender o
apartamento, comprar aqui no Rio de Janeiro um outro imóvel e ir morar num
apartamento mansão da Câmara, de 200 metros quadrados, alguns com
hidromassagem, com tudo, com segurança, que eu não vou pagar. Não vou pagar
IPTU, não vou pagar condomínio".
O deputado carioca
estranhou o motivo pelo qual "Estão
implicando em R$ 3.500, R$ 3.600 que eu recebo a título de auxílio-moradia,
como se eu fosse um bandido...”, embora essa verba possa ser recusada pelos
congressistas, a exemplo do que fizeram, em novembro último, 27 dos atuais 513
parlamentares, que abriram mão dela.
O deputado
confirma que o valor atual de seu patrimônio e dos três filhos também parlamentares
é o que realmente foi divulgado pela Folha
de S.Paulo, nestes termos: “Pegue o
patrimônio dos três (quatro, na verdade), se for atualizar o nosso patrimônio, deve ser aproximadamente isso que
eles botaram lá, R$ 13 milhões (ao menos R$ 15 milhões)".
A sociedade
precisa avaliar como se comporta o candidato à Presidência da República, quando
é questionado sobre determinada situação, mesmo que ele esteja certo, mas a
forma que usa não parece a mais adequada, como essa dita por ele, nestes termos,
que falta polimento, para o homem público do mínimo de educação: "A Folha (de S.Paulo) pega e multiplica os anos todos que estamos
em Brasília, soma com meu filho e dá um milhão: 'Ganhou um milhão de auxílio-moradia'.
Ao longo de quantos anos? Eu não sei, de 20 anos? É um crime, é um jornal
canalha, a Folha de S.Paulo é um jornal canalha!".
Ou seja, isso
poderia ter sido explicado com jeito e de forma respeitosa, sem esboçar
agressão, mesmo que o jornal, na opinião dele, seja realmente canalha, porque, não
somente para o político, mas para o ser humano, vale muito mais a forma cortês e
elegante de serem analisados e explicados os fatos.
Na mesma
linha, o deputado carioca disse que "Eu
não vou responder (as perguntas enviadas pela reportagem). Folha de S.Paulo, venha aqui, senta aqui,
senta aqui, traga aqui seus homens,
seus contadores, seus advogados, seus jornalistas e vamos conversar. E eu vou
gravar. As duas últimas vezes que fizeram isso comigo, e não fizeram mais, se
deram mal. Me chamar de corrupto, aí
complica. Dá a entender que eu sou corrupto como uma parte são os
parlamentares, aí complica, aí fica difícil. Isso não é jornalismo, isso é um
trabalho porco da mídia.".
A Folha de S.Paulo esclareceu que a
assessoria do deputado foi procurada, para a marcação de local e hora para nova
entrevista.
No vídeo, o
parlamentar disse ser o único candidato que não irá "compor" para obter governabilidade, porque: "Governabilidade pra eles é ratear o poder
público, ministérios, estatais".
Ele defende
medidas radicais para resolver alguns dos problemas do Brasil, nestes termos: "A gente vai resolver as questões do Brasil e
ponto final (não quis explicar de que maneira). E certas coisas tem que ser com radicalismo. Como você vai combater a
violência, soltando pombinhas? Dizendo que são excluídos da sociedade? 'Ah,
vamos investir em educação'. Sim, tem que investir em educação, mas o reflexo
vai ser daqui a 30 anos no tocante à violência. Nós temos como resolver os
problemas do Brasil, sem salvador da pátria, mas com salvadores, que será a
grande maioria da população brasileira, que pensa como eu.".
Não há a menor
dúvida de que as questões graves e emergentes precisam ser resolvidas com
medidas adequadas e precisas, mas é conveniente que o presidenciável procure
agir com a necessária prudência e com o assentimento do povo que precisa
concordar com as mudanças que a administração do país exige, de modo que as
medidas radicais sejam aplicadas em doses palatáveis, sem exagero e nos limites
da razoabilidade, para que elas não sejam transformadas em medidas próprias dos
regimes de exceção, que não levam em conta os princípios civilizatórios e
humanitários.
As
experiências mostradas pelas nações sérias, civilizadas e desenvolvidas, em
termos políticos e democráticos, ensinam que os homens públicos precisam ser
transparentes e terem a humildade de explicar os fatos com serenidade e acima
de tudo levando em conta o respeito aos sentimentos humanos, porque uma nação
prospera e se constrói com base na harmonia, na união e na força do seu povo.
Não fica bem
para político sério e competente criar clima de inconformismo e de irritação, sempre
que surgir caso envolvendo seu nome, e depois falar somente o que pensa, sem se
ater às consequências de seus atos e muito menos deixando de esclarecer os
fatos, porque isso é o mais importante na vida pública, ou seja, oferecimento
de informações claras e objetivas sobre os acontecimentos, sem querer se passar
por santo, porque os santos são os mártires que já estão no céu.
O caso do
auxílio-moradia vem a calhar, onde, nesse episódio, o parlamentar precisa
apenas ter a humildade de mostrar que o recebe em conformidade com as normas
que regem a matéria, mas, em caso contrário, ele tem o dever de se dignar, se
for o caso, a corrigir o erro, o quanto antes, mediante a restituição dos
valores recebidos indevidamente e deixar de recebê-lo, justamente por se tratar
de algo que possa estar irregular.
Em princípio,
o parlamentar mostra irritação quando é questionado sobre algo que ele apenas
precisa ter a obrigação e a gentileza de explicar, tão somente com serenidade e
educação próprias dos estadistas, mostrando evolução de princípios, que devem
se dignar a prestar contas à sociedade sobre os fatos da vida pública, com o
respeito que ela merece, além de se colocarem à disposição para resolver os
problemas e aceitando, de bom grado e com simpatia, sugestões para melhorar seu
relacionamento com a sociedade, porque o homem público nada mais é do que o
lídimo representante do povo, a quem deve ser fiel na sua vontade de ter o
melhor relacionamento possível com ele.
É muito
difícil para o homem público como o deputado fluminense compreender o real
sentido das colocações apresentadas a ele pela reportagem, que, por mais ácidas
que sejam as indagações, as dúvidas suscitadas, elas têm o objetivo de trazer o
debate para o seio da sociedade, em se tratando de homem púbico, mas, na
opinião dele, ao que transparece, tudo não passa de conspiração que pode até concorrer
para tirá-lo da corrida presidencial, pela via da morte, como infantil e
ingenuamente é insinuado por ele, mostrando completa imaturidade política, em
termos de discussão de assuntos próprios da vida pública, que são discutidos
normalmente nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos sociais,
políticos e democráticos.
Quanto ao seu
patrimônio, basta mostrar, mesmo que isso seja trabalhoso, a legitimidade da
origem e da evolução histórica dele, para que o assunto seja encerrado o quanto
antes possível e melhor, como forma de se evitar que isso seja explorado ad aeternum, o que não é bom para
político que faz questão de primar pela boa imagem do seu nome e repudiar a
ideia de corrupto, que realmente deve ser a pior marca na história política do
homem público, obviamente para quem tem dignidade, vergonha na cara e sabe perfeitamente
o que isso significa, o que, aliás, são princípios raros em muitos políticos
tupiniquins, conforme mostram os fatos.
É aconselhável
que o batalhador capitão que, se realmente pretende ser presidente dos brasileiros,
faça homérico esforço para agir em seus atos sempre depois de calçar as
sandálias da humildade e não ter medo de ser autêntico e verdadeiro, mas sem
truculência, arrogância nem subserviência e muito menos com o rancor de que a
sua verdade é mais verdadeira de todas, inclusive da opinião pública, que
precisa ser respeitada, avaliada e até reverenciada, sobretudo levando-se em
conta que cautela, prudência e caldo de galinha fazem um bem danado, principalmente
aos homens públicos, que têm o dever ínsito de defender o interesse público e
prestar contas sobre seus atos decorrentes das atividades político-administrativas.
Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de janeiro de 2018
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