segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

A revolta do pernil

Os venezuelanos protestaram por terem deixado de receber as cestas do governo contendo pernil e outros alimentos para as ceias de fim de ano, em que pese elas terem sido prometidas pelo presidente ditador.
Na Venezuela, o pernil faz parte da tradição de seu povo nos festejos de Natal e Ano Novo, mas, diante da grave crise econômica e principalmente do desabastecimento generalizado, o alimento se tornou raro nos mercados do país, o que gerou o maior transtorno.
Nas redes sociais, o episódio foi apelidado de “Revolta do pernil“ e os protestos aconteceram nos bairros de Caracas, que precisaram ser monitorados pela Guarda Nacional, que, para variar, aproveitou o ensejo para descer o malho na multidão insatisfeita.
Outras manifestações menores foram registradas nos últimos dias em Caracas e outras cidades pela ausência da carne de porco prometida pelo governo para as festas natalinas, que seria fornecida por meio de sistema de venda adotada pelo governo, a preços subsidiados somente em áreas populares.
No dia 25 de dezembro, a falta de alimentos e a insatisfação geral da população com o regime ditatorial imposto pelo sistema bolivariano causaram ondas de saques em Ciudad Bolivar, no sul do país, o que mostra a intolerância com o insuportável desabastecimento de alimentos e gêneros diversos, inclusive medicamentos.
Quanto ao episódio do pernil, o incompetente e irresponsável presidente do país culpou diretamente Portugal, por não ter conseguido cumprir sua promessa de presentear os venezuelanos com a preciosa carne, sob o argumento de que aquele país teria deixado de entregar os carregamentos comprados.
O ditador afirmou que “Fomos sabotados. Por um país em particular, Portugal. Porque nós compramos todo o pernil que havia na Venezuela, mas precisávamos de comprar fora para preencher todas as necessidades e sabotaram-nos a compra do pernil”.
Ele completou, dizendo que “Perseguiram nossas contas bancárias, perseguiram os dois barcos gigantes que vinham”.
O homem número dois do chavismo e deputado da questionada Assembleia Nacional Constituinte disse em seu programa na emissora de televisão estatal que “os portugueses se comprometeram (a entregar), foram assustados pelos gringos e não enviaram os pernis”.
Não obstante, o ministro de negócios estrangeiros de Portugal respondeu prontamente às acusações do presidente tirano venezuelano, tendo garantido que “O governo português não tem, seguramente, esse poder de sabotar pernil de porco. Nós vivemos numa economia de mercado. As exportações competem às empresas.”.
Segundo o jornal português O Observador, “Uma das empresas contratadas para fornecer os pernis informou em um comunicado que o carregamento de pernil não foi entregue porque a Venezuela não pagou pontualmente entregas feitas em 2016. O comunicado da empresa aponta que a dívida é de 40 milhões de euros (cerca de 158 milhões de reais) e que o embaixador venezuelano em Portugal afirmou que o pagamento será regularizado até março de 2018.”. 
Ou seja, o governo venezuelano, além de caloteiro, falta com a verdade, ao atribuir a falta do pernil na ceia a boicote de Portugal (e não a uma empresa de deste país), quando, na verdade, a culpa é exclusivamente da irresponsabilidade administrativa venezuelana, que, em razão disso, não honrou o compromisso de pagar o pernil comprado e devidamente consumido no ano anterior e por isso o chavismo não teve crédito para importar o precioso produto para o Natal do ano de 2017.
Como não é novidade, a mentira tem pernas curtas e o imbróglio conhecido pela “Revolta do pernil” se encaixa como uma luva nesse adágio, quando o governo tapeador foi prontamente desmoralizado por autoridade de Portugal, ao dizer o que realmente aconteceu e mostrar a versão verdadeira sobre os fatos.
O povo precisa protestar mesmo, com veemência, sobre a incompetência gerencial e a desastrada política de governo, porque a tendência é logo a população não ter mais o que comer, visto que o país não tem dinheiro, não paga os credores e também o que produz é insuficiente para suprir o mercado interno, cujo reflexo deverá ser a generalizada falta de alimentos.
Diante da catástrofe que se alastra naquele país, com a degeneração dos princípios econômicos, os venezuelanos precisam se despertar dessa letargia, morbidez, que permite que o governo minta descaradamente para a população, para encobrir suas incompetência e irresponsabilidade administrativas e tudo fixa por isso mesmo e o pior é que a tendência é o país esbarrar nas profundezas do abismo e não haver mínimas possibilidades de se encontrar mais o caminho de volta, da normalidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 1º de janeiro de 2018

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